Google+ O MEU POVO PERECE POR FALTA DE CONHECIMENTO.: ESTUDO PARA IGREJA *Carta a Filemom

sábado, 24 de maio de 2014

ESTUDO PARA IGREJA *Carta a Filemom

*Carta a Filemom

 

                                                                  INTRODUÇÃO 

A carta a Filemom é a mais breve das cartas de Paulo e está mais proximamente ligada às cartas particulares e pessoais comuns da época do que a outras dirigidas por Paulo a igrejas ou a grupos de igrejas. Isso não significa, no entanto, que é simplesmente um item de correspondência privada. Assim como as cartas mais longas do apóstolo, ela é um meio de trabalho missionário da igreja primitiva e um substituto da presença pessoal de Paulo. 

OCASIÃO

A carta é dirigida a Filemom que é descrito por Paulo como "amado [...] também nosso colaborador" (1). Outros mencionados na saudação são Áfia, que provavelmente era a esposa de Filemom, Arquipo, "companheiro de lutas" de Paulo (e possivelmente filho de Filemom e Áfia) e a comunidade da igreja (ekklesia) que se reunia na casa de Filemom (2). 

A ocasião da carta a Filemom pode ser deduzida do seu conteúdo, embora nem todos os detalhes estejam claros. Um escravo chamado Onésimo tinha prejudicado o seu proprietário, Filemom, um cristão que morava perto de Colossos (v. 1,2; Cl 4.9,17). Não se sabe exatamente qual foi a ofensa de Onésimo, mas geralmente se conclui com base no V.18 que ele roubou dinheiro do seu senhor e depois fugiu. É possível, no entanto, que as palavras: "se algum dano te fez ou se te deve alguma coisa" simplesmente indiquem que Onésimo tinha sido enviado para cumprir uma missão e tinha ficado longe além do tempo permitido. 

No mundo romano dos dias de Paulo os escravos às vezes fugiam do seu senhor. Eles se associavam a bandos de ladrões, tentavam desaparecer na subcultura das grandes cidades, tentavam fugir para lugares distantes para serem absorvidos na força de trabalho ou buscavam refúgio em algum templo. Onésimo entrou em contato com Paulo, talvez como companheiro de cela, que se interessou por ele e isso levou à conversão de Onésimo (10). O apóstolo realmente passou a gostar dele (v.12) e se beneficiou do seu serviço (11,13). Ele sinceramente queria que Onésimo ficasse com ele para que tomasse o lugar de Filemom a seu lado no serviço do evangelho.  No entanto, ele não tinha direito algum de segurar Onésimo do seu lado. Isso não somente teria sido ilegal segundo as leis romanas, como também teria causado uma ruptura de comunhão cristã entre ele e Filemom. 

Assim Paulo enviou Onésimo de volta ao seu senhor Filemom, e enviou também uma carta. Com linguagem amável e palavras cuidadosamente escolhidas, Paulo pediu que Filemom recebesse o seu escravo como se estivesse recebendo o próprio Paulo (17), isto é, um "irmão caríssimo" (16). Ele não queria que a reconciliação entre senhor e escravo caísse por terra em virtude de alguma exigência de compensação, assim pediu que qualquer dívida em aberto devido às ações de Onésimo fosse colocada na conta dele, Paulo. Afinal, Filemom não devia a sua própria vida a Paulo, visto que este era responsável pela sua conversão (19)? A decisão pertencia completamente a Filemom, assim Paulo se negou a ordenar ou coagi-lo de qualquer forma (14). O apóstolo estava certo de que o seu amigo agiria de forma adequadamente cristã e cria que faria mais do que ele pedisse (21). Essas palavras são atordoantes, mas ao lermos nas entrelinhas concluímos que o "mais" de que Paulo fala é a disposição de Filemom de devolver Onésimo a Paulo para o serviço do evangelho (21). 

Uma interpretação alternativa é a de S.C. Winter (NTS,33 [1987], p. 1-15), que sugere que a carta foi escrita à igreja em Colossos, não a um indivíduo, e que Onésimo estava na prisão com Paulo porque ele fora enviado por Arquipo em nome da igreja. Paulo pediu que Onésimo fosse alforriado (sua liberdade fosse comprada) e liberto das suas obrigações em Colossos para poder permanecer com Paulo na obra do ministério (Winter). Mas há dificuldades consideráveis com essa interpretação com relação à suposta natureza pública da carta, às circunstâncias da sua composição e à natureza do pedido de Paulo. 

AUTORIA, LUGAR E DATA

 A autoria de Paulo raramente foi questionada no passado. A carta evidentemente exala o genuíno apóstolo no seu tratamento carinhoso de uma difícil situação pessoal e social. 

   A carta foi enviada do mesmo lugar que a carta a Colossos, e entre as três possibilidades - Roma, Cesareia ou Éfeso - a tendência provavelmente é para a primeira opção. A datação mais provável das duas cartas é logo no início do (primeiro) encarceramento de Paulo em Roma, 60-61 d.C. 

