SALVAÇÃO
– A BÍBLIA RESPONDE
247.
COM A EXPULSÃO DE ADÃO E EVA DO PARAÍSO, QUE REPRESENTA O CÉU, ADMITO QUE,
SOMENTE DEPOIS DO CUMPRIMENTO DA PROMESSA OU MORTE DE JESUS, HAVERIA ACESSO À
PRESENÇA DE DEUS. ONDE, PORTANTO, FICARAM AS ALMAS DE ABRAÃO, ISAQUE E OUTROS
QUE MORRERAM ANTES DA VINDA DE CRISTO? E COMO SE EXPLICA O ARREBATAMENTO DE
ENOQUE E ELIAS, SE A SALVAÇÃO ESTAVA CONDICIONADA À MORTE DE CRISTO?
Temos
de enfrentar alguns fatores que nos são contrários.
O
primeiro deles é o tempo. A Bíblia fala da morte de Cristo como tendo
acontecido “antes que o mundo existisse”. Temos fartas referências ao
acontecimento consumado no Calvário (Ap 13.8):
“E
adorá-lo-ão todos os que habitam sobre a terra, aqueles cujos nomes não foram
escritos no livro da vida do Cordeiro que foi morto, desde a fundação do mundo.”
Será
válido, portanto, recuarmos ao tempo antes do tempo.
Pv 8
descreve algo do que aconteceu na eternidade. As palavras são vívidas, ainda
que a tradução quase impossível. Sintamos algo de tamanha beleza, conforme a
Bíblia Viva:
Pv
8.22-31:
“O
Senhor me possuía no início de sua obra, antes de suas obras mais antigas.
Desde a eternidade fui estabelecido, desde o princípio, antes do começo da
terra. Antes de haver abismo, eu nasci, e antes ainda de haver fontes
carregadas de águas. Antes que os montes fossem firmados, antes de haver
outeiros, eu nasci. Ainda ele não tinha feito a terra, nem as amplidões, nem se
quer o princípio do pó do mundo. Quando Ele preparava os céus, aí estava eu:
quando traçava o horizonte sobre a face do abismo; Quando firmava as nuvens de
cima, quando estabelecia as fontes do abismo; Quando fixava o mar o seu termo,
para que as águas não transpassassem da terra, então eu estava com Ele e era
seu arquiteto, dia após dia era as suas delícias, folgando perante ele em todo
o tempo; Regozijando-me no seu mundo habitável, e achando as minhas delícias
com os filhos dos homens”.
Encanta-me
de modo especial a linguagem do verso 31: “e eu tinha grande prazer no belo
mundo que tinha sido criado e nas pessoas que moravam nele”. Coloquemos estas
palavras lado a lado com a declaração de Paulo em Ef 1.4: “muito antes de criar
o mundo, Deus nos escolheu para lhe pertencermos, por meio do que Cristo faria
por nós” (Bíblia Viva).
Teve
razão, sem dúvida, o autor do hino 20 quando escreveu:
“Amas-me
Senhor, não tendo luz ainda. Surgido lá nos céus, ao mundo criador; Nem mesmo o
sol na aurora esplendorosa e linda, à terra dava força fecundante e linda.”
Na
minha classe do Seminário “Teologia da Oração”, deleito-me ao lado dos alunos
no exame minucioso desta existência gloriosa de Cristo e da alegria que Ele
desfrutava ao lado de Deus, nas palavras que proferiu: “a glória que tínhamos
juntos antes do princípio do mundo” (Jo 17.5). O salmista não ficou fora do registro
de outro capítulo na ocasião daquela glória de antes do tempo e antes que
houvesse noção de espaço:
Sl
40.6-8:
“Sacrifício
e ofertas não quiseste; abriste os meus ouvidos; holocaustos e ofertas pelos
pecados, não os requeres. Então
eu disse: Eis aqui estou, no rolo do livro está escrito a meu respeito; Agrada-me
fazer a tua vontade, ó Deus meu; dentro em meu coração está a tua lei.”
