Santo Agostinho e São Tomás de Aquino
Santo Agostinho e São Tomás de Aquino Santo Agostinho foram dois reconhecidos filósofos cristãos. Agostinho, viveu
entre os séculos IV e V. Estudou na África e inicialmente foi um intelectual
que tinha orientação religiosa pagã, aderiu ao maniqueísmo e posteriormente sob
grande influência de sua mãe e de diversos autores que lera converteu-se ao
catolicismo sendo considerado como pertencente à patrística.
A patrística, em síntese, é o esforço para se
criar uma filosofia cristã a qual atribui às práticas tradicionais católicas um
arcabouço teórico para que se apresentem como “um conjunto de idéias produzidas
e sistematizadas pela razão em um todo lógico” (PESSANHA, 1980 p.XII). Porém as
primeiras tentativas de se consolidar tal filosofia cristã que tentava
conciliar a fé e a revelação divina com a razão e o raciocínio lógico não
obtiveram grande êxito. Somente até Santo Agostinho, que conseguiu elaborar uma
verdadeira síntese sistematicamente organizada da filosofia cristã baseada num
conhecimento de natureza neoplatônica que adequava o pensamento de Platão as
concepções Católicas.
São Tomás de Aquino,
segundo Maria da Glória de Rosa, é considerado um dos mais famosos filósofos da escolástica,
viveu no século XIII e precocemente recebeu o título de Mestre em Teologia
devido à sua genialidade.
A escolástica é marcada pelas idéias de Santo
Agostinho, além de também procurar uma conciliação entre a fé e a razão, o
catolicismo e a filosofia e ser bastante influenciada pelo pensamento
neoplatônico. Entretanto, aprofunda mais no método dialético e sob São Tomás de
Aquino ela receberá fortes influências aristotélicas a fim de buscar respostas
às novas questões que eram impostas a fé e a razão em meados do século XIII e
que o pensamento agostiniano não conseguia abarcar.
Os dois filósofos convergiram e divergiram em
variados aspectos de seus pensamentos. Ambos se preocuparam em pensar sobre as
essências das “coisas” (Deus, a natureza, o ser humano, a verdade, o
conhecimento, etc.) essas idéias metafísicas procuravam justificar através
da razão a conduta e a moral da tradição cristã. Porém Agostinho acreditava
existir, como Platão, um mundo das idéias que era a perfeição, a verdade e um
mundo real que era a representação imprecisa deste mundo ideal apreendida pelos
sentidos sob diferentes formas. Santo Agostinho defendeu a idéia do mestre
interior em que todo o conhecimento é alcançado dentro do próprio ser e somente
através da iluminação divina pode-se chegar à verdade:
A teoria agostiniana estabelece, assim,
que todo o conhecimento verdadeiro é o resultado de um processo de iluminação
divina, que possibilita ao homem contemplar as idéias, arquétipos externos de
toda a realidade. (PESSANHA, 1980 p.XVI).
Para Agostinho a filosofia era a busca
da felicidade e essa, para ele, era uma” indagação da condição humana em busca
da beatitude” (PESSANHA, 1980 p.XIII). Porém Agostinho não encontrou na
filosofia helênica esta beatitude e sim nas Sagradas Escrituras de Paulo de
Tarso, é daí que surge o seu esforço de unir a razão à fé. A primazia entre fé
e razão, uma sobre a outra não fica clara em Agostinho e existem diversos
debates sobre o assunto, porém convém deixar claro que seu objetivo era o de
conciliar os dois:
A razão relaciona-se, portanto, duplamente com a fé:
precede-a e é sua consequência. É necessário compreender para crer e crer para
compreender. (PESSANHA, 1980 p.XIV).
Já Tomás de Aquino, não acreditava em um
mundo das idéias e sob influência do naturalismo aristotélico defenderá a
existência de um mundo real, material. Esse mundo seria a criação divina – esta
é uma das questões que surge ao seu tempo, a criação. Ele aponta a apreensão do
divino através da verdade da razão que não pode ser negada pela verdade
revelada da fé, ambas precisam ser idênticas, do contrário a fé ou a razão não
foram adequadamente empreendidas. A teologia e a filosofia não
se opõem. Fé e razão estão unidas em um único sentido: a perfeição, ou seja, o
conhecimento de Deus. Para Tomás de Aquino a verdade e o
conhecimento também são alcançados através de um mestre interior, porém, não há
a intervenção de uma luz divina para que se dê o conhecimento, ele já existe
como potencialidade no interior do ser e cabe a este descobri-lo através do
aprendizado, do estudo, da educação religiosa, da pedagogia.
Portanto concluímos que ambos, Santo Agostinho e
São Tomás de Aquino procuraram conformar razão e fé, filosofia e
religião. Também defendiam que a busca do conhecimento dado através de
ambas citadas acima tinha um sentido comum: a verdade divina, o conhecimento da
perfeição, ou seja, o entendimento de Deus. Seus pensamentos se distanciaram
quanto ao processo que se dá esse conhecimento apesar de concordarem em sua
origem no ser interior. Tomás de Aquino sob influência aristotélica defendia
idéias mais “materialistas” enquanto Santo Agostinho sob
influência neoplatônica manteve seus pensamentos mais ligados ao mundo das
idéias.
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