Google+ O MEU POVO PERECE POR FALTA DE CONHECIMENTO.: Mundanismo/ Secularismo/ Teologia Liberal

domingo, 25 de maio de 2014

Mundanismo/ Secularismo/ Teologia Liberal

*Mundanismo/ Secularismo/ Teologia Liberal

Por John MacArthur


O pragmatismo é realmente uma séria ameaça?

Estou convencido de que o pragmatismo apresenta precisamente a mesma sutil ameaça para a igreja em nosso tempo que o modernismo representou há quase um século.

O Modernismo foi um movimento que abraçou a chamada alta crítica e a teologia liberal enquanto negava quase todos os aspectos sobrenaturais do Cristianismo. Mas o modernismo não se apresentou primeiramente como um ataque evidente à doutrina ortodoxa. Os modernistas mais antigos pareciam preocupados principalmente com a unidade interdenominacional. Eles estavam dispostos a subestimar a doutrina em prol daquela meta, porque eles acreditavam que a doutrina era inerentemente divisionista e que uma igreja fragmentada seria irrelevante nos tempos modernos. Para aumentar a relevância do Cristianismo, os modernistas procuraram sintetizar ensinos cristãos com os mais recentes insights da ciência, filosofia, e crítica literária.

Modernistas viam a doutrina como um assunto secundário. Eles enfatizavam a fraternidade e a experiência, minimizavam as ênfases nas diferenças doutrinárias. Eles acreditavam que a doutrina deveria ser fluida e adaptável - certamente não como alguma coisa pela qual valha e pena lutar. Em 1935 John Murray fez esta avaliação do modernista típico:
"O modernista muito freqüentemente orgulha-se na suposição de que ele se preocupa com a vida, com os princípios de conduta e com a colocação em prática dos princípios de Jesus em todas as áreas da vida: individual, social, eclesiástica, trabalhista e política. Seu slogan tem sido que o Cristianismo é vida, não doutrina, e ele pensa que a ortodoxia Cristão ou fundamentalista, como ele gosta de chamar, simplesmente está preocupada com a conservação e perpetuação de dogmas desgastados de convicção doutrinária, uma preocupação que faz da ortodoxia, na opinião dele, uma petrificação fria e inanimada do cristianismo. ["A Santidade da Lei Moral", Escritos Selecionados de John Murray 4 vols. (Edimburgo: Banner of Truth, 1976), 1:193.]
Quando os precursores do modernismo começaram a surgir no fim do século XIX, poucos cristãos ficaram preocupados. As controvérsias mais quentes naqueles dias eram reações relativamente pequenas contra homens como Charles Spurgeon - homens que estavam tentando advertir a igreja sobre a ameaça que pairava sobre ela. A maioria dos cristãos - particularmente líderes das igrejas - não estavam nem um pouco abertos para tais advertências. Afinal de contas, não era como se estranhos estivessem impondo ensinos novos na igreja; estas eram pessoas de dentro das denominações - e grandes estudiosos do assunto. Certamente eles não tinham nenhum plano para arruinar o núcleo da teologia ortodoxa ou atacar o próprio coração do cristianismo. Divisionismo e cisma pareciam perigos muito maiores que a apostasia.

Mas quaisquer que tenham sido os motivos dos modernistas no princípio, as idéias deles representaram uma ameaça séria à ortodoxia, como a história provou. O movimento gerou ensinos que dizimaram praticamente todas as principais denominações na primeira metade do século XX. Subestimando a importância da doutrina, o modernismo abriu a porta para o liberalismo teológico, o relativismo moral, e a acentuada incredulidade . A maioria dos evangélicos hoje tende a comparar a palavra "modernismo" com a negação completa da fé. É frequentemente esquecido que o alvo dos primeiros modernistas simplesmente era tornar a igreja mais "moderna", mais unificada, mais relevante, e mais aceitável para uma cética era moderna.

O alvo é o mesmo dos pragmatistas de hoje.