O
mesmo texto aparece em Hb 10.5-10. A diferença é mínima. O autor de Hebreus
inclui e repete a palavra “corpo”. Sua referência clara é que no diálogo do
poeta de Israel estava a história da discussão da Redenção, antes que o homem
existisse.
Lembremos
que o pecado existia ao tempo da criação de Adão. O profeta Ezequiel provê
material interessante neste tema:
“Tu
eras querubim da guarda, ungido, e te estabeleci; permanecias no monte santo de
Deus no brilho das pedras andavas. Perfeito eras nos teus caminhos, desde o dia
em que foste criado, até que se achou iniquidade em ti... elevou-se o teu
coração... correspondeste a tua Sabedoria; lancei-te por terra, diante dos reis
te pus, para que te contemplem” (Ez 28.14-15,17).
Isaías
representa-nos outro ângulo da tragédia, evocando a figura conhecida de
Lúcifer, anjo de luz: “Como fostes lançado por terra, tu que debilitava as
nações!
Tu
dizias no teu coração: Eu subirei ao céu; acima das estrelas de Deus exaltarei
o meu trono, e no monte da congregação me assentarei, nas extremidades do
norte; Subirei acima das mais altas nuvens, e serei semelhante ao Altíssimo.
Contudo
serás precipitado para o reino dos mortos, no mais profundo abismo” (Is
14.12-15).
Adão
criado perfeito, num mundo onde estava o expulso lúcifer, inimigo do Senhor.
Este fato é sentido por detrás do diálogo do Sl 40, quando o Filho se oferece
para realizar pela sua encarnação e morte o mais lindo de todos os dramas
jamais vividos; a conquista da nossa salvação.
O
plano da salvação por maio de Cristo, no derramamento do sangue pelos nossos
pecados, vai além de tudo quanto se pode imaginar, por mais fértil que seja o
raciocínio, os pensamentos e os exercícios de nossa inteligência.
A
MARAVILHOSA TRAJETÓRIA DA FÉ
Deus
plantou a semente da fé no coração do crente. A iniciativa foi de Deus. A
salvação provém de Deus. Enoque possuiu essa fé. E foi tão adiantado o seu conhecimento
a respeito daquilo que Deus reservara para o crente, que, antes de ter sido
arrebatado, Enoque chegou a conhecer a plenitude de graça do retorno do Senhor
Jesus, na gloriosa parousia... Verdade, Enoque viu além da cruz e ressurreição.
Seus olhos adentraram para conquista gloriosa, no retorno do Senhor.
“Enoque,
que viveu há muito tempo, e pouco depois de Adão, sabia a respeito desses
homens, e sobre eles disse o seguinte: - Eis que o Senhor virá acompanhado de
milhões dos seus santos. Ele trará a
juízo diante dEle todas as pessoas do mundo para receberem o justo castigo e
provará as coisas terríveis que fizeram em rebelião contra Deus e revelará tudo
quanto eles disserem contra Ele” (Jd 14, 15).
Entendemos,
portanto, que Enoque aceitou o sacrifício de Cristo e “viu o invisível”, na
linguagem de Hebreus. Certamente Elias partilhou de igual experiência.
MORTOS
SOBEM HÁ PRESENÇA DE DEUS
“Deus
não é de mortos, mas de vivos”, declarou Jesus.
A
doutrina da morte que leva o homem a dormir não é bíblica.
“Hoje
mesmo estarás no paraíso comigo”, é doutrina santa.
Mortos
sobem a presença de Deus, até o dia da redenção, quando terão seus corpos
transformados, corpos espirituais, ainda que marcados por uma identidade
inextinguível.
Releia
tudo que foi dito acima, procure ler bem os textos e verá que Paulo teve razão
em escrever esta poesia e teologia:
“Nem
olhos viram, nem ouvido ouviram, nem
jamais penetrou no coração humano, o que
Deus tem preparado para aqueles que o amam” (1Co 2.9).
POR DAVID GOMES
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