Google+ O MEU POVO PERECE POR FALTA DE CONHECIMENTO.: Mulheres que ajudaram Jesus

domingo, 10 de maio de 2015

Mulheres que ajudaram Jesus

Mulheres que ajudaram Jesus



Dando sequencia a série de estudos das lições bíblicas da Escola Dominical, publicadas pela CPAD, o presente post estará focando a atuação feminina no ministério de Jesus. Já foi dito neste espaço que uma peculiaridade do Evangelho de Lucas é o destaque que este evangelista dá às mulheres. Este é o escrito em que
A mulher assume papel significante. A pecadora que ungiu Jesus e lavou os pés recebe a honra de ter o seu ato lembrado onde o Evangelho for pregado (Lc 7. 37 - 50). Algumas mulheres que auxiliavam o ministério de Jesus são apresentadas aqui: e também algumas mulheres que haviam sido curadas de espíritos malignos e doenças: Maria, chamada Madalena, de quem haviam saído sete demônios; Joana, mulher de Cuza, administrador da casa de Herodes; Susana e muitas outras. Essas mulheres ajudavam a sustentá-los com os seus bens (Lc 8. 2, 3 NVI [ver aqui]). 
Teólogos e teólogas adeptos da teologia feminista podem argumentar que tais textos são patriarcalistas, e emitem uma imagem negativa da mulher, mas há que se atentar, por exemplo, no caso da pecadora que a despeito do anonimato da mesma, Jesus deixa claro que onde o Evangelho fosse pregado o ato da mesma seria lembrado. Este estudo será guiado por alguns pressupostos que serão claramente delineados nas linhas abaixo.

O PRESSUPOSTO CANÔNICO

Alegar que a Bíblia foi escrita em um ambiente patriarcal traz um sério ônus. Demanda que se ignore que no cânon sagrado dois livros levam nomes de mulheres Rute e Ester, e que no segundo cânon, aparece uma personagem chamada Judite, que dá nome ao seu livro. A primeira história trata de uma moabita que com a ajuda de sua sogra consegue um parente remidor para sua herança. Dela vem ninguém mais, ninguém menos do que Davi, o grande rei de Israel.

O segundo livro traz a narrativa do judaísmo em contexto persa, e de uma trama engendrada por Hamã a fim de exterminar o povo judeu. Para Mardoqueu, tio da protagonista que dá nome ao livro, Ester foi colocada no palácio com vistas à preservação do povo judeu. E não há outra explicação para o estranho incidente com a rainha Vasti, que foi deposta por recusar-se a ser exposta à vista dos demais homens como uma prostituta.

(Aqui é conveniente que se explique que naqueles tempos, uma mulher expor a sua beleza equivalia a um desfile nu, situação esta aviltante para uma rainha, uma mulher oficial. Na verdade este procedimento era adotado com prostitutas e concubinas. A teologia feminista louva Vasti, ao invés de Ester, mas foi por meio desta, ao invés daquela que o povo de Deus foi preservado da trama de Hamã).

O caso de Débora tem de ser examinado com cuidado. Primeiro, ela é a mulher proeminente em Israel, na época dos juízes. Quando esta, por meio de um oráculo afirma que Baraque tem de ir à guerra e este recusa ir sem a presença da juíza, ela afirma que a honra de matar Sísera (general do exército inimigo), seria dada a uma mulher. Na narrativa as palavras da profetisa se concretizam, e Jael mata Sísera (Jz 4-5). Este autor não vê como tal narrativa pode se encaixar em um contexto cultural patriarcal.

Ainda dentro do livro de Juízes é possível a leitura de uma conspiração de Abimeleque contra os demais filhos de Gideão.
O desfecho da história em apreço foi o mais simples possível, ele morreu ferido por uma pedra lançada por uma mulher do alto de uma torre, ainda agonizante suplicou ao seu escudeiro que terminasse o trabalho, para que a honra de sua morte não fosse dada a uma mulher. Assim Deus retribuiu a maldade que Abimeleque praticara contra o seu pai, matando os seus setenta irmãos. Deus fez também os homens de Siquém pagarem por toda a sua maldade. A maldição de Jotão, filho de Jerubaal, caiu sobre eles (Jz 9. 56, 57 NVI [ver aqui]).  
Convém que se ressalte que segundo a narrativa, Abimeleque pediu ao seu escudeiro para que este o matasse, a fim de que não se soubesse que ele havia morrido pelas mãos de uma mulher, conforme de lê nas linhas abaixo
Porém uma mulher lançou um pedaço de uma mó sobre a cabeça de Abimeleque; e quebrou-lhe o crânio. Então chamou logo ao moço, que levava as suas armas, e disse-lhe: Desembainha a tua espada, e mata-me; para que não se diga de mim: Uma mulher o matou. E o moço o atravessou e ele morreu (Jz 9. 53, 54 ACF).
Mas há de se ressaltar que: em um ambiente supostamente patriarcalista, não há como entender que um copista tenha escrito de tal forma. O ideal seria que se levantasse um homem valente em Siquém que depusesse Abimeleque, o que não ocorreu.

Judite traz uma história cheia de anacronismos históricos e geográficos. Duas hipóteses podem ser levantadas, sendo a última improvável. A primeira é que o livro é uma novela, uma fábula. A segunda que o autor propositalmente usou este anacronismos a fim de ocultar a mensagem que ele queria transmitir ao povo daquele período.

No livro de Lucas é dito que Maria recebeu a visita do anjo a fim de lhe informar os planos de Deus para ela como mãe do Messias. Sem querer entrar na discussão a respeito do nascimento virginal de Cristo, e da obra do Espírito Santo; este autor gostaria de indagar aos proponentes da teoria patriarcal se algum deles consegue explicar porque o anjo não pediu autorização para José, e sequer comunicou a este em primeiro lugar?

Mateus, evangelho escrito para os judeus, deixa claro que José tomou ciência da natureza da gravidez de Maria bem depois, tanto que intentava deixá-la secretamente, a fim de não a infamar (Mt 1. 18). Este dado é importante. Se uma mulher fosse tratada com tamanho desdém, se esta fosse a regra, não haveria motivo para José arriscar a sua reputação para preservar a de Maria.

Mas curioso ainda é o fato de que cinco mulheres são citadas na genealogia de Jesus. Tamar, nora de Judá é a primeira. Esta usa de artimanha para com o mesmo visto que seu sogro não havia cumprido a palavra em dar seu filho mais novo como marido da mesma a assim suscitar descendência. A simples menção desta é um testemunho da mazela deste patriarca. 

Raabe é a meretriz que acolheu os espias em sua casa. Ela é a segunda mulher estrangeira que entra na genealogia de Cristo em um evangelho direcionado aos judeus, supostamente patriarcais. Do ponto de vista publicitário isto não seria nada bom, caso as pressuposições da teologia feminista esteja acertada. 

Rute é a terceira. Ela é moabita, e a lei preconizava: nenhum amonita nem moabita entrará na congregação do Senhor; nem ainda a sua décima geração entrará na congregação do Senhor eternamente (Dt 23. 3 ACF). as tanto Rute é aceita, seu tataraneto vem a ser Rei em Israel. A quarta mulher é Bete-Seba, uma adúltera. Estão presentes mulheres gentias e de má fama na genealogia de Jesus. 

A exceção é Maria, mas cujo incidente da inexplicável e inacreditável gravidez deve de ter provocado comentários. José não queria representar acusação formal contra a mesma, mas intentava deixá-la secretamente, até que em visão Deus se comunica com ele e as más impressões são desfeitas e ele a recebe como sua mulher. 

Além do mais, há de se observar a contínua ocorrência de nomes de mulheres nos capítulos iniciais do Evangelho de Lucas, bem como a canonização de cânticos atribuídos às mesmas. Maria, Isabel (mulher de Deus), Ana (graciosa), são algumas das protagonistas iniciais deste tão maravilhoso Evangelho.

O PRESSUPOSTO HERMENÊUTICO

É possível que diante das colocações supra alguém ainda objete que neste contexto as mulheres desempenharam uma função secundária, em outras palavras não foram protagonistas, mas coadjuvantes. Mas o que não se deve ignorar é que na Bíblia nem os homens são vistos como personagens principais. O personagem principal na Bíblia é o próprio Deus, conforme se lê nas linhas subsequentes
Ó Senhor, Senhor nosso, quão admirável é o teu nome em toda a terra, pois puseste a tua glória sobre os céus! Tu ordenaste força da boca das crianças e dos que mamam, por causa dos teus inimigos, para fazer calar ao inimigo e ao vingador. Quando vejo os teus céus, obra dos teus dedos, a lua e as estrelas que preparaste; Que é o homem mortal para que te lembres dele? e o filho do homem, para que o visites? Pois pouco menor o fizeste do que os anjos, e de glória e de honra o coroaste. Fazes com que ele tenha domínio sobre as obras das tuas mãos; tudo puseste debaixo de seus pés: Todas as ovelhas e bois, assim como os animais do campo, As aves dos céus, e os peixes do mar, e tudo o que passa pelas veredas dos mares. Ó Senhor, Senhor nosso, quão admirável é o teu nome sobre toda a terra! (Sl 8. 1 - 9 ACF). 
do presente texto algumas verdades serão destacadas

  1. O Salmo começa e termina com um louvor ao nome do Senhor. Não é o nome de Abraão, de Isaque, de Jacó, Moisés, Elias, Davi, mas do Senhor, que é exaltado em toda a terra. 
  2. As crianças eram vistas com desprezo no período bíblico, logo quando o salmista diz: Tu ordenaste força da boca das crianças e dos que mamam, por causa dos teus inimigos, para fazer calar ao inimigo e ao vingador, ele está dizendo que Deus usa os desprezados para a consecução de seus planos. 
  3. Maria entendeu esta verdade, tanto que em seu cântico ela diz: atentou na baixeza de sua serva; Pois eis que desde agora todas as gerações me chamarão bem-aventurada, Porque me fez grandes coisas o Poderoso; E santo é seu nome (Lc 1. 46, 47 ACF). 
  4. Ser humano algum, seja homem seja mulher, é coisa alguma diante do cosmos criado por Deus. Porém, Deus submeteu ao ser humano o domínio da natureza. 
  5. O início e o fim da presente obra poética indica que a finalidade divina é fazer o seu nome ser glorificado em toda a terra. 

Aqui é possível vislumbrar que o centro da história sagrada é o próprio Deus. Assim, cabem aqui as considerações feitas por Douglas Stuart a respeito do teor das narrativas, para quem Deus é o herói de todas as narrativas bíblicas. Não se trata então de hierarquização entre Abraão e Sara, mas de compreender que tanto o patriarca com sua carne mortificada, quanto a esposa depois de passado o período fértil, são alvos da misericórdia divina, que lhes dá um filho temporão e lhes suscita descendência. 

Há de se reparar que no texto bíblico a palavra heróis não aparece, os homens e mulheres de fé, são pessoas que da fraqueza suscitaram a força. É isto que se lê claramente no texto sagrado (Hb 11. 34). Se há louvor aos homens há de se reparar que estes são antigos que alcançaram testemunho (Hb 11. 2), e entre eles aparecem Sara, Raabe, e mulheres que receberam pela ressurreição os seus mortos

Tanto as mulheres quanto os homens são colocados neste texto como testemunhas que rodeiam os santos, constituindo assim motivação para que os mesmos prossigam na carreira que lhes foi proposta. Tal como ocorreu com as testemunhas citadas pelo autor (Hb 11), a garantia dos santos é o próprio Cristo autor e consumador da fé dos mesmos. 

MULHERES QUE AJUDARAM A JESUS

O consenso dentro da Teologia ortodoxa é o de que 
O evangelho de Cristo trouxe uma revolução na posição social das mulheres, e o ponto inicial foi o favor de Deus para com a virgem Maria (Lc 1. 28, 30,42, 48). O Senhor Jesus ensinou às mulheres (Jo 4. 10 - 26; 11. 20 - 27) e recebeu seus atos de bondade e apoio financeiro (Lc 8. 3; 10. 38 - 42; 23. 56). Elas devem ser consideradas como espiritualmente iguais em Cristo (Gl 3. 28). 
Após a ressurreição de Cristo, as mulheres se uniram com outros discípulos em oração e plena comunhão (At 1. 14). Portanto elas evidentemente ajudaram a eleger Matias (At 1. 15 - 26). Elas receberam o poder e os dons do Espírito Santo junto com os homens no dia de Pentecostes (At 2. 1 - 11, 17, 18). Na vida das igrejas primitivas as mulheres estavam sempre entre os primeiros crentes (At 5. 14; 12. 12; 16. 14, 15; 17. 4, 34)). Algumas como Lídia, Priscila, e Febe eram extraordinárias como colaboradoras de Paulo e como mulheres em cujas casas as Igrejas se reuniam (Rm 16. 1 - 5). Embora fosse permitido que as mulheres cristãs orassem e profetizassem na Igreja (dicionário Wycliffe, artigo mulher). 
Para os que diante das colocações acima ainda ousem apelar ao texto paulino em que o silêncio é recomendado às mulheres, convém ressaltar que a liderança da liturgia pública era  vedada às mesmas. Quando ao mais eram iguais. O que é reforçado pelos seguintes fatos:

  1. Jesus é chamado de semente da mulher (Gn 3. 15; Ap 12. 17). 
  2. Nascido de mulher (Gl 4. 4, 5). 
  3. Aceitou o sustento e a ajuda ministerial feminina em seu ministério (Lc 8. 2, 3)
  4. Aceitou a adoração de uma pecadora, e concomitantemente repreendeu um anfitrião desatento às formalidades da hospitalidade da época (Lc 7. 36 - 50). 
  5. Aceitou as misericórdias das mesmas junto à cruz
  6. Ignorou as formalidades da época quando se valeu do testemunho das mulheres para que estas divulgassem a notícia da ressurreição (Lc 24. 1 -8). 
  7. Foi o testemunho destas que provocou a necessidade de averiguação dos  fatos na igreja primitiva (Lc 24. 9 - 11, 22 - 24). 
Em Cristo. Marcelo Medeiros

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