Como a igreja de cem anos atrás, nós moramos em um mundo de mudanças rápidas - grandes avanços na ciência, na tecnologia, na política mundial, e na educação. Como os irmãos daquela geração, os cristãos hoje estão abertos, até mesmo ansiosos, por mudanças na igreja. Como eles, nós ansiamos por unidade entre os crentes. E como eles, somos sensíveis à hostilidade de um mundo incrédulo.

Infelizmente, há pelo menos um outro paralelo entre a igreja de hoje e a igreja do fim do século dezenove: muitos cristãos parecem completamente inconscientes - se não pouco dispostos a enxergar -  que sérios perigos ameaçam a igreja, vindo de dentro. No entanto, se a história de igreja nos ensina alguma coisa, ela ensina que as agressões mais devastadoras contra a fé sempre começaram com erros sutis que surgem de dentro.

Vivendo em uma era instável, a igreja não pode se dar ao luxo de ficar vacilando. Ministramos a pessoas desesperadas por respostas, e não podemos minimizar a importância da verdade ou atenuar o Evangelho. Se nos tornamos amigos do mundo, posicionamo-nos como inimigos de Deus. Se confiamos em dispositivos mundanos, automaticamente renunciamos ao poder do Espírito Santo.

Essas verdades são repetidamente afirmadas na Bíblia: "Não sabeis que a amizade do mundo é inimizade com Deus? Portanto qualquer que quiser ser amigo do mundo constitui-se inimigo de Deus." (Tg 4:4). "Não ameis o mundo, nem o que há no mundo. Se alguém ama o mundo, o amor do Pai não está nele." (1 Jo. 2:15).

"Não há rei que se salve com a grandeza de um exército; não há valente que se livre pela muita força. O cavalo é vão para a segurança; não livra a ninguém com a sua grande força." (Ps. 33:16, 17). "Ai dos que descem ao Egito a buscar socorro, que se estribam em cavalos, e têm confiança em carros, porque são muitos, e nos cavaleiros, porque são poderosíssimos, mas não atentam para o Santo de Israel, nem buscam ao Senhor." (Is 31:1). "Não por força nem por poder, mas pelo meu Espírito, diz o Senhor dos Exércitos." (Zc. 4:6).

O mundanismo ainda é um pecado?

Mundanismo é até mesmo raramente mencionado hoje, muito menos identificado pelo que realmente é. A própria palavra está começando a soar esquisita. Mundanismo é o pecado da pessoa permitir que seus apetites, ambições, ou conduta sejam moldados de acordo com valores terrestres. "Pois tudo o que há no mundo, a concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida, não é do Pai, mas do mundo. Ora, o mundo passa, e a sua concupiscência, mas aquele que faz a vontade de Deus permanece para sempre." (1 Jo. 2:16, 17).

Entretanto hoje nós vemos o extraordinário espetáculo dos programas de igreja projetados explicitamente para suprir o desejo carnal, apetites sensuais, e o orgulho humano; "a concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida." Para alcançar esse apelo mundano, as atividades da igreja vão frequentemente além do meramente frívolo. Durante vários anos um colega meu tem colecionado um "arquivo de horrores" com recortes que informam como igrejas estão empregando inovações para impedir que os cultos de adoração tornem-se tediosos. 

 Na última meia década, algumas das maiores igrejas evangélicas dos Estados Unidos empregaram esquemas mundanos como comédias "pastelão", shows de variedades, exibições de luta livre, e até mesmo Strip-tease simulado, para apimentar as suas reuniões de domingo. Nenhum tipo de grosseria, ao que parece, é ultrajante demais para ser trazido ao santuário. O entretenimento está rapidamente se tornando a liturgia da igreja pragmática.

Além disso, muitos na igreja acreditam que este é o único meio de alcançarmos o mundo. Se as multidões de sem-igreja não querem hinos tradicionais e pregação bíblica, dizem-nos, temos que lhes dar o que eles querem. Centenas de igrejas seguiram precisamente essa teoria, chegando ao ponto de promover pesquisas entre os incrédulos para aprender o que os levaria a comparecerem.

Sutilmente o alvo maior vem se tornando a frequência à igreja e a aceitação por parte do mundo em vez de uma vida transformada. Pregar a Palavra e corajosamente confrontar o pecado são vistos como meios arcaicos, ineficazes de ganhar o mundo. Afinal de contas, essas coisas na verdade afugentam a maioria das pessoas. Por que não atraí-las ao aprisco oferecendo o que elas querem, criando um ambiente amigável, confortável, e suprindo exatamente aqueles desejos que são os mais prementes? Como se pudéssemos fazer com que eles aceitem Jesus tornando-O de alguma forma mais agradável ou fazendo a mensagem dEle menos ofensiva.

Esse tipo de pensamento provoca um grave desvio na missão da igreja. A Grande Comissão não é um manifesto de marketing. Evangelismo não requer vendedores, mas profetas. É a Palavra de Deus, não alguma sedução terrena, que planta a semente para o novo nascimento (1 Pe 1:23). Nós ganhamos nada mais que o desprazer de Deus se buscamos remover a ofensa da cruz (Gl 5:11).

Toda inovação é errada?

Por favor não entendam mal minha preocupação. Não é à inovação em si que eu me oponho. Eu reconheço que estilos de adoração estão sempre em transformação. Também percebo que se o Puritano típico do décimo sétimo século entrasse na Grace Community Church (onde eu sou o pastor) ele poderia ficar chocado com nossa música, provavelmente espantado por ver homens e mulheres sentados juntos, e muito possivelmente perturbado por nós usarmos um sistema de alto-falantes para falar à igreja. O próprio Spurgeon não apreciaria nosso órgão. Mas eu não sou a favor de uma igreja estagnada. Não estou preso a nenhum estilo musical ou litúrgico em particular. Essas coisas por si só são assuntos que as Escrituras sequer abordam. 

Também não penso que minhas preferências pessoais em tais assuntos são necessariamente superiores às preferências de outros. Não tenho nenhum desejo de fabricar algumas regras arbitrárias que governam o que é aceitável ou não em cultos da igreja. Fazer assim seria a essência do legalismo.

Minha queixa é quanto a uma filosofia que relega a Palavra de Deus a um papel secundário na igreja. Eu creio que é anti-bíblico elevar o entretenimento acima da pregação e da adoração no culto da igreja. E eu me oponho àqueles que acreditam que técnicas de vendas podem trazer as pessoas ao reino mais efetivamente do que um Deus soberano. Essa filosofia abriu a porta para o mundanismo na igreja.

"Não me envergonho do evangelho", escreveu o apóstolo Paulo (Rom. 1:16). Infelizmente, "envergonhado do evangelho" parece cada vez mais uma hábil descrição de algumas das igrejas mais visíveis e influentes do nosso tempo.

Eu vejo impressionantes paralelos entre o que está acontecendo na igreja hoje e o que aconteceu cem anos atrás. Quanto mais eu leio sobre aquela época, mais a minha convicção é reforçada de que estamos vendo a história se repetir.

Tradução: Centurio

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WALLPAPER / MUNDANISMO











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Dr. Augustus Nicodemus G. Lopes

LIBERALISMO E FUNDAMENTALISMO TEOLÓGICO

Por Elvis Brassaroto Aleixo


Teólogo brasileiro respeitado e reconhecido por sua sólida contribuição acadêmica, Augustus Nicodemus é professor visitante de Novo Testamento no Centro Presbiteriano de Pós-Graduação Andrew Jumper (CPAJ), da Universidade Mackenzie. Doutorou-se em Hermenêutica e Estudos Bíblicos (Ph.D., NT) no Westminster Theological Seminary (1993). É Chanceler da Universidade Presbiteriana Mackenzie e pastor auxiliar da Igreja Presbiteriana de Santo Amaro (S). E, também, autor de vários livros, entre eles: Calvino, o teólogo do Espírito Santo (1996), O que você precisa saber sobre batalha espiritual (1997), Calvino e a responsabilidade social da Igreja (1997), A Bíblia e a sua família (2001), O culto espiritual (2001) e A Bíblia e seus intérpretes (2004), além de diversos artigos acadêmicos. Na entrevista que segue, ele nos fala um pouco sobre assuntos que têm provocado polêmica entre os teólogos evangélicos: o liberalismo e o fundamentalismo teológico. 


Defesa da Fé –
 O liberalismo teológico não surgiu do nada. Quais foram os acontecimentos históricos que preparam o caminho para o seu surgimento?

Profº Nicodemus – O liberalismo é, de muitas maneiras, um fruto do Iluminismo, movimento surgido no início do século 18 que tinha em seu âmago uma revolta contra o poder da religião institucionalizada e contra a religião em geral. As pressuposições filosóficas do movimento eram, em primeiro lugar, o Racionalismo de Descartes, Spinoza e Leibniz, e o Empirismo de Locke, Berkeley e Hume. Os efeitos combinados dessas duas filosofias — que, mesmo sendo teoricamente contrárias entre si, concordavam que Deus tem de ficar de fora do conhecimento humano — produziu profundo impacto na teologia cristã. Como resultado da invasão do Racionalismo na teologia, chegou-se à conclusão de que o “sobrenatural não invade a história”. A história passou a ser vista como simplesmente uma relação natural de causas e efeitos. O conceito de que Deus se revela ao homem e de que intervém e atua na história humana foram logo excluídos.

A fé cristã histórica sempre acreditou que os milagres bíblicos realmente ocorreram como narrados. Milagres como o nascimento virginal de Cristo, os milagres que o próprio Cristo realizou, sua ressurreição física dentre os mortos, os milagres do Antigo e Novo Testamentos, de maneira geral, são todos considerados fatos.

O teólogo liberal, por sua vez, e os neo-ortodoxos fazem distinção entre historie (história, fatos brutos) e heilsgeschichte (história santa, ou história salvífica), criando dois mundos distintos e não conectados: o mundo da história bruta, real, factível e o mundo da fé, da história da salvação. Temas como criação, Adão, queda, milagres, ressurreição, entre outros, pertencem à história salvífica e não à história real e bruta. Para os liberais e os neo-ortodoxos, não interessa o que realmente aconteceu no túmulo de Jesus no primeiro dia da semana, mas, sim, a declaração dos discípulos de Jesus que diz que Jesus ressuscitou. Assim, o que eles querem afirmar com isso é bastante diferente daquilo que a fé cristã histórica acredita. Na verdade, eles consideram que os relatos bíblicos dos milagres são invenções piedosas do povo judeu e dos primeiros cristãos, mitos e lendas oriundos de uma época pré-científica, quando ainda não havia explicação racional e lógica para o sobrenatural.

Defesa da Fé – O alemão J. Solomon Semler distinguiu a “Palavra de Deus” da “Escritura”, e esse é um dos princípios que norteiam o liberalismo teológico. O senhor poderia nos esclarecer um pouco mais sobre essa distinção?

Profº Nicodemus – Por detrás desta declaração de Semler está a crença de que a Escritura contém erros e contradições, lado a lado com aquelas palavras que provêm de Deus. Desta declaração, percebe-se também os pressupostos racionalistas do Iluminismo quanto à impossibilidade do sobrenatural na história. Partindo desses pressupostos teológicos, os críticos iluministas se engajaram na busca da Palavra de Deus que, supostamente, estava dentro da Escritura, misturada com erros e contradições. Essa busca se tornou o objetivo do método histórico-crítico, que é fazer a separação entre essas duas coisas, por meio da exegese “científica”, e descobrir a Palavra de Deus dentro do cânon da Bíblia. O subjetivismo inerente aos critérios utilizados para reconhecer a Palavra de Deus dentro do cânon fez que os resultados fossem completamente díspares. Até hoje, não existe um consenso do que seria a Palavra de Deus, dentro do cânon, reconhecida e aceita pelos próprios críticos.

Defesa da Fé – Quais são as implicações mais prejudiciais dessa diferença para o cristianismo?

Profº Nicodemus – O problema que os evangélicos e conservadores sempre tiveram com essa diferenciação e com o método histórico-crítico que surgiu dela é que ambos pressupõem, desde o início, o direito que o crítico tem de emitir juízos sobre as afirmações bíblicas como sendo ou não verdadeiras. Para os críