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sexta-feira, 28 de março de 2014

REFORMA, TEOLOGIA, IGREJA E A ÉTICA SOCIAL

O ser humano redimido continua com as suas responsabilidades diante da criação. Todos contribuem com o desenvolvimento cultural. Cada indivíduo imprime uma direção à realidade e os recursos que tem diante de si de acordo com a sua vocação ou necessidade. Na perspectiva da fé cristã, o desafio para o cristão consiste em trabalhar na restauração de toda criação de Deus, uma vez que esta - toda ela - sofre as consequências da Queda. Há, portanto, esta dimensão pública da fé, uma vez que os cristãos são chamados a viver sob a nova perspectiva da redenção até a restauração de toda a criação de Deus. E, como enfatizam Colson e Pearcey, "essa meta redentora penetra em tudo que fazemos, pois não há nenhuma linha divisória invisível entre o sagrado e o secular" (2000, p. 353). A redenção, portanto, conclui Pearcey, "não é somente ser salvo do pecado, mas também ser salvo para algo − retomar a tarefa para a qual fomos originalmente criados" (2006, p. 51), numa alusão explícita a Genesis 1 e 2. 

Assim - como o holandês Abraham Kuyper já expunha -, Cristo não é somente Mediador da redenção, mas também da Criação. Uma ideia evidenciada também no Evangelho de João (BRATT, 1998, p. 183). Cristo teria morrido, portanto, não apenas pelos pecadores, mas também por um mundo perdido - poderíamos dizer cosmos ou criação. O trabalho que os seres humanos precisam realizar, portanto, não é uma mera punição que recebem como um castigo pelo pecado, mas uma tarefa já prevista por Deus desde a Criação onde tudo era muito bom. O trabalho assumido como meio de desenvolvimento cultural. Este mandato é instituído já na Criação pelo próprio Criador.

A pregação e o ensino da igreja cristã podem contribuir na propagação de um evangelho que desperta consciências para a responsabilidade ecológica. Isso acontece na medida em que se regata a cosmovisão cristã em sua integralidade. O Deus que se encarna pela redenção de todas as coisas não é outro senão aquele que criou todas as coisas. Se, como nos lembrou Stott, Deus não se interessa por uma vida religiosa separada da realidade humana em seu dia a dia, os ensinamentos do neocalvinista holandês Abraham Kuyper também já assim o fazia no século XIX:

Se Deus é Soberano, então seu senhorio deve permanecer sobre toda a vida e não pode ser trancada dentro das paredes da igreja ou dos círculos cristãos. O mundo não cristão não foi entregue a Satanás ou à humanidade caída ou ao acaso. A soberania de Deus é grandiosa e domina também em reinos não batizados, portanto nem o trabalho de Cristo no mundo, nem o filho de Deus pode ser arrancado para fora da vida. Se o seu Deus trabalha no mundo, então você deve colocar a mão no arado para que lá também o nome do Senhor seja glorificado (BRATT, 1998, p. 166).


E, assim, sem a pretensão de dar o assunto por encerrado, fica o desafio para que a comunidade cristã assuma a sua responsabilidade para com a boa criação de Deus. 

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