Google+ O MEU POVO PERECE POR FALTA DE CONHECIMENTO.: maio 2015

domingo, 24 de maio de 2015

MADEIRA DE ACÁCIA COBERTA DE OURO – UMA FIGURA DA PLENA HUMANIDADE E DA PLENA DIVINDADE DE JESUS

MADEIRA DE ACÁCIA COBERTA DE OURO – UMA FIGURA DA PLENA HUMANIDADE E DA PLENA DIVINDADE DE JESUS

A afirmativa de que Jesus é 100% Deus e 100% Homem é tão verdadeira ou coerente com a Palavra de Deus, que ela está muito bem figurada na analogia apresentada na construção do Tabernáculo, onde para construção da Arca, da Mesa dos Pães da Proposição, do Altar do Incenso, Deus ordenou que fosse utilizado madeira de acácia coberta de ouro puro, sendo que a madeira de acácia, pode ser vista como uma figura da Humanidade de Jesus, enquanto que o ouro, pode ser visto como uma figura da Divindade de Jesus (ver Ex 25.10,11, 23,24; 30.1-3). A analogia é perfeita e muito bem delineada pelo nosso Deus, pois nota-se ali a união (e não a mistura) entre o ouro e a madeira, exatamente o que a Bíblia nos mostra acerca da Pessoa de Jesus, ou seja, a natureza divina e a natureza humana unidas em Sua Única Pessoa.

De forma perfeita podemos perceber o cuidado do nosso Deus na figura apresentada, pois através do conhecimento da química, é certo afirmar que a natureza da madeira em nada é enfraquecida ou modificada pela presença do ouro, assim como a natureza do ouro em nada é enfraquecida ou modificada pela presença da madeira. Em outras palavras, isto significa dizer que na união apresentada (madeira de acácia coberta de ouro formando uma única peça), o ouro é substancialmente e essencialmente mantido intacto, ou seja, nenhuma alteração acontecerá apesar da presença da madeira, e assim o ouro continuará sendo ouro; e da mesma maneira, a madeira é substancialmente e essencialmente mantida intacta, ou seja, nenhuma alteração acontecerá apesar da presença do ouro, e assim a madeira continuará sendo madeira.

Ora, se as páginas das Sagradas Escrituras, divinamente inspirada pelo Espírito Santo nos apresenta tal analogia de forma tão decisiva, com certeza, nós podemos afirmar que na encarnação do Filho de Deus, onde a natureza divina se uniu a natureza humana, a natureza divina, substancialmente e essencialmente, em nada foi alterada pela presença da natureza humana, assim como a natureza humana, substancialmente e essencialmente, conforme foi criada por Deus, ou seja, sem o germe do pecado, em nada foi alterada pela presença da natureza divina, e sendo assim pode-se afirmar, que Jesus, como Homem, é igual a Adão, antes do pecado.

Mas será que estaríamos nós, quando dizemos que Jesus, como Homem, é igual a Adão antes do pecado, desmembrando a natureza humana de Jesus da sua natureza divina? Não, de maneira nenhuma, a natureza Divina/Humana de Jesus é inseparável, elas estão unidas em Sua Pessoa, porém pela analogia apresentada, nós podemos afirmar que ao dizer-se que Jesus, como Homem, é igual a Adão antes do pecado, nós estamos apenas fazendo uma caracterização da natureza humana de Jesus, atestando assim o fato de que Jesus é Verdadeiramente Homem, assim como Ele é Verdadeiramente Deus, ou, de forma equivalente 100% Homem e 100% Deus.

Voltemos então a analogia da madeira de acácia coberta de ouro formando uma única peça. É claro que estando o ouro cobrindo toda a madeira, se nós olharmos esta peça a partir do exterior, nós veremos o ouro, e vendo-o, nós distinguiremos que é ouro, e não teremos dificuldade nenhuma em expressar algumas características da peça baseada na presença do ouro. Então nós diríamos, por exemplo, a peça é constituída de metal, ela é brilhante, é pura, é amarela, é resistente à corrosão etc... Observemos bem, não foi necessário desmembrar o ouro da madeira para distinguirmos o ouro na peça e expressar com isto as qualificações da peça baseado nas características do ouro.

Supondo agora que nós resolvamos investigar esta peça a partir do seu mais profundo interior. Seria necessário então nós percorrermos a peça desde o seu exterior até ao seu interior, e se assim nós fizéssemos, nós veríamos a peça a partir do seu interior. Nós veríamos então a madeira, e não haveria dificuldade nenhuma de nós a identificarmos, pois madeira e ouro são materiais nitidamente distintos, ou seja, suas naturezas são completamente distintas. Observemos bem, não seria necessário separar a madeira do ouro para distinguirmos a presença da madeira na peça, e assim, a partir desta visão, do interior para o exterior, nós poderíamos expressar as qualificações da peça baseado nas características da madeira. Então nós diríamos, a peça é constituída de material orgânico, ela é lenhosa, ela não é brilhante, ela tem uma cor amarronzada etc...

Ora, tudo isto é extremamente instrutivo para nós, pois é exatamente isto que nós fazemos quando distinguimos a natureza divina de Jesus da sua natureza humana, nós apenas estamos identificando e caracterizando-as e para isto não é necessário a separação ou o desmembramento da natureza Humana/Divina de Jesus uma da outra. A distinção, no caso em questão, nada mais é do que o reconhecimento daquilo que é, e, portanto, a partir dela, nós podemos dizer frases tais como: Jesus, como Deus é imortal, pois Deus não morre, no entanto, como Homem, Ele morreu na cruz do calvário, no lugar de cada pecador. Vejamos outros exemplos de frases que podem ser elaboradas a partir da distinção das duas naturezas de Jesus (lembrando sempre que o termo distinção, no caso em questão, não equivale a separação, mas sim a uma identificação ou caracterização daquilo que é):

·   Como Deus, Jesus afirmou: “Eu e o Pai somos um” (Jo 10.30); como Homem, Jesus disse: “O Pai é maior do que Eu” (Jo 14.28).

·   Como Deus, Jesus é eterno (ver Is 9.6; Mq 5.2), como Homem, Ele foi gerado no ventre de Maria (ver Lc 1.31).

·   Como Deus, Jesus é maior do que os anjos (ver Hb 1.5-8), como Homem, Ele foi feito menor do que os anjos (ver Hb 2.7,9).

·   Como Deus, Jesus é o Todo Poderoso (ver Mc 4.41), como Homem, tendo vencido o pecado, a tentação, o diabo, o mundo, obtendo assim completa vitória em sua obediência ao Pai Celestial até a morte, e morte de cruz, Ele pode dizer: “É me dado todo o poder no céu e na terra...” (Mt 28.18).

·   Como Deus, Jesus jamais poderia ser tentado (ver Tg 1.13), como Homem, Ele foi tentado e resistiu à tentação num grau de resistência maior do que qualquer homem, o que de maneira nenhuma foi fácil, caso contrário, Ele não teria chegado a suar gotas de sangue (ver Lc 22.44).

·   Como Deus, Jesus não precisaria ser consolado, como Homem, Ele foi consolado no jardim do Getsêmani, para desta forma, suportar a tentação e assim cumprir o caminho que lhe estava proposto (ver Lc 22.43).

·   Como Deus, Jesus não precisaria obedecer (ver Jo 1.3), como Homem, Ele teve que aprender a obediência (ver Hb 5.8).

·   Como Deus, Jesus não precisaria orar ao Pai Celestial, como Homem, Ele orou, escolheu fazer a vontade do Pai Celestial, e a ela se sujeitou em perfeita obediência (ver Lc 22.42; Hb 5.7).

·   Como Deus, Jesus não precisaria ser ungido pelo Espírito Santo, como Homem, Ele foi ungido pelo Espírito Santo para assim cumprir seu ministério (ver Lc 4.18).

·   Como Deus, Jesus é substancialmente e essencialmente igual ao Pai Celestial (ver Jo 1.1-3), como Homem, Jesus é substancialmente e essencialmente igual a Adão, antes do pecado, ou substancialmente e essencialmente semelhante a nós (ver Jo 1.14; Rm 8.3; Fp 2.7; Hb 2.14,17), claro, neste caso, sendo usado o termo “semelhante” no sentido de preservar o fato de que em Jesus não havia pecado (ver 1 Jo 3.5), e de que Ele nunca pecou (ver 1 Pe 1.22), enquanto que, cada um de nós, a partir da queda, trazemos em nós o “germe do pecado” (ver Rm 3.23; 5.12,19, 1 Jo 1.8).

Ora, se esta última afirmação onde é feito a identificação da humanidade de Jesus à humanidade de Adão antes do pecado, ou à nossa humanidade (neste caso, porém preservando o fato de que Jesus não pecou e de que nEle não havia pecado) não pode ser feita, então nenhuma das anteriores pode ser feita, porém em todas elas é necessário fazer-se a distinção das duas naturezas para que os fatos possam ser compreendidos.

Outro ponto importante de ser esclarecido é o de que se nós não pudermos fazer a distinção entre as duas naturezas de Jesus, então nós estaremos correndo o risco de tratar a encarnação do Filho de Deus não como uma união entre a natureza divina e humana, mas sim, como uma mistura (uma falsa doutrina que já foi inclusive propagada por um homem chamado Witness Lee, fundador de uma seita). Porque isto seria um risco? Porque a união permite a distinção das duas naturezas de forma clara, plena e natural, a mistura, porém não permitiria esta plena distinção em todos os seus aspectos, e aí sim, seria necessário o desmembramento da natureza Divina/Humana de Jesus para que estas fossem plenamente identificadas.

Bem, a analogia nos permitiria traçar ainda outros paralelos. A partir do conhecimento da química da madeira poderíamos traçar, por exemplo, um paralelo com alguns fatores intrínsecos da natureza humana, mas penso que o que foi apresentado já nos permite ampliar o nosso entendimento, claro, somente até onde nossa limitação humana nos permite ir. Posso dizer ainda, para finalizar, que ao reler a declaração de fé do Concílio de Calcedónia (451 d.C), me maravilhei de ver que tudo isto que foi acima expresso, já estava, de certa forma, expresso nas linhas do que foi deixado para nós escrito, conforme pode-se verificar no presente texto abaixo:

“Fiéis aos santos pais, todos nós, perfeitamente unânimes, ensinamos que se deve confessar um só e mesmo Filho, nosso Senhor Jesus Cristo, perfeito na divindade, perfeito na humanidade, verdadeiro Deus e verdadeiro Homem; (...) consubstancial ao Pai, segundo a divindade, e consubstancial a nós, segundo a humanidade; em todas as coisas semelhante a nós, excetuando o pecado; (...) em duas naturezas inconfundíveis e imutáveis, indivisíveis e inseparáveis; a distinção das naturezas de modo algum é anulada pela união, mas, pelo contrário, as propriedades de cada natureza permanecem intactas, concorrendo para formar uma só pessoa e subsistência; não dividido ou separado em duas pessoas, mas um só e mesmo Filho Unigênito, Deus Verbo, Jesus Cristo Senhor...”.

Tudo isto nos mostra que de forma grandiosa o nosso Deus, através do Espírito Santo e da sua Palavra, guiou a mente destes homens para que assim eles pudessem expressar a natureza Divina/Humana de Jesus de forma tão clara e tão harmoniosa com aquilo que a Palavra nos revela. Bendito seja para sempre o nome do Senhor nosso Deus, eternamente existente nas Pessoas do Pai, e do Filho e do Espírito Santo. Amém.

                                                                                 Magda Narciso Leite

sexta-feira, 22 de maio de 2015

Pedro e João eram analfabetos?

Pedro e João eram analfabetos?

ARGUMENTO: "Alguns discípulos de Jesus eram analfabetos e por isso não podem ter escrito os livros que a eles são atribuídos"

Os neo-ateus que fazem essa afirmação se baseiam em Atos 4:13:

"Então eles, vendo a ousadia de Pedro e João, e informados de que eram homens sem letras e indoutos, maravilharam-se e reconheceram que eles haviam estado com Jesus".
Atos dos Apóstolos 4:13

A palavra grega traduzida como "sem letras" ou "iletrados" nesse versículo foi  "άγράμματοί". Ao usar essa palavra, Lucas, o autor de Atos não está afirmando que Pedro e João eram analfabetos, mas que eles eram homens "comuns", "humildes", "sem muita instrução". Eles não eram eruditos ou doutores da Lei, mas homens do povo.

Ben Whiterington III é um acadêmico norte-americano e autor de mais de 30 livros de investigações sobre o Jesus histórico. É também professor no Seminário Teológico de Asbury, nos Estados Unidos e no programa de doutoramento na Universidade de St Andrews, na Escócia. Segundo ele, o melhor significado para o termo [άγράμματοί] seria algo como "não treinado na lei judaica". Pedro e João estavam sendo acusados de não terem recebido instrução de rabinos e, portanto, não tinham o direito de citar as Escrituras Hebraicas, como eles estavam citando e interpretando (he Acts of Apostles: A Socio-Rhetorical Commentary (Grand Rapids, MI: Eerdmans, 1988), p. 195-197).

Russell N. Champlin, Ph.D em línguas clássicas e bacharel em literatura bíblica parece concordar com Ben Whiterington III:

“A referência especial [...] sem dúvida diz respeito a cultura rabínica, e não a educação elementar dos apóstolos. Pedro não exibia o refinamento de linguagem que um rabino culto geralmente empregava.  [...] Não haviam os apóstolos sido criados aos pés dos doutos, em qualquer das escolas e universidades dos judeus”. (Russell N. Champlin, Ph.D - Novo Testamento, Interpretado Versículo por Versículo). 

Ao contrário do que muita gente pensa, dificilmente existiria um analfabeto entre os judeus daquela época, pois nas sinagogas existiam também escolas, onde os jovens eram instruídos no ensino da Torá.  Aos 13 anos de idade os meninos já estavam aptos a fazer o rito de iniciação chamado Bar Mitzvah. Durante esse rito o menino lia e interpretava uma passagem das Escrituras diante da comunidade.

“Os judeus do primeiro século eram um povo inteligente, com forte senso de apreciação da cultura. [...] Na época do Novo Testamento, muitas famílias possuíam exemplares do Torá, e os pais ensinavam regularmente a seus filhos.[...] A maioria do povo sabia ler não apenas em, sua língua nativa, mas também em grego e latim. [...] Nos dias de Cristo, a escola já era coisa comum, e que o povo não era apenas alfabetizado, mas realizava estudos avançados em filosofia, línguas, matemática e outras disciplinas. [...] Para avaliação da aprendizagem, os alunos tinham que recitar longas passagens das Escrituras com perfeição. É por isso que tanto Jesus quanto outros conheciam tão bem as Escrituras. [...] Embora as Escrituras fossem a base da educação de um israelita, não era absolutamente a única disciplina. Eles estudavam também literatura, escrita, música, matemática, engenharia, direito.”(Coleman, Manual dos Tempos e Costumes Bíblicos, Ed. Betânia).
  
Pedro

Que Pedro era um homem rude e humilde, todo leitor da bíblia sabe. Mas nem por isso podemos dizer que ele era analfabeto. Pedro se identifica como autor de dois livros do Novo Testamento (1Pedro e 2Pedro). O primeiro livro foi escrito com a ajuda de um escriba chamado Silvano (1Pedro 5:12), mas o segundo livro parece ter sido escrito de próprio punho, onde Pedro empregou seu próprio grego galileu singelo.

João

A autoria do livro de Apocalipse é sem dúvida de João. Ele mesmo se identifica algumas vezes como autor. Veja o que Jesus disse a ele:

"Eu, João, que também sou vosso irmão, e companheiro na aflição, e no reino, e paciência de Jesus Cristo, estava na ilha chamada Patmos, por causa da palavra de Deus, e pelo testemunho de Jesus Cristo.
Eu fui arrebatado no Espírito no dia do Senhor, e ouvi detrás de mim uma grande voz, como de trombeta,
Que dizia: Eu sou o Alfa e o Ômega, o primeiro e o derradeiro; e o que vês, escreve-o num livro, e envia-o às sete igrejas que estão na Ásia: a Éfeso, e a Esmirna, e a Pérgamo, e a Tiatira, e a Sardes, e a Filadélfia, e a Laodicéia."
Apocalipse 1:9-11

É óbvio que Jesus não iria mandar João escrever sobre suas visões se o mesmo fosse analfabeto!

O mesmo se aplica a Jesus. Veja, por exemplo, o que os judeus disseram a respeito dele:

"Os judeus ficaram admirados e perguntaram: "Como foi que este homem adquiriu tanta instrução, sem ter estudado?"
João 7:15

Esse é um caso muito parecido com o dos apóstolos. Jesus falava sobre as Escrituras com uma eloquência e conhecimento incomum para uma pessoa do povo. Por essa razão os judeus se admiravam. A expressão "sem ter estudado" significa que Jesus era analfabeto? De forma alguma! Jesus sabia ler:

"E, chegando a Nazaré, onde fora criado, entrou num dia de sábado, segundo o seu costume, na sinagoga, e levantou-se para ler".  (Lucas 4:16)

E escrever:

E, tornando a inclinar-se, escrevia na terra". (João 8: 7 - 8).

O mesmo se aplica aos discípulos. Eles não tinham o mesmo nível de instrução de um rabino, por exemplo, mas nem por isso eram analfabetos.

sexta-feira, 15 de maio de 2015

O que significa dizer que o homem é feito à imagem e semelhança de Deus (Gênesis 1:26-27)?

O que significa dizer que o homem é feito à imagem e semelhança de Deus (Gênesis 1:26-27)?


Pergunta: "O que significa dizer que o homem é feito à imagem e semelhança de Deus (Gênesis 1:26-27)?"

Resposta:
No último dia da criação, disse Deus: “ Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança” (Gênesis 1:26). Então, Ele terminou Seu trabalho com um “toque pessoal”. Deus formou o homem do pó e deu a ele vida, compartilhando de Seu próprio fôlego (Gênesis 2:7). Desta forma, o homem é único dentre toda a criação de Deus, tendo tanto uma parte material (corpo) como uma imaterial (alma/espírito).

Em termos bem simples, ter a “imagem” e “semelhança” de Deus significa que fomos feitos para nos parecermos com Deus. Adão não se pareceu com Deus no sentido de que Deus tivesse carne e sangue. As Escrituras dizem que “Deus é espírito” (João 4:24) e portanto existe sem um corpo. Entretanto, o corpo de Adão espelhou a vida de Deus, ao ponto de ter sido criado em perfeita saúde e não ser sujeito à morte.

A imagem de Deus se refere à parte imaterial do homem. Ela separa o homem do mundo animal, e o encaixa na “dominação” que Deus pretendeu (Gênesis 1:28), e o capacita a ter comunhão com seu Criador. É uma semelhança mental, moral e social.

Mentalmente, o homem foi criado como um agente racional e com poder de escolha: em outras palavras, o homem pode raciocinar e fazer escolhas. Isto é um reflexo do intelecto e liberdade de Deus. Todas as vezes que alguém inventa uma máquina, escreve um livro, pinta uma paisagem, se delicia com uma sinfonia, faz uma conta ou dá nome a um bichinho de estimação, esta pessoa está proclamando o fato de que somos feitos à imagem de Deus.

Moralmente, o homem foi criado em justiça e perfeita inocência, um reflexo da santidade de Deus. Deus viu tudo que tinha feito (incluindo a humanidade), e disse que tudo era “muito bom” (Gênesis 1:31). Nossa consciência, ou “bússola moral” é um vestígio daquele estado original. Todas as vezes que alguém escreve uma lei, volta atrás em relação ao mal, louva o bom comportamento ou se sente culpado, esse alguém está confirmando o fato de que somos feitos à própria imagem de Deus.

Socialmente, o homem foi criado para a comunhão. Isto reflete a natureza triúna de Deus e Seu amor. No Éden, o primeiro relacionamento do homem foi com Deus (Gênesis 3:8 indica comunhão com Deus), e Deus fez a primeira mulher porque “não é bom que o homem esteja só” (Gênesis 2:18). Todas as vezes que alguém escolhe uma esposa e se casa, faz um amigo, abraça uma criança ou vai à igreja, esta pessoa está demonstrando o fato de que somos feitos à semelhança de Deus.

Parte de sermos feitos à imagem de Deus significa que Adão tinha a capacidade de tomar decisões livres. Apesar de ter sido dada a ele uma natureza reta, Adão fez uma má escolha em se rebelar contra seu Criador. Fazendo isto, Adão manchou a imagem de Deus dentro de si, e passou adiante esta semelhança danificada a todos os seus filhos, incluindo a nós (Romanos 5:12). Hoje, ainda trazemos conosco a imagem de Deus (Tiago 3:9), mas também trazemos as cicatrizes do pecado. Mentalmente, moralmente, socialmente e fisicamente, mostramos os efeitos.

As boas novas são que, quando Deus redime uma pessoa, Ele começa a restaurar a imagem original de Deus, criando “o novo homem, que segundo Deus é criado em verdadeira justiça e santidade” (Efésios 4:24; veja também Colossenses 3:10).


Leia mais:http://www.gotquestions.org/Portugues/imagem-de-Deus.html#ixzz3aEc3liEZ

quarta-feira, 13 de maio de 2015

Os mórmons e o batismo pelos mortos

Os mórmons e o batismo pelos mortos


Os mórmons afirmam categoricamente que não há salvação a não ser mediante o batismo com água, administrado por um sacerdote mórmon devidamente credenciado. Alargam essa doutrina para incluir todos os milhões que viveram e morreram sobre a terra sem o conhecimento do “evangelho restaurado” conforme foi revelado a Joseph Smith.Batismo-pelos-mortos
Esse raciocínio só podia resultar, mais dia menos dia, na formulação de uma doutrina de batismo pelos mortos. Ao que parece, essa doutrina foi primeiro declarada em 1841 (Doutrina e Convênios, seção 128) quando teve sua primeira menção em termos precisos, embora ensinadores posteriores a liguem à aparição de Elias a Joseph Smith e Oliver Cowdry em Kirtland, Estado de Ohio, em 3 de abril de 1836 (Doutrina e Convênios, seção 110). Milton R. Hunter comenta essas circunstâncias:
“Uma semana depois da dedicação do templo em Kirtland, em 3 de abril de 1836, Elias apareceu a Joseph Smith e Oliver Cowdry no templo e outorgou-lhes as chaves do poder de selagem, para que todas as ordenanças pelos mortos fossem realizadas de forma válida” (Millennial Star, vol. 54. Milton R. Hunter, Gospel Through the Ages,p.224).
Aparentemente essa doutrina não foi formulada nos tempos de Kirtland, pois não há registro de que tenham sido realizados batismos pelos mortos antes da inauguração da fonte batismal no templo em construção em Nauvoo, Estado de Illinois. Depois da morte de Smith e a retirada dos “santos” de Nauvoo, a prática só foi recomeçada após o erguimento do templo em Salt Lake City.
Os ensinadores mórmons afirmam naturalmente que o batismo pelos mortos foi sempre praticado pela igreja verdadeira e que esta, conforme restaurada por Joseph Smith, existiu desde o tempo de Adão. Smith, escrevendo à igreja em 6 de setembro de 1842, refere-se ao rito da seguinte maneira:
“…a ordenança que o Senhor ordenou e preparou antes da fundação do mundo, para a salvação dos mortos que morressem sem o conhecimento do evangelho” (Doutrina e Convênios, 128.5).
Na mesma revelação, Joseph afirma que os livros referidos em Apocalipse 20.12 e que serão abertos no julgamento do grande trono branco, são os registros de batismo e outros ritos, mantidos pelos secretários oficiais em conexão com o “trabalho do templo” (Doutrina e Convênios, 128.6-9).
Milton Hunter, escrevendo em seu Gospel Through the Ages, que é um dos textos correntes para a instrução do sacerdócio de Melquisedeque, atualiza os ensinos de Joseph Smith. Ele diz:
“Deus não só revelou ao Profeta Joseph Smith a doutrina do batismo para os vivos, mas estabeleceu de novo sobre a terra a doutrina gloriosa do batismo pelos mortos, abrindo assim a porta para todos os Seus filhos e filhas, que em algum tempo viveram na mortalidade, voltarem para a Sua presença com a condição da sua dignidade. O Senhor falou com Joseph que o batismo pelos mortos fosse realizado em Sua santa casa; de fato, um dos propósitos principais que Ele tinha em mente ao ordenar aos Santos dos Últimos Dias que construíssem templos, foi para a realização dessa santa ordenança. Na revelação o Senhor declarou: “Pois não há uma fonte batismal sobre a terra para que eles, meus santos, possam ser batizados por aqueles que são mortos” (Doutrina e Convênios, 124.29-39).
“Então Deus ordenou aos santos que construíssem templos a fim de realizarem a ordenança do batismo pelos mortos, proclamando que essa ordenança foi instituída antes da fundação do mundo para salvação de Seus filhos que, por motivos vários, não quiseram aceitar o evangelho enquanto estavam na mortalidade” (Milton R. Hunter,Gospel Through the Ages, p.223-224).
James Talmage torna claro que ninguém é isento dessa ordenança, citando o caso do malfeitor arrependido que foi crucificado junto com o Senhor Jesus. Diz Talmage:
“Inferir que o transgressor crucificado foi salvo pela sua confissão, quando ele estava moribundo, e que lhe foi concedido um passaporte especial para o Céu com os pecados sem expiar, e sem sua obediência às “leis e ordenanças do evangelho”, é desprezar tanto a letra como o espírito das Escrituras e desconhecer tanto a razão como o senso de justiça — a bênção que lhe foi prometida significava que naquele dia ele ouviria o evangelho pregado no paraíso (os mórmons ensinam que Jesus pregou o evangelho a todos os mortos durante os três dias entre sua morte e ressurreição). Na aceitação ou rejeição da mensagem de salvação ele ficaria sendo agente para si mesmo. A exigência da obediência às “leis e ordenanças do evangelho” não foi deixada de lado, suspensa ou substituída no caso dele, nem tampouco o será para alma alguma” (Talmage, Vitality of Mormonism, p.70-71).
A doutrina é defendida como bíblica usando-se a alusão de Paulo a essa prática: “Doutra maneira, que farão os que se batizam por causa dos mortos? Se absolutamente os mortos não ressuscitam, por que se batizam por causa deles?” (1Coríntios 15.29).
Paulo aqui não estava tratando do assunto do batismo, nem da salvação, e sim da ressurreição. Batismo pelos mortos era praticado unicamente por seitas heréticas como os marcionitas e montanistas, e foi proibido em 393 pelo Concílio de Hipo. A respeito da referência de Paulo. A. F. Plummer afirma: “Refere-se evidentemente a alguma coisa fora do normal. Existia algum rito batismal que os coríntios conheciam e que perderia seu sentido sem a crença na ressurreição. A passagem não dá a entender que São Paulo aprova o rito anormal, porém simplesmente que existe e faz subentender a doutrina da ressurreição” (Hasting’s, Dictionary of the Bible, p.245).
Os mórmons fazem constantemente “trabalho pelos mortos” compilando genealogias de seus antepassados e de outras pessoas notáveis, fazendo-se então batizar por essas pessoas. Os mórmons levam tudo isso muito a sério. Um mórmon confessou-me que já tinha sido batizado mais de cinco mil vezes pelos mortos.
É essa, sem dúvida, a atividade mais difundida da igreja mórmon e é um dos propósitos principais do magnífico novo templo em Los Angeles. Os mórmons alegam que esse templo foi construído para durar através do milênio e que, no decorrer do período de mil anos procederão ao batismo, por procuração, de todos os mortos dos séculos passados que não tiveram oportunidade para corresponder ao “evangelho restaurado” de Smith.
Precisaria haver um computador muito avançado para calcular o número total daqueles que, em todos os séculos da história da humanidade, nunca ouviram ao menos falar de Joseph Smith. Fazemos uma ideia de que o total seria tão estupendo que nem mil templos mórmons iguais ao de Los Angeles seriam suficientes para acomodá-los.
Em vão se procura, nas Escrituras, qualquer sugestão de que quem morreu sem Cristo receberá nova oportunidade de salvação. As Escrituras são categóricas quanto à sorte daqueles que rejeitaram o Salvador. Lemos:
“aos homens está ordenado morrerem uma só vez e, depois disto, o juízo” (Hebreus 9.27).batismo
“Vi também os mortos, os grandes e os pequenos, postos em pé diante do trono. Então se abriram livros. Ainda outro livro, o livro da vida, foi aberto… E se alguém não foi achado inscrito no livro da vida, esse foi lançado para dentro do lago do fogo”(Apocalipse 20.12-15).
Autoridade maior que o Senhor Jesus não pode ser citada, ao contar Ele mesmo, com seus próprios lábios, a história do rico e Lázaro. Ele descreve com detalhes vivos a permanência do estado dos mortos. Leia-se cuidadosamente Lucas 16.19-31.
Procura-se também em vão qualquer palavra bíblica que indique que o homem se salve por suas próprias boas obras, ou pelas obras de outros realizadas a seu favor. Entretanto, lemos:
“ao que não trabalha, porém crê naquele que justifica ao ímpio, a sua fé lhe é atribuída como justiça” (Romanos 4.5).
“pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus; não de obras, para que ninguém se glorie” (Efésios 2.8-9).
Para conhecimento de qualquer mórmon que ler estas páginas, verificamos que os versículos que acabamos de citar são apresentados de forma idêntica na Versão Inspirada da Bíblia de Joseph Smith.
CONCLUSÃO
Muitos cristãos, desconhecendo a verdadeira natureza dos ensinos dos mórmons, defenderão seus vizinhos mórmons como gente boa, de vida limpa, piedosos e honestos. Apontarão as maravilhosas práticas de beneficência da Igreja dos Mórmons. Exaltarão os mórmons como sendo, em geral, trabalhadores e econômicos. Todas essas coisas nós reconhecemos e apreciamos como valiosas contribuições para a sociedade. Não as censuramos.
Essas virtudes, porém, não fazem de ninguém um cristão. Satanás fica sobremodo contente quando seus seguidores apresentam boas aparências. Afirmamos que tais virtudes nada têm a ver com nossa aceitação perante DEUS, uma vez que nunca nos submetemos às exigências divinas referentes a seu Filho, Jesus Cristo.
Quando os cristãos deixam de demonstrar as virtudes citadas, ficam aquém do propósito de Deus, porém são elas apenas subprodutos da vida cristã.
Na avaliação de qualquer religião, seja ela simpática ou não, façam-se as seguintes perguntas:
  1. Aceita ela a Palavra de Deus, tal como está, sem o acréscimo de auxílios, explicações ou “escrituras” adicionais ?
  2. Oferece, livremente e sem reservas, ao Senhor Jesus o seu verdadeiro lugar como eterno Filho de Deus?
  3. Reconhece sua morte como único meio pelo qual os pecadores possam ser salvos?
  4. Reconhece o homem como pecador, totalmente incompetente para salvar-se por seus próprios méritos?
  5. Oferece a livre salvação a quem quer que busque a Deus? O ignorante, o vil, o abandonado, o perturbado?
  6. É capaz de transformar em santo um leproso moral, dominado pelas paixões?
  7. É o tipo de fé que representa Deus abaixando-se pela graça em direção ao homem, ao invés de mostrar o homem subindo por meio de escadas que ele próprio erigiu?
Caso contrário, não é cristã. “Foge destes”.
Por Gordon H. Fraser
Tradução de W. J.Goldsmith

terça-feira, 12 de maio de 2015

Onde estava Jesus durante os três dias entre Sua morte e ressurreição?

Onde estava Jesus durante os três dias entre Sua morte e ressurreição?



Pergunta: "Onde estava Jesus durante os três dias entre Sua morte e ressurreição?"

Resposta:
1 Pedro 3:18-19 afirma: “Porque também Cristo padeceu uma vez pelos pecados, o justo pelos injustos, para levar-nos a Deus; mortificado, na verdade, na carne, mas vivificado pelo Espírito; No qual também foi, e pregou aos espíritos em prisão.”

A expressão “pelo Espírito”, no verso 18, tem exatamente a mesma construção da expressão “na carne”. Então, parece aqui melhor relacionar a palavra “espírito” à mesma esfera da palavra “carne”. A carne e o espírito são a carne e o espírito de Cristo. A expressão “vivificado pelo Espírito” demonstra isto: que o ato de levar sobre Si o pecado e a morte causou a separação de Seu espírito humano, do Pai (Mateus 27:46). O contraste é entre carne e espírito, como em Mateus 27:41 e Romanos 1:3-4, e não entre a carne de Cristo e o Espírito Santo. Quando a expiação de Cristo pelo pecado se completou, Seu espírito retomou a aliança que havia sido quebrada.

1 Pedro 3:18-22 descreve um elo necessário entre o sofrimento de Cristo (verso 18) e Sua glorificação (verso 22). Somente Pedro dá informação específica sobre o que aconteceu entre estes dois eventos. A palavra “pregou” no verso 19 não é a palavra costumeiramente usada no Novo Testamento para descrever a pregação do evangelho. Literalmente significa anunciar uma mensagem. Jesus sofreu e morreu na Cruz, Seu corpo executado, e Seu espírito morreu quando Ele foi feito pecado. Mas Seu espírito foi vivificado e Ele o entregou ao Pai. De acordo com Pedro, em algum momento entre a Sua morte e ressurreição, Jesus fez uma proclamação especial aos “espíritos em prisão”.

Para começar, Pedro se referiu às pessoas como “almas” e não “espíritos” (3:20). No Novo Testamento, a palavra “espíritos” é usada para descrever anjos ou demônios, não seres humanos; e o verso 22 parece confirmar este significado. Além disso, nenhum lugar na Bíblia nos diz que Jesus visitou o inferno. Atos 2:31 diz que Ele foi ao “Hades” (Edição Almeida, Revista e Atualizada), mas “Hades” não é inferno. A palavra “Hades” se refere à esfera dos mortos, um lugar temporário onde eles aguardam a ressurreição. Em Apocalipse 20:11-15, na versão de língua inglesa NASB (New American Standard Bible) ou na New International Version (em português, Nova Versão Internacional) temos a clara distinção entre os dois lugares. Inferno é o lugar permanente e definitivo do julgamento para os perdidos. Hades é um lugar temporário.

Nosso Senhor rendeu Seu Espírito ao Pai, morreu e em algum momento entre morte e ressurreição visitou a esfera dos mortos onde Ele proclamou uma mensagem aos seres espirituais (provavelmente anjos caídos; veja Judas 1:6) que de alguma forma tinham relação com o período anterior ao dilúvio no tempo de Noé. O verso 20 esclarece esta questão. Pedro não nos diz o que Ele proclamou a estes espíritos encarcerados, mas não poderia ser uma mensagem de redenção, uma vez que anjos não podem ser salvos (Hebreus 2:16). Provavelmente foi uma declaração de vitória sobre satanás e suas potestades (1 Pedro 3:22; Colossenses 2:15). Efésios 4:8-10 parece também indicar que Cristo foi ao “paraíso” (Lucas 16:20; 23:43) e levou ao céu todos aqueles que tinham Nele crido antes de Sua morte. A passagem não dá grandes detalhes sobre o que ocorreu, mas a maioria dos estudiosos da Bíblia concorda que é isto que significa “levou cativo o cativeiro”.

Tudo isto para dizer que a Bíblia não é totalmente clara sobre o que exatamente Cristo fez durante os três dias entre Sua morte e ressurreição. Entretanto, ao que parece, Ele estava pregando a vitória sobre os anjos caídos e/ou descrentes. O que podemos saber ao certo é que Jesus não estava dando às pessoas uma segunda chance para salvação. A Bíblia nos diz que vamos enfrentar julgamento depois da morte (Hebreus 9:27), não uma segunda chance. Não há nenhuma resposta definitivamente clara para o que Jesus estava fazendo durante o período entre Sua morte e ressurreição. Talvez seja este um dos mistérios que vamos entender uma vez que cheguemos à glória.


Leia mais:http://www.gotquestions.org/Portugues/Jesus-tres-dias.html#ixzz3ZzBuJ6pf

A Inversão do Ide Pelo Vinde / Robson M. Corrêa

A Inversão do Ide Pelo Vinde / Robson M. Corrêa



MATEUS 11:28 - "Vinde a mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei".

MARCOS 16:15 - "Ide por todo o mundo, pregai o evangelho a toda criatura."

Claramente a igreja trocou o IDE pelo VINDE. Entretanto, algo deve ficar nítido e patente aos nossos olhos e sentidos. Isso tentarei explicar com mais detalhes abaixo:

O CONVITE - VINDE

Em apocalipse 3:20 Jesus diz: "Eis que estou à porta, e bato; se alguém ouvir a minha voz, e abrir a porta, entrarei em sua casa, e com ele cearei, e ele comigo". Bem como no texto de Mateus 11; claramente percebemos o convite feito pelo Salvador. 

Esse convite é feito para o PECADOR e não para a "igreja". O alívio prometido aqui, é o alívio da dor e do peso que o pecado trás ao ser humano. Refere-se àquela busca incessante pela calma no nosso interior. JESUS, promete, pelo convite feito em, retirar, levar para longe, sumir, expulsar de nós, até mesmo, destruir essa dor que tanto nos ataca e nos oprime, com a expressão clara: " E EU VOS ALIVIAREI".

A ORDEM - IDE

O segundo texto relacionado aqui, refere-se a uma ordem expressa para que a Igreja vá e pregue o evangelho (Boas novas ou boa notícia). O texto, trás uma ideia de movimento; sair do lugar que originalmente nos encontramos e, ir ao encontro desse pecador que precisa de descanso e alívio. A origem da palavra Igreja, vem do grego "EKKLESIA" - onde EK = fora e KLESIA = chamado, ou seja, Chamados para fora.

ENTÃO, EIS AQUI O PROBLEMA:

Em média, temos em nossas igrejas 5 reuniões por semana, das quais, poucas ou quase nenhuma é para confrontar o homem à luz da Palavra de Deus, ou mesmo, para evangelizar; pregando sobre o arrependimento. Isso, sem falar nos dias e horas que gastamos para ensaiarmos as peças, teatros, coreografias, danças, instrumental, vocal, louvor, música especial, organização de eventos, congressos, acampamentos e etc, etc e etc...

E aqui, não considero, família, trabalho, estudo, saúde, lazer e nem outra coisa que não esteja relacionado às atividades da igreja.

Então, qual tempo nos resta para cumprir o IDE?

Pra que cumprir o IDE, se nas igrejas temos tantas coisas boas?

Já que é tão bom, é claro que o pecador virá até nós para ouvir o VINDE. Não é?

A igreja hoje tomou de DEUS sua voz para dizer VINDE:

VINDE a mim que vos aliviarei a consciência, sem confrontar seu pecado. VINDE a mim, porque tenho uma palavra que trará descanso ao seu estado caído, dando-lhe o conforto que precisa. VINDE a mim, pois tenho programações para lhe entreter e lhe divertir, afim de tirar você desse mundo corrido e cheio de estresse.

Por acaso, somos DEUS?

Então porque tomamos seu convite para nós e dizemos, VINDE?

Isso claramente não está funcionando, pois, nossas igrejas estão lotadas de pessoas. Há cultos onde as pessoas ficam do lado de fora, ou mesmo em pé dentro da igreja, por falta de lugar para sentarem-se. No entanto, a criminalidade, a prostituição, os drogados, os homens achando que são bons mesmos e portanto merecedores de algo vindo de Deus, a mentira, o engano, as falcatruas, os golpes e tantas coisas ruins... estão somente aumentando, conforme estatísticas e jornais diários.

Cumpramos o IDE e, com certeza, aquilo que Paulo diz em Romanos 1:16, que o evangelho é o PODER de DEUS para Salvação... Será uma realidade para a vida de muitos.

VAMOS COLOCAR AS COISAS NOS DEVIDOS LUGARES:

IDE - É uma ordem expressa para a Igreja.

VINDE - É um convite com todo amor e carinho que Deus faz para o pecador.

 Robson Martins Correa

domingo, 10 de maio de 2015

O que está errado no Evangelho nos dias atuais?

O que está errado com o Evangelho?

Seção 1: "O que foi removido?"

INTRODUÇÃO

Sei que muitos franzirão a testa por causa do título do artigo e dirão, logo de cara: "Ah não, Keith, desta vez você passou dos limites!" Mas, desde já, quero colocar essas reações para escanteio. Posso responder facilmente que não há absolutamente nada errado com o Evangelho; isto é, se estivermos falando do Evangelho da Bíblia - a mesma mensagem que Jesus pregava, à qual os apóstolos Pedro, Paulo, João e os demais dedicaram suas próprias vidas (e mortes) (Fp 1:20-21).

Não, não há  absolutamente nada de errado com essa mensagem vinda do céu. Mas e quanto ao que vem sendo pregado hoje? Trata-se realmente do "Evangelho"? Será que os evangelistas que pregam nas igrejas, estádios, rádio e televisão estão pregando aquilo que Jesus chamava de Evangelho? (Mt 4:23; Mc 1:14-15, 16:15; Lc 3:16-18.) E o que dizer da grande quantidade de "literatura evangelística" moderna? Isso mesmo, estou falando dos folhetos, panfletos, histórias em quadrinhos, jornais, etc. Será que eles contêm a mensagem completa sobre a salvação que Jesus pregava? Como é que estamos respondendo à pergunta crucial que as pessoas fizeram no dia de Pentecostes, e que ainda hoje perguntam à Igreja, "Que faremos, homens irmãos?" (Lc 3:10,12,14; At 2:37, 16:30.)

O NOSSO EVANGELHO É "O" EVANGELHO?

Creio de todo o coração que Jesus se envergonharia da maioria das mensagens e sermões "evangelísticos" que são pregados hoje, principalmente por não conterem a maioria dos pontos cruciais que Ele próprio enfatizava (Mc 8:38; Rm.1:16; 2 Tm. 1:8). Que direito temos de alterar o Evangelho, removendo a maioria das suas partes vitais para substituí-las com membros artificias que nós mesmos criamos (Gal.1:6-7)?

Será que não devemos avaliar nosso evangelismo pelo exemplo de Jesus, o maior dos evangelistas? (Ef 5:1; 1 Pe 2:21; 1 Jo 2:6.) Será que a Sua mensagem era a mesma que estamos ouvindo hoje? Minha intenção é discorrer brevemente na seção 1 sobre cada uma das partes principais do Evangelho que a maioria das pregações de hoje removeram "cirurgicamente". Já na seção 2, falaremos sobre os "acréscimos" que se tornaram parte do nosso "evangelho" moderno.

AS PARTES QUE FORAM REMOVIDAS DO EVANGELHO

O Sangue de Jesus

. É verdade que a própria palavra "sangue" já assusta as pessoas. Também é verdade que o sangue de Cristo amedronta o diabo, por ser a única coisa que purifica uma alma enferma por causa do pecado. (Mt 26:28; At 20:28; Rm 3:25, 5:9; Ef 1:7, 2:13; Cl 1:20; Hb 9:14,22, 10:19, 13:12; 1 Pe 1:2; 1 Jo 1:7; Ap 1:5, 5:9, 12:11, 19:13.) Você consegue imaginar como seriam os escritos de Paulo, se ele tivesse sido tão irresponsável quanto a nossa geração de pregadores ao proclamar o poder magnífico e a beleza do sangue de Jesus? O que temos agora é apenas um evangelho sem sangue!

Hoje, as pessoas têm medo de pensar e os pregadores têm medo de fazê-las pensar. Estamos perdendo completamente o conceito de Jesus como o Cordeiro Pascal do Velho Testamento. (Ex 12:23-24; Is 53:7; Lc 22:15; Jo 1:29,36; 1 Co 5:7; 1 Pe 1:19; Ap 5:6,12, 7:14, 22:1,3.) "Mas toma muito tempo e raciocínio para explicar," diriam alguns (Hb 5:11-14). "Precisamos simplificar o Evangelho para alcançar as massas". Ah, que lógica! Se removermos o sangue da pregação do Evangelho, automaticamente removeremos o poder para vencer o diabo e conquistar as almas dos homens!

A Cruz de Jesus

. Paulo disse, "Porque nada me propus saber entre vós, senão a Jesus Cristo, e este crucificado" (1 Co 2:2). Hoje, por outro lado, só se fala em "o que Jesus Cristo pode fazer por você!" O Evangelho bíblico centrado em Cristo (Mt 10:38; Lc 14:27; 1 Co 1:17-18; Gl. 6:14; Ef 2:16; Cl 1:20; 1 Pe 2:24.) e o nosso "evangelho" moderno, sem cruz e centrado no "eu", são totalmente opostos um ao outro.

Hoje, se alguém prega a auto-negação como condição para o discipulado, as pessoas acabam rotulando: "antiquado", "duro", "legalista". Chego até a dizer que os nossos pregadores teriam tanto problema em aceitar o Senhor entre eles quanto os líderes religiosos dos Seus dias.

Leia o que A.W. Tozer disse sobre a cruz:

"A cruz é a coisa mais revolucionária que já apareceu entre os homens. A cruz dos tempos romanos não fazia acordos ou concessões, mas vencia todas as suas disputas matando e silenciando seus oponentes. Também não poupou a Cristo, porém matou-O tal qual os outros.

Ele estava bem vivo quando O penduraram na cruz, e completamente morto quando O retiraram. Assim era a cruz quando surgiu na história da Cristandade.

Perfeitamente ciente disto, Cristo disse 'Se alguém quer vir após Mim, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz e siga-Me.' Assim, a cruz não apenas trouxe ao fim a vida de Cristo, mas também põe um fim à velha vida de cada um dos Seus verdadeiros seguidores . . . isto e nada menos é o Cristianismo verdadeiro. Temos que tomar uma atitude com relação à cruz, e só há  uma entre duas opções - fugir dela ou morrer nela!"

A Ameaça e os Terrores do Inferno, Bem Como a Culpa dos Pecadores

Freqüentemente as pessoas me dizem, "Estou enjoado de pregações sobre inferno, fogo e enxofre!" "Bem", costumo responder, "quando foi a última vez que você ouviu alguma?" É verdade, pouquíssimas pessoas ainda pregam sobre o inferno, pois já saiu de moda. Argumentam que não adianta assustar os pobres pecadores. Afinal, os pecadores são apenas almas infelizes, levadas pelo mau caminho, certo? Errado! A Bíblia mostra claramente que são rebeldes que roubaram e desonraram ao Deus vivo, ofendendo-O infinitamente (Jo 8:44; At 13:9-11; 1 Co 6:9; Gl 4:16;Ef 2:1-3; Tg 4:4; 2 Pe 2:12-19.), não tendo o direito de olharem para si mesmos sob qualquer outra perspectiva. Mas nós, espertos como somos, decidimos dar uma "mãozinha" para Deus. "Ah, Ele não entende a nossa geração tão bem quanto nós. As coisas que Jesus enfatizava na Sua pregação eram para os judeus, e a nossa geração precisa de um tom mais suave, mais amável. Fale com eles a respeito do céu!" Então falamos sobre o céu, sobre as "recompensas de se nascer de novo", e acabamos negligenciando completamente o outro lado da "espada de dois gumes" (Hb 4:12). Que direito temos de remover do Evangelho as coisas que o próprio Jesus dava grande importância na Sua pregação?

A Lei de Deus Pregada Para se Convencer do Pecado

. Poderíamos escrever páginas sobre este assunto, mas só há espaço para um breve exemplo. Quando o jovem rico veio a Jesus, fez uma pergunta bem direta: "Bom mestre, o que devo fazer para herdar a vida eterna?" Você consegue imaginar o que os pregadores de hoje responderiam? "Apenas admita que é um pecador, aceite Jesus como Salvador pessoal, vá à igreja, pague os dízimos, tente ser bonzinho, e você já tá dentro!" Mas qual foi a resposta de Jesus? "Sabes os mandamentos" (Mc 10:19); "Se queres, porém, entrar na vida, guarda os mandamentos" (Mt 19:17). O quê? Os mandamentos? Ora, eles já não valem mais, morreram junto com o Cecil B. DeMille! Afinal, não estamos na "era da graça"? (Cecil B. DeMille é o autor do filme "Os Dez Mandamentos" - NT)

Bem, a verdade é que Jesus não estava pregando os mandamentos como um caminho para a salvação, mas apenas para convencer o jovem rico do pecado específico da ganância. Aquele jovem rico amava os dólares, e Jesus sabia exatamente como desarmá-lo - pregando a Lei! A Lei existe justamente para isso - "Pois pela Lei, vem o conhecimento do pecado" (Rm 3:20), já dizia Paulo. Devemos pregar a Lei, não como um caminho para a salvação, mas como uma candeia colocada no coração do pecador, de modo que ele possa ver quão podre ele é, comparado com as exigências de Deus (Gl 3:24).

Mas hoje em dia, para variar, somos mais espertos que Deus. Nossa pregação já não contém mais os "Farás isto" e "Não farás aquilo". De jeito nenhum, não queremos assustar a "geração liberada". Ora, se dissermos que a fornicação é errada, ou as drogas, ou aborto, ou qualquer outro pecado específico, as pessoas poderiam se sentir condenadas e então como é que seriam salvas? Mas mesmo assim Jesus pregou a Lei ao jovem rico, de modo que, ao se sentir condenado por causa da ganância, ele poderia se voltar para Jesus, obedecendo-O, e então encontrar o verdadeiro tesouro no céu. "Vai, vende tudo quanto tens, e dá-o aos pobres e terás um tesouro no céu; e vem, toma a cruz, e segue-me" (Mc 10:21). Se as pessoas não forem verdadeiramente convencidas de pecado, se não virem que estão totalmente condenadas pelos requisitos da Lei de Deus, então será praticamente impossível mostrá-los a necessidade de um salvador. Ora, do que então elas precisariam ser salvas? Engraçado, não?

É por isso que o "evangelho" moderno precisa se apoiar em "todas as boas coisas que Deus fará por você se você simplesmente aceitá-lO!" Não podemos convencer um pecador de que ele precisa de um salvador simplesmente fazendo-o admitir, "Bem, de uma maneira geral, sim, sou um pecador." Ele precisa ver como a Lei de Deus o condena totalmente como pecador, e somente então a beleza do Evangelho, a glória da cruz, e o poder maravilhoso do sangue de Cristo serão capazes de penetrar em sua mente e coração ansiosos. Uma pessoa só pode chegar ao ponto de desejar ser totalmente salva do seu pecado por meio da pregação da Lei. Pois "... eu não conheci o pecado, senão pela lei" (Rm 7:7).

O Temor de Deus e o Juízo Final

. Ao invés da tremenda majestade de Jeová, hoje o Senhor é apresentado como uma espécie de Papai Noel. E a igreja‚ por sua vez, como a "bomboniere", onde você compra todo tipo de "artigos finos que o seu coração desejar". O próprio Jesus é mostrado como um "doce de pessoa", tão bonzinho, tão amável, tão gentil, tão inocente, que quase dá pra escutar o pregador dizer, "Ah, Ele não faria mal a uma mosca..." Mas o que foi que aconteceu com "Horrenda coisa é cair nas mãos do Deus vivo" (Hb 10:31), ou "O temor do Senhor é o princípio da sabedoria" (Pv 9:10) ?

Os eruditos da retórica moderna convenientemente apagaram todas as referências à severidade do Deus Todo-Poderoso, ao passo que enfatizam apenas Sua longanimidade. Ignoram, assim, a visão bíblica e equilibrada de Paulo, "Considera, pois, a bondade e a severidade de Deus" (Rm. 11:22).

A Necessidade de Arrependimento Para o Perdão

O ensinamento direto do Senhor Jesus é tão claro sobre a necessidade de acertarmos nossa situação perante Deus, que não consigo entender como foi que a Igreja evoluiu para a situação atual. Leia os cinco primeiros versículos do capítulo 13 de Lucas, por exemplo. Aqui, alguém comentou com Jesus a respeito dos galileus que foram executados pelos romanos. Ele então diz "... se não vos arrependerdes, de igual modo perecereis." Usando então um outro exemplo, Ele repete a mesma sentença.

Não consigo imaginar a conversão sem o arrependimento. Os ensinamentos de Jesus e dos apóstolos são repletos de mandamentos para se arrepender e ser salvo. O arrependimento não consiste apenas em se lamentar - isto é apenas uma convicção. Também não é uma mera mudança de coração ou de mente, mas uma mudança de atitude! Deus deseja que nós, uma vez que estejamos sinceramente convencidos de que o pecado é errado, nos voltemos para Ele, e nos comprometamos a não viver mais na prática do pecado. Deus abençoa tais decisões e compromissos com graça abundante, por meio da qual conseguimos cumprir os desejos do Espírito que habita em nós.

Mas a pregação do nosso "evangelho" moderno quase não produz convicção real de pecado, e por isso nem sequer esperamos mais que as pessoas se arrependam. Se esperássemos que as pessoas se arrependessem, ninguém mais "viria à frente". O arrependimento é fácil para alguém que vê como o pecado é horrível, ao passo que é impossível quando a Lei não convence o pecador do seu coração perverso, compelindo-o a virar as costas para o seu pecado em direção aos braços de um Deus compassivo e longânimo. Como vimos, todas essas partes que foram removidas do Evangelho estão interligadas. Na sabedoria de Deus, cada aspecto do caminho da salvação é insubstituível.

É verdade que, se Deus não nos tivesse amado primeiro, não poderíamos ser salvos. Como sempre, Ele tomou a iniciativa. Mas Ele não fará aquilo que o próprio pecador deve fazer - ou seja, arrepender-se!

A Dor e a Tristeza de Deus Por Causa do Pecado

. Imagine a figura de Deus que os evangelistas de hoje tentam passar, a de um cara otimista, do tipo "tudo-em-cima", que está lá no alto, acima de qualquer problema na terra, num mar de rosas, onde o céu nunca tem uma nuvem... "Ora", dizem eles, "como é que alguma coisa poderia incomodar o Deus vivo? Ele nem liga pra bagunça cá de baixo, tudo está sob controle!"

Mais uma vez, a Bíblia pinta uma figura diferente do nosso Rei. Veja, por exemplo, como Jesus chorou sobre Jerusalém (Lc 19:41), ou então os apelos que Deus dirigia a uma nação como Israel através dos profetas Isaías e Ezequiel. Esse Deus, o da Bíblia, está constantemente se esforçando com os homens através do Seu Espírito. Está  escrito em Provérbios: "Os olhos do Senhor estão em todo lugar, contemplando os maus e os bons" (Pv 15:3). Isto significa que Deus viu cada estupro cometido hoje, cada assassinato, cada pessoa que morreu de fome, cada revista e filme pornográfico, cada abuso de uma criança. Como é que alguém pode pensar que Ele vê isso tudo e não fica angustiado? Claro que Deus pode se entristecer. A Bíblia não nos diz para não entristecermos o Espírito Santo de Deus? (Ef 4:30)

Como vimos, Deus é o Ser mais ferido e ultrajado do universo. Ele poderia dar um "basta!" nessa bagunça toda, em toda essa perversão, crimes e corrupção moral a qualquer hora que desejar, mas não é assim que Ele faz! Por quê? Porque Ele anseia pelas almas de homens e mulheres. "E tende por salvação a longanimidade de nosso Senhor," disse Pedro (2 Pe 3:15). Mas a Igreja, que não tem um milionésimo da compaixão que Ele tem, virou as costas e criou um deus à sua própria imagem e semelhança. Um "deus" relaxado, "alto-astral", "acima-do-bem- e-do-mal". Assim, a Igreja convenientemente removeu do "evangelho" que prega todas as referências à dor e à mágoa no coração de Deus. A Igreja não quer um Deus entristecido com o pecado, porque desta forma Ele estaria entristecido com ela... (e realmente está!)

A Necessidade de Santidade Para Agradar a Deus

. A epístola aos hebreus diz que, sem santidade, "ninguém verá o Senhor" (12:14). É verdade também que Jesus nos ordenou que fôssemos perfeitos (Mt 5:48). Também é verdade que você provavelmente nunca conheceu alguém perfeito, ou tampouco espera que você mesmo o seja. Ainda assim, temos aquelas palavras nada confortáveis da parte do Senhor, "Sede vós pois perfeitos, como é perfeito o vosso Pai que está nos céus"!

No entanto, por causa do nosso dilema ao vermos as exigências de Jesus, bem como nossa incapacidade de cumpri-las, o que fizemos foi criar algumas doutrinas bastante loooooucas. Alguns crentes dizem "Bem, quando Deus olha para nós, na verdade não vê mais a nós, o que Ele vê é Jesus. E mesmo quando há pecado em nossos corações, se acontecer de Deus olhar no momento errado, verá o rosto sorridente de Jesus, ao invés de ver o nosso pecado. Assim, Deus me vê santo, mesmo que eu não seja! Mas... eu sou santo... é, bem, você entendeu!" (Não creio que Deus possa ser tão facilmente enganado, mesmo pelos crentes).

Outra doutrina bastante esquisita é o bendito refúgio dos desviados, chamados de "crentes carnais". Nesse exemplo de lógica distorcida, somos levados a crer que qualquer "crente" que não esteja  "caminhando com o Senhor" no presente momento, que se entrega às coisas do mundo e aos desejos da carne, pode ainda assim ser considerado um "crente", mas não um crente de primeira classe, não, antes um crente de segunda classe... um "crente carnal". Eis aqui o caso do "crente incrédulo". Bem, ele ainda "crê" que Deus é Deus, que há um céu e um inferno, e por aí vai (mas não se esqueça, até mesmo o diabo crê em todas essas coisas - Tg 2:19). Mas voltando ao "crente carnal", ele sabe exatamente o que dizer para convencer a vovó, o pastor e os seus amigos crentes que ele ainda está na jogada. Às vezes até ele próprio crê nisto. Parece que ele engana todo mundo - todo mundo, exceto Deus! A Bíblia é clara que "se dissermos que temos comunhão com Ele, e andarmos nas trevas, mentimos, e não praticamos a verdade" (1 Jo 1:6).

Hoje, talvez o maior insulto ao Evangelho seja a negligência da pregação da santidade para os crentes . Jesus não quer fazer de conta que somos santos. Ele quer nos outorgar Sua santidade pelo Espírito Santo. Mas como não temos levado as pessoas à cruz, convencendo- as pela Lei acerca do arrependimento e do novo nascimento, precisamos então gastar horas nos seminários tentando encontrar maneiras adequadas e complicadas para explicar as verdades óbvias das Escrituras.

A essas alturas, talvez você esteja pensando, "Mas e todas aquelas pessoas que estão sendo salvas pelos esforços de homens e ministérios bem intencionados que há por aí? Eles não estão pregando da maneira que você diz que deveriam, e no entanto conseguem muitos convertidos!" Bem, a resposta imediata para esta pergunta é que as pessoas não estão sendo salvas por causa da mensagem deles, e sim apesar dela. Mas infelizmente, de acordo com estatísticas recentes, estima-se que cerca de 97% das pessoas que "se decidem por Cristo" em grandes cruzadas evangelísticas nem sequer freqüentam os cultos cinco anos depois. (Como você provavelmente sabe bem, "freqüentar os cultos regularmente" não garante que alguém é realmente salvo.) Mas, deixando de lado as estatísticas, vamos observar mais de perto que tipo de "convertidos" o "evangelho" de hoje está produzindo.

O QUÊ, ESPECIFICAMENTE, ESTÁ ERRADO COM O "EVANGELHO" MODERNO?

É Centrado no Indivíduo, Não em Cristo

. Antes de mais nada, esse tipo de "evangelho" atrai os egoístas. Ao invés de honrar a Deus, acaba colocando o pecador no centro do amor e do plano de Deus. Mas a Bíblia coloca Jesus no centro do plano de Deus, não o pecador.

Uma das frases mais conhecidas do evangelismo moderno é "Deus te ama e tem um plano maravilhoso para a sua vida!" Mas a sóbria verdade bíblica que precisamos apresentar ao pecador é "Você se tornou um inimigo de Deus, e no seu estado atual não há qualquer esperança." Na verdade, o "plano" de Deus para o pecador a essa altura de sua vida é separá-lo para sempre da Sua presença no inferno. Por mais que isto soe impopular e não seja atraente, é a única realidade acerca de qualquer um que é inimigo de Deus por causa do pecado.

Toda a linha de pensamento no evangelismo moderno continua seguindo o seu caminho desta maneira errônea. "O pecado te separou de Deus, e do Seu 'maravilhoso plano para a sua vida'. Jesus veio e morreu em uma cruz, para que você possa experimentar 'Seu plano maravilhoso para a sua vida.' Você tem que aceitar Jesus agora, para que você não deixe de desfrutar o 'Seu plano maravilhoso para a sua vida!'" Você, você, você! Tudo que se fala é para "VOCÊ"! Não sinto a menor pena em dizer, mas Jesus fez tudo em obediência, para a glória do Pai (Fp 2:8-12). Naturalmente, aqueles que O amam, servem e honram se beneficiam disto, mas isto é apenas uma consideração secundária, não a principal. (leia Ez 36:22-32). Se as pessoas só vêm a Jesus para obter uma bênção, ou para serem perdoadas, vão acabar se decepcionando. Se, por outro lado, elas vêm para dar-Lhe suas vidas em honra e adoração, então verdadeiramente terão perdão e alegria - mais até do que poderiam imaginar! (1 Co 2:9)

É Superficial, Barato e Oferecido Como Uma "Barganha".

O nosso evangelismo reduz as boas novas a uma liquidação do tipo "venha-e-compre- o-que-conseguir". Fazemos de tudo para tirar todos os "ossos" - tudo que poderia ofender alguém, ou fazer alguém hesitar ou adiar sua decisão. Mas não foi assim que Jesus fez. Ele nunca diminuiu os requisitos para quem quer que fosse. Para que alguém pudesse "ganhar a Cristo" (Fp 3:7-8), teria que ser completamente sincero, humilde, teria que contar o custo e estar disposto a abandonar tudo, família e propriedades. Quando o jovem rico "retirou-se triste, porque possuía muitas propriedades" (Mt 19:22), Jesus não correu atrás dele exclamando "Ei, espere um minuto! Vamos conversar melhor, a coisa não é tão ruim como parece, talvez eu tenha sido muito duro!"

Às vezes estamos tão ansiosos para "vermos as conversões," para então podermos publicar "quantos foram salvos na última campanha" nos boletins que vão ser lidos pelos nossos mantenedores, que acabamos fazendo qualquer coisa para levar alguém a uma "decisão" antes mesmo que a pessoa tenha tido a chance de realmente tomar uma. O problema é que, se foi necessário levá-lo à decisão, ele provavelmente mudará de idéia mais tarde. (Não se esqueça dos 97%!) Pois, como já me disse um amigo, "Se alguém pode levar outra pessoa na conversa, outro pode vir e tirá-la de lá na base da conversa também!" (1 Co 1:17)

A Salvação é Mostrada Como um Artigo de Troca, e Não Como o Resultado da Obediência Pela Fé

. Nós oferecemos o perdão dos pecados como aquele comerciante estrangeiro, "Fazemos qualquer negócia!" Aliás você já deve ter ouvido, "Você dá a Jesus o seu pecado, e Ele te dará a vida eterna em troca!" Ninguém na Bíblia jamais pensou que a graça de Deus fosse algo tão vulgar para falar do dom da vida eterna como se fosse um artigo de troca. A salvação é um dom! Não podemos conquistar, comprar, ou dar qualquer coisa em troca por ela. Como o Espírito Santo deve se sentir ofendido, ouvindo tantas pessoas falar de Jesus dessa maneira (At 8:18-23)!

Produz "Convertidos" Egoístas, "Abençoados," e Guiados Pelos Sentimentos

. Qualquer um que é levado a crer que se tornou um cristão com esse tipo de pregação raramente produzirá os verdadeiros frutos de um verdadeiro convertido. Ele continuará egoísta do mesmo jeito, só que agora o seu egoísmo tomará uma forma religiosa. Se ele deseja algo para si, dirá que "tem um encargo" para algo, ou dirá "Este é o desejo do meu coração", ou qualquer frase que soe tão religiosa quanto essas. Ele orará  egoisticamente, desejando bênçãos para si mesmo, e, mesmo que ore por outros, geralmente será por razões egoístas. Afinal de contas, quando ele "aceitou o Senhor", falaram do quanto Jesus queria abençoá-lo, o quanto Deus tinha guardado para ele, e como a Bíblia era um "talão de cheques cheio de promessas, esperando a hora de ser descontado!"

Tal pessoa sempre procura "sentir-se" bem consigo mesma, com sua família, pastor, etc. Seu mundo inteiro se baseia em se sentir abençoado, pois nunca mostraram para ele que ele foi criado para bendizer a Deus, e não Deus criado para abençoá-lo (Sl 149:4; Fp 2:13).

Como você viu, os "convertidos" descritos acima não são como aqueles mencionados no livro de Atos, quando a Igreja era nova e o fogo ainda ardia. Dê uma olhada em Atos 2:41-47 e 4:31-35, e você verá o terno espírito de amor, e o poder que prevalecia entre os irmãos naqueles primeiros dias. Creio que uma das razões pela qual "Em cada alma havia temor" (At 2:43), era porque "perseveravam na doutrina dos apóstolos, e na comunhão, e no partir do pão, e nas orações" (vs 42). Creio que Pedro e os outros se esforçaram para transmitir toda a mensagem do Evangelho quando pregavam e ensinavam, e é por isso que o Espírito de Deus podia ungir e abençoar os novos convertidos de forma tão poderosa - Deus sempre unge a verdade! (Is 55:11)

Seção 2: "O que foi acrescentado?"

INTRODUÇÃO

Vários métodos têm sido usados, ao longo de cada geração, para atrair a atenção dos pecadores, a fim de mostrá-los a verdade a levá-los ao conhecimento do Salvador e ao verdadeiro relacionamento com o Senhor Jesus Cristo.

Todos sabem que o homem é uma criatura de hábitos. Ele ama a forma, não gosta que as "coisas mudem tão rapidamente" e se apega à tradição. Infelizmente (para o homem), Deus não é assim. Se algo nunca foi feito antes, Deus simplesmente não se importa: sua única preocupação é que seja a forma mais direta e mais sábia de cumprir a Sua vontade.

Naturalmente, isto levou os filhos de Israel ao pânico: "Que será que Deus está fazendo desta vez?" Se havia um grande mar no caminho, não havia problema, Ele simplesmente o dividia. Se não havia água, prontinho! Uma fonte de água potável de uma rocha. Faltando comida? Surpresa! Choverá pão amanhã de manhã! Jesus tratava as coisas da mesma maneira. Quando os seus discípulos estavam longe da praia, não fazia a menor diferença, Jesus caminhava sobre as águas. Problemas com o tempo? "Cala-te, aquieta-te!" E assim foi... (Ex 14:21-22, 16:4, 17:6; Mt 14:25; Mc 4:39)

Portanto, como podemos ver na Bíblia, Deus teve muitos problemas com o homem e suas tradições. Dê só uma olhada nos judeus - como amavam o seu templo, seus sacrifícios, o seu Sabbath e tudo mais - menos o seu Deus. E Jesus teve que enfrentar exatamente essa obstinação. "Viu só? Ele cura no sábado!" (Lc 13:14) O tempo todo, Jesus tentou mostrá-los a verdade, usando os mais sábios argumentos, os melhores exemplos, mas eles se escandalizavam dos Seus métodos - tocar leprosos, ressuscitar os mortos, comer com pecadores, expulsar os cambistas - eles morriam de medo! (Mt. 8:2-3; 9:11, Jo 2:15, 11:43-44) A religião deles era basicamente pacífica, muito solene e quieta. Mas Jesus... esse tal de Jesus causava um rebuliço na cidade pelo menos uma vez por semana! É por isso que eles se sentiam tão incomodados - Ele perturbou a sua bela religiãozinha. .. com a verdade! (João 8:44-45)

É óbvio que Deus unge pessoas completamente submissas ao Seu Espírito. Ele também unge os métodos e ferramentas que usamos - encontros, folhetos, livros, músicas, testemunhos, pregações, etc. - quando também os submetemos totalmente a Ele em fidelidade. Mas há um grande perigo quando o homem (ou mesmo Deus) cria uma ferramenta para a glória de Deus, e, quando o tempo passa, a atenção das pessoas começa a se fixar na ferramenta em si, mais do que na glória de Deus (que é a razão pela qual ela foi originalmente concebida). Veja 2 Rs 18:4: O rei Ezequias teve que destruir a serpente de bronze que Moisés fez em Números 21:8, que fora usada para cessar a praga da morte entre os israelitas, por que ela havia se tornado um ídolo. Esta é a mesma serpente de bronze à qual Jesus se referiu a respeito de si mesmo, em Jo 13:14!)

O que se segue é uma lista de algumas das ferramentas, métodos, e conceitos que, na minha opinião, acabaram se tornando parte tão importante da apresentação do "evangelho" moderno, que passaram a ser quase inseparáveis do mesmo. Muitos as consideram tão necessárias que, se alguma delas faltar em um culto evangelístico, pensam que praticamente ninguém pode ser salvo.
ALGUMAS INVENÇÕES HUMANAS QUE SE TORNARAM PARTES ESSENCIAIS DO "EVANGELHO" MODERNO

O Termo e o Conceito de "Salvador Pessoal."Considero bastante incômodo quando algo desnecessário é acrescentado ao Evangelho. O termo "Salvador Pessoal" não é muito perigoso por si só, mas denuncia uma espécie de mentalidade disposta a "inventar" termos, para então pregar esses termos como se realmente pudessem ser encontrados na Bíblia.

Mas por que temos que fazer isso? Por que acrescentamos coisas desnecessárias, quase sem sentido ao Evangelho? É por que já tiramos tanto, que acabamos tendo que substituir por alguma "redundância espiritual."

Isso mesmo, redundância espiritual! Você apresentaria sua irmã assim: "Esta é Sheila, minha irmã pessoal!"??? Ou apontaria para a barriga e diria, "Esse é o meu umbigo pessoal!"? Ridículo! Não obstante, as pessoas falam solenemente de Cristo como seu Salvador Pessoal, como se Ele estivesse guardado no bolso da camisa - ou se, quando Ele fosse voltar, não tivesse dois, mas três títulos escritos na coxa: Rei dos Reis, Senhor dos Senhores, e SALVADOR PESSOAL! (Veja Ap. 19:16.) Isto é apenas um exemplo de como a Igreja pode reverenciar um termo não bíblico, como se estivessem a dizer, "Bem, mesmo que não esteja na Bíblia - deveria estar!"

O "Apelo".

Imagine, se puder, Jesus levando as pessoas a curvarem a cabeça após ouvirem o Sermão do Monte, e então, vagarosa e suavemente (enquanto Bartolomeu toca "Quão Grande és Tu" no órgão), dizendo à multidão: "Enquanto você está com a cabeça curvada e os olhos fechados, se você quer realmente ser meu discípulo hoje, se você quer realmente mostrar a meu Pai e a mim que quer verdadeiramente seguir este sermão, então eu gostaria que você levantasse sua mão lentamente, para que eu possa vê-lo. Vejamos... sim... sim... Estou vendo aquela mão ... e aquela outra ... e aquela perto da figueira ... sim! Agora, por favor, enquanto o Bart toca outro hino, quero que você venha pelo meio da multidão ... sim, aqueles que levantaram sua mão... Quero saber se você realmente tá falando sério! Quero orar com você..."
Reconheço que alguns verão esta ilustração como um sacrilégio. E é aí que está a questão. Eles pensam que fazer chacota com o "apelo" é o mesmo que fazer chacota com Deus. Mas não é. As tradições são difíceis de morrer, porque levam tempo para serem formadas. Certa vez recebi uma carta bem forte de um pastor que havia me convidado para um concerto em sua região. Ele estava bravo por eu ter "deixado várias almas desgarradas se perderem", não fazendo qualquer apelo para elas. Ele disse, "Parece que você não se importa com as almas das pessoas" (nada poderia estar mais longe da verdade.) Mas como eu não havia feito o conhecido "convite formal", ele não viu qualquer valor na minha apresentação do Evangelho. Ou, como Salerno (diretor da "Força Ágape") disse certa vez, "Se você não faz o apelo, pensam que você cometeu o pecado imperdoável!"

A MUDANÇA GRADUAL DO "APELO"

Acredite se quiser, o apelo foi inventado apenas há cerca de 150 anos. O primeiro a usá-lo foi o evangelista americano Charles Finney, como uma forma de separar os que queriam ouvir mais acerca da salvação. Finney chamava o primeiro banco de "assento dos apreensivos" (para aqueles que estavam "apreensivos" com a situação de suas almas) ou "assento dos angustiados." Finney nunca os "dirigiu em oração", mas ele e uns poucos outros gastavam um bom tempo orando com eles e dando instruções específicas a cada um, um por um, até que finalmente todos iam para as suas casas orar e continuar buscando a Deus, até "que fossem libertos e expressassem sua confiança em Cristo," como dizia Finney.

O nascente Exército da Salvação, surgido pouco após a inovação de Finney, desenvolveu o chamado "grupo dos penitentes" ou "assento de misericórdia." (termo usado em algumas traduções da Bíblia em inglês para "propiciatório" - NT) Após um período de cânticos e pregação, convidavam a vir à frente qualquer pecador que quisesse confessar seus pecados a Deus e se arrepender. Assim, oravam por cada um individualmente. Já conheci alguns crentes mais idosos que freqüentaram alguns desses cultos, que contaram que algumas vezes as pessoas ficavam lá por toda a noite, e, em algumas ocasiões, até mesmo por alguns dias, chorando e confessando seus pecados com o coração quebrantado. Sempre havia alguns que ficavam lá para instrui-los posteriormente, encorajando- os a fazer uma completa limpeza do pecado em suas vidas.

O "apelo" era assim no princípio. Mas gradualmente, começou a se tornar parte fixa de todo culto e, como todas as outras tradições, começou a perder seu espírito original. O "vir à frente" se tornou mais importante do que "tristeza, confissão, arrependimento, e instruções". E, finalmente, qualquer um que "viesse à frente" era animadamente recebido como um "novo crente em Cristo"! Não importava como eles se sentiam, dizia-se a eles: "seus pecados foram perdoados, irmão! Alegra-te em Cristo!" Quantas pessoas já saíram de uma reunião como essas confusas, derrotadas e miseráveis? (Jr. 6:14)

A Oração do Pecador

. Você consegue imaginar esta outra cena em que Jesus ora com alguns novos "discípulos" a "oração do pecador"?

"Uau! Quanta gente veio à frente para salvação hoje!" (A multidão aplaude.) "Agora, é muito simples. Repitam comigo esta pequena oração, e então vocês vão ser crentes! Não importa se vocês não entenderem tudo o que vou orar. . . funciona do mesmo jeito. Prontos? Repitam comigo... Querido Jesus... Entra em meu coração..." e por aí vai ...

Como já deu para ver, nossos métodos modernos de evangelismo parecem completamente ridículos quando tentamos imaginar o próprio Jesus fazendo uso deles. Creio que este é um bom teste para qualquer método. "Será que dá para imaginar Jesus fazendo isso?" ou "Como seria se Jesus pregasse ou ensinasse assim?" Devemos sempre comparar nossas ações e mensagens com as do Mestre, uma vez que a Bíblia nos diz que devemos "andar assim como ele andou" (I Jo 2:6).

É óbvio que não existe apenas uma oração do pecador. Existem muitas variações, com diferentes tamanhos, expressões, finais, etc., mas o conteúdo é normalmente o mesmo. A oração geralmente inclui frases como, "Querido Jesus," "Entre em meu coração," "Eu admito que pequei" (pelo menos as melhores contêm esta última, pois algumas "orações do pecador" sequer contêm qualquer menção sobre pecado), "Enche-me com o Teu Espírito," "Em nome de Jesus, Amém." Extremamente inofensivo . . . nada errado com uma oração assim, certo? Errado! O que importa não são as palavras, mas a atitude do coração de quem as diz. Creio que uma verdadeira "oração do pecador" brotará automaticamente de qualquer um que esteja verdadeiramente buscando a Deus e já cansado de ser escravizado pelo pecado. (Mt 5:6) O próprio ato de "dirigir alguém em oração" é por si só completamente ridículo. Não se pode encontrar nada que sequer se aproxime disso, nem mesmo remotamente, seja na Bíblia ou entre os escritos e biografias na história da Igreja. Isso cheira a táticas de pressão psicológica, e (com o perdão da expressão) técnica de lavagem cerebral. Não creio que Jesus queria que seus discípulos "repetissem junto com ele". O que Ele queria era que eles seguissem "as Suas pisadas"! (Mt4:19, 8:22, 9:9, 16:24, 19:21; Lc 9:59; Jo 12:26, 21:19,22: I Pe 2:21; Ap 14:4.)

NASCIMENTO PREMATURO

Assim como o apelo, a prática de repetir uma oração com o pregador provavelmente surgiu com a melhor das intenções. E, sem dúvida, houve aqueles que "seguiram fielmente," continuando a orar e andar com Deus, entrando na vereda da justiça através da graça infinita de Deus. Mas, assim como o apelo, a assim chamada "oração do pecador" é uma daquelas ferramentas que tornaram alarmantemente fácil para alguém se considerar um cristão, mesmo que não haja absolutamente nenhum entendimento do significado de "fazer as contas dos gastos" (Lc 14:28).

Creio que a principal razão pela qual as ferramentas do tipo "apelo" e "oração do pecador" podem estar magoando a Deus é porque elas podem tirar a convicção do Espírito Santo prematuramente, antes que haja tempo para que Ele opere o arrependimento que leva à salvação. Com um "fogo de palha" emocional que normalmente não dura mais do que poucas semanas, acreditamos estar levando pessoas ao Reino, quando na verdade estamos levando muitas para o inferno, por interferir no que o Espírito de Deus está tentando fazer na vida de uma pessoa. Entendeu? Deu para entender que isso é "aborto espiritual"? Será que você não consegue perceber as conseqüências eternas de se "queimar a largada", tentando trazer à luz um bebê que ainda não está pronto?

Temos tanto medo de ver aquele "peixe que escapuliu da rede," que preferimos empurrar alguém em direção a uma decisão superficial, e ter a satisfação pessoal de vê-lo "vindo à frente" , do que gastar tempo para explicar tudo para ele, mesmo que no final isso gaste longas horas e noites de labor em oração pela sua alma. Não temos tido mais tempo para fazer as coisas do jeito de Deus. (Em contraste com isso, veja quanto tempo e esforço Jesus gastou para explicar a salvação para uma simples mulher samaritana - João 4:3:42)

Deus prefere ver um verdadeiro convertido do que um monte de "decisões." Será que você não vê a confusão em que nos metemos? O que fizemos com o Evangelho? E quando os "convertidos" já não querem mais comunhão conosco, quando eles querem voltar para os seus velhos amigos e sua velha forma de viver, ainda temos a petulância de chamá-los de "desviados", ou "desgarrados", quando foi por nossa culpa que eles não se "agarraram" à cruz! Oh, meu coração se parte quando penso naquele dia majestoso, quando Deus julgará aqueles que "fizeram estes pequeninos tropeçarem" (Marcos 9:42).

OUTROS MÉTODOS HUMANOS QUE FIZERAM DO EVANGELHO MODERNO ALGO SUPERFICIAL, E PORTANTO NÃO MAIS BÍBLICO

Folhetos do tipo "Três Passos Rápidos para a Salvação"

. Certamente não questiono a intenção ou a integridade dos homens e organizações responsáveis por essas pequenas ferramentas. Um dos mais conhecidos desses folhetos já foi impresso em mais de 30 línguas, e tem mais de 100 milhões de cópias em circulação. Com isto em vista, é ainda mais urgente para mim dizer que se esses ou quaisquer outros folhetos "evangelísticos" não contiverem exatamente a mesma mensagem que o nosso Senhor pregou (e ordenou que seus discípulos pregassem "para todas as raças e nações"), então eles são piores que simples "ferramentas inadequadas", eles são perversos!

Pois a Bíblia diz em Provérbios "Como vinagre para os dentes e fumo para os olhos, assim é o mensageiro infiel para aqueles que o mandam." (Pv 10:26) Paulo disse que, se somos realmente cristãos, então somos "embaixadores de Cristo" (2Co 5:20) - somos representantes exclusivos de Deus nesta terra estrangeira conhecida como "mundo".

Com esta analogia em mente, considere o que um presidente pensaria de um embaixador em uma terra estrangeira, digamos, a Rússia, ao qual é entregue uma mensagem extremamente urgente que diz respeito à paz mundial. Imagine ainda que o embaixador (mesmo com as melhores intenções) transmita somente uma pequena parte da mensagem, dando uma impressão diferente - de fato, exatamente o oposto - daquela que o presidente queria dar. O que você acha que o presidente fará com o embaixador quando descobrir o dano que foi feito?

Folhetos como esses normalmente mencionam "algum tipo" de arrependimento como: "você precisa se voltar dos seus pecados para Jesus". Mas eles raramente explicam o que "se voltar" realmente significa. Isto também é verdade no que diz respeito a outros termos vitais como "Senhor" - eles freqüentemente se referem a Jesus como "Senhor", mas novamente, eles raramente definem "Senhorio" - e as pessoas seguem seu caminho, acreditando ter o pleno direito de continuar vivendo suas próprias vidas enquanto chamam Jesus de "Senhor". (Veja Mt 7:21, Lc 6:46).

Não me importo com o número de cartas que já recebi dizendo quão bom tem sido esse ou aquele ministério, ou como muitos foram "salvos" através desse ou daquele folheto. Jesus disse: "Por seus frutos os conhecereis" (Mt 7:16 - NVI) [Nota de Hélio: repudio a NVI e toda tradução baseada no Texto Crítico], e em outro lugar Ele disse "e o vosso fruto permaneça" (Jo 15:16), ou seja, "até o fim"! Naquele grande dia, quando Deus expuser as vidas dos homens para julgamento, veremos então quantos foram realmente convertidos pelos esforços desses ministros, e quantos viraram as costas para as veredas da justiça - sendo iludidos a crer nas agradáveis meias-verdades contidas nessas epístolas diluídas e falsas que foram levadas até os confins da terra por pessoas com as melhores intenções, e a mais alta integridade. (Mt 23:15)

A síndrome do "Pobre Jesus"

. Essa é a forma de pregação que faz mal uso da escritura em Ap 3:20, "Eis que estou à porta e bato . . ." Quantos evangelistas têm usado essa passagem da escritura para pintar uma patética figura de Jesus do lado de fora da porta, esperando, batendo, esperando que o pecador abrisse a porta e o deixasse entrar? Algumas vezes vão mais adiante, até que começa a soar como: "Ah, o pobre Jesus está lá fora, no frio, tremendo, esperando que alguém o convide a entrar. Você não quer então deixar o pobre Jesus entrar em seu coração?"

Que linha de raciocínio! Em primeiro lugar, a declaração do Senhor em Apocalipse não é para os não-salvos, mas para a Igreja de Laodicéia (Veja Ap 3:14). A figura é verdadeiramente patética. Jesus está do lado de fora de sua própria Igreja, batendo na porta para que o deixem entrar! (Soa familiar?). E se ainda restou alguma dúvida a respeito de para quem Ele estava falando, veja o verso 22, "Quem tem ouvidos ouça o que o Espírito diz às igrejas".

Em segundo lugar, a verdade quanto aos pecadores é exatamente o oposto. Jesus não está do lado de fora do seu mundo, batendo na porta para entrar - mas eles estão de fora do Seu Reino! E eles podem bater na porta toda a noite, como as virgens tolas (Mt 25:11), mas Jesus nunca os deixará entrar a não ser que cumpram os requisitos: um coração humilde e contrito, e um completo desgosto pelo pecado. Então, e somente então, Deus os libertará da escravidão do pecado - e os transportará pela sua graça ao Reino de Sua misericórdia. Deus nunca se arrependerá por ninguém - Ele dará todos os passos possíveis para fazer o pecador ver a tolice de seus caminhos, mas a atitude final pertence ao próprio indivíduo. A própria pessoa tem que fazer a entrega final, a exclamação desesperada de "Sou um tolo em viver a minha própria vida! Senhor, mostra-me o caminho para a tua porta, e eu baterei e baterei, e implorarei o Teu perdão ... Farei qualquer coisa, qualquer coisa, O QUE QUER QUE DISSERES!" Então, e somente então, Deus salvará o pecador.

Adesivos, Clichês Baratos, e Slogans "Cristãos".

É lamentável ver as lindas verdades da escritura sendo coladas por aí como se fossem propaganda de cerveja. Muitos pensam que é sábio "divulgar a Palavra" desta maneira. Porém, desta forma, a única coisa que fazemos é inocular pedaços da Palavra - dando a eles simples "projéteis evangelísticos." (E acabamos tornando mais difícil para eles "captarem" o verdadeiro sentido!) As pessoas se tornam insensíveis à verdade quando borrifamos nossos ditos levianos aos seus olhos à menor oportunidade. Você acha mesmo que isto é "abri-los para o evangelho?" Ou é na verdade um outro jeito de conseguir sorrisos, aplausos, e aprovação por parte dos outros membros do "clube dos nascidos de novo", no estacionamento do supermercado, que buzinam com alegria quando lêem o seu adesivo "Buzine se você ama Jesus!"?

O que dizer dos "outros ditos"? Aqueles, os quase-biblicos, como "Por favor, seja paciente comigo, Deus ainda não terminou!", que na verdade é um horrível substituto para: "Sinto muito." (e além do mais, põe a culpa na pessoa errada - "A razão pela qual eu sou um safado é porque Deus ainda não terminou sua obra em mim.")

E se você realmente quer brincar de "torcer a palavra" aqui está outra desculpa fabulosa que tira absolutamente toda a busca ou expectativa de santidade. "Os crentes não são perfeitos... apenas perdoados!" Ah, que conveniente! Poderíamos dizer também: "Os crentes não são morais, apenas perdoados!" ou que tal "Os crentes não são pessoas educadas, apenas perdoadas!". Que tal esta ainda "Os crentes não são salvos. . . apenas perdoados!" ? (Isto pode parecer um pouco profundo) O que dizer deste glorioso trecho de uma conversa: "A senhora não pode confiar sua filha adolescente ao meu filho crente, é melhor ficar de olho nele. . . ele não é seguro. . . apenas perdoado!".

Talvez eu tenha ido longe demais nesta demonstração, mas acho que o mundo já está com indigestão dos nossos ditos e "ferramentas de testemunho". É tempo de expressarmos a verdade com nossas vidas, e só então, com nossos lábios, a verdade plena de Deus!

O "Programa de Acompanhamento."

Cometemos ainda outro grande erro em nome do evangelismo. É o assim chamado "acompanhamento". Eu disse "assim chamado" por que ele "acompanha" o mesmo "evangelho" miserável e incompleto com um miserável, incompleto e falso substituto para o que a Bíblia chama de "discipulado".

Nosso "acompanhamento" normalmente consiste em um "pacote" de literatura que quase sempre inclui uma lista completa de todos os cultos e funções da Igreja. Esse "pacote" pode incluir também muitos itens "essenciais", como um estudo bíblico completo sobre "dízimo". Muitas vezes, também é incluído pelo menos um envelope de dízimo (é incrível, mas este é um dos "princípios" que todo novo crente aprende logo no início!).

Em meus estudos da vida de Jesus, o que me maravilhou foi que ele nunca teve um "programa de acompanhamento". O que ele fazia era levar as pessoas a "acompanhá-lO". Ele nunca tinha que ir de porta em porta, procurando aquele sujeito que havia sido curado na semana anterior, desejando compartilhar mais uma ou duas parábolas. Sua atitude parecia ser: "Se eles querem vida, então virão e me seguirão".

Você entendeu como somos tolos? Pregamos um evangelho sintético, de plástico. Levamos as pessoas à frente pelo "apelo" através de pressões psicológicas que nada têm a ver com Deus e "dirigimos" as pessoas em uma oração da qual eles não tem convicção. E então, para chegar ao cúmulo, damos "aconselhamento", dizendo a eles que é pecado duvidar da própria salvação!

CONCLUSÃO

Finalmente chegamos ao fim deste "estudo bíblico". Sim, é o que esta mensagem acabou se tornando. Espero que você dedique algum tempo para examinar as passagens bíblicas que foram citadas, e veja por si mesmo o que Deus disse em Sua Palavra sobre tudo isso. Reconheço que este artigo pisará em muitos calos, e alguns poderão até mesmo ficar profundamente ofendidos, mas minha intenção não foi esta. Minha oração é que, através deste pequeno esforço, muitos sejam levados a carregar a cruz e pregar as boas novas da nossa salvação com o mesmo poder e unção que Jesus prometeu e deu à Igreja primitiva, e que, quando nós ministros estivermos perante Ele naquele grande dia, sejamos capazes de dizer como Paulo, "Combati o bom combate, acabei a carreira, guardei a fé", e "tenho pregado o Evangelho de Cristo" (2 Tm 4:7; Rm 15:19), para que possamos ouvir aquelas doces palavras dos lábios do nosso Rei, "Bem está, servo bom e fiel!" (Mt 25:21)

Amados, o mundo ao nosso redor está indo para o inferno. E não é por causa do comunismo, nem da televisão, nem das drogas, ou sexo, ou álcool, ou mesmo o maligno. É por causa da Igreja! A culpa é toda nossa! Somente nós temos a comissão, o poder, e a verdade de Deus à nossa disposição para libertar pecador após pecador da morte eterna. E mesmo apesar de alguns desejarem ir...para as ruas, prisões, terras distantes, ou mesmo a casa do vizinho, o que eles levam é uma versão diluída, distorcida da mensagem de Deus, que Ele não prometeu abençoar. É por isso que falhamos. Temo que não exista esperança para nós ou para o mundo ao nosso redor, a não ser que admitamos que estamos falhando. Podemos escolher entre causar eterna tragédia à nossa geração, ou levar ao nosso amado Deus toda uma família cheia de "servos bons e fiéis".
Por favor, orem a este respeito. Deus espera encontrar você no seu quarto, em secreto (Mt 6:6).

Segue-se uma lista de livros para um estudo mais profundo sobre evangelismo e o conteúdo do Evangelho:
O Evangelho de Hoje: Autêntico ou Sintético? - Walter Chantry, Editora Fiel
Finney On Revival - Charles G. Finney, Fleming H. Revell Co.
Jóias de Tozer - A. W. Tozer, Editora Mundo Cristão
Este Cristão Incrível - A. W. Tozer, Editora Mundo Cristão
Evangelho Segundo Jesus - John F. MacArthur Jr, Editora Fiel (Acrescentado pelos tradutores)

Keith Green, cantor norte-americano, e Melody Green, sua esposa, renderam seus corações a Jesus em 1975. No dia 28 de julho de 1982, Keith e seus filhos Josiah e Bethany sofreram um acidente de avião e partiram para estar com o Senhor. Keith tinha então 28 anos de idade.

Keith Green

Traduzido por:
Renato N. Fontes
Elildo A R de Carvalho Jr.

Todas as citações bíblicas são da ACF (Almeida Corrigida Fiel, da SBTB). As ACF e ARC (ARC idealmente até 1894, no máximo até a edição IBB-1948, não a SBB-1995) são as únicas Bíblias impressas que o crente deve usar, pois são boas herdeiras da Bíblia da Reforma (Almeida 1681/1753), fielmente traduzida somente da Palavra de Deus infalivelmente preservada (e finalmente impressa, na Reforma, como o Textus Receptus).

http://solascriptura-tt.org)