 O NOVO TESTAMENTO E A ESCRAVIDÃO 

  Nenhum autor do NT comenta sobre as origens da escravidão. Além disso, não há nenhum apoio teológico para a escravidão, nem a justificação para que seres humanos sejam proprietários de outros seres humanos no NT, embora haja evidência direta que mostra que alguns cristãos eram escravos e outros, proprietários de escravos. Ainda, nenhum programa revolucionário foi sugerido por Paulo ou outros para lidar com os males da escravidão ou para a abolição total. Em vez disso, o foco está nos relacionamentos pessoais transformadores dentro do sistema. 

   Em 1 Coríntios 7.21-24, Paulo menciona, não a questão mais ampla da escravidão, mas a possibilidade de alforria de escravos cristãos. Embora muitos afirmem que Paulo estava incentivando escravos cristãos a buscar a sua liberdade, é mais provável que ele estivesse encorajando-os a viver segundo a sua nova posição em cristo (o "chamado") que é mais fundamental que qualquer mudança social, legal ou outra qualquer.

   A carta a Filemom, como o restante do NT, não trata especificamente da questão mais ampla da escravidão. Antes, nos V.16,17, Paulo trata da questão do amor fraternal no corpo de Cristo. O relacionamento de escravo e seu senhor, dentro das estruturas existentes, deve ser conduzido à luz de pertencerem ao mesmo Senhor. Esse relacionamento foi agora superado. A liberdade terrena de Onésimo pode ser justamente desejada e valorizada; mas o que é de importância suprema é que ele aceitou o chamado de Deus e o seguiu (V. 16 e 1 Co 7.21-24), independentemente de ele ser escravo ou não. A carta a Filemom opera no âmbito dos relacionamentos pessoais em que a instituição da escravidão estava fadada a definhar e morrer. 

ESBOÇO

1-3 Saudação de Paulo 
4-7 Ações de graças e intercessão por Filemom
8-20 O apelo de Paulo por Onésimo
21-25 Observações finais e saudações 

ESCRAVIDÃO NO MUNDO GRECO - ROMANO 

FILEMOM - A escravidão era praticada em todo o mundo greco - romano, e havia diversas categorias de escravos:

* O hilota era o cidadão de uma cidade permanentemente subordinada a outro Estado. Um exemplo famoso é Messênia, cidade - Estado grega subjugada por Esparta e reduzida ao status de camponesa e forçada a satisfazer as necessidades da cultura militar de Esparta. O povo de Gibeom é um exemplo análogo na história israelita: eles tinham de trabalhar para o santuário (Js 9). 

* O servo contratado era reduzido à escravidão por conta de débitos, mas obtinha perdão depois de quitar a dívida com trabalho.

* O escravo pessoal era praticamente propriedade de seu senhor. 

 Muitos povos eram submetidos à escravidão por vários meios e razões. Como já foi dito, dívidas não saldadas poderiam levar a essa condição. Muita gente era escravizada quando havia uma conquista. O exército vitorioso podia vender os prisioneiros de guerra como escravos, e essas almas miseráveis normalmente jamais voltavam a ver sua terra natal. Os escravagistas costumavam simplesmente raptar as pessoas, levá-las para longe e vendê-las. Essa era uma prática dos antigos piratas, e o governo romano de tempos em tempos tentava limpar os mares dos temíveis navios. Além disso, os filhos da escrava já nasciam na escravidão, não importando o status do pai. A escravidão não era baseada em raça, apesar de se preferir não escravizar alguém do próprio grupo étnico (os gregos escravizavam os não gregos, a quem consideravam "bárbaros").

O grau de sofrimento relacionado à escravidão também variava consideravelmente. Sem dúvida, a pior sorte caía sobre os que trabalhavam nas minas e, com intensidade similar, nas indústrias. Um pouco melhor era a situação dos camponeses, e os escravos domésticos experimentavam uma vida mais sossegada. A função mais desejada para um escravo era a de professor, escriba ou auxiliar de escritório, ainda assim as condições poderiam ser as piores se o senhor fosse cruel. Os escravos não eram considerados pessoas, por isso não tinham direito algum, nem mesmo à intimidade ou ao controle sobre a própria vida sexual. Não é de se surpreender que um grande número de escravos fugisse, principalmente quando não havia esperança de conseguir a liberdade. A fuga do escravo de Filemom, Onésimo, não era uma ocorrência rara. As rebeliões também não eram incomuns, e o exemplo mais espetacular é o da revolta dos escravos liderada por Espártaco, em 73 d.C. A resistência passiva (trabalhar com lentidão) era o tipo de rebelião mais comum. 

O NT não condena a escravidão total nem exige que os senhores cristãos emancipem seus escravos. No entanto, a pressão de Paulo sobre Filemom para que este libertasse Onésimo foi exemplar, e o apóstolo, em outro momento, incentiva os escravos cristãos a obter, se possível, a alforria (1 Co 7.21). Paulo questiona a base da escravidão - a ideia de que não eram seres humanos - quando declara que em Cristo não há distinção entre escravo e livre (Gl 3.28). 

Fonte de pesquisas

Bíblia de Estudo Arqueológica 
Comentário Bíblico Vida Nova 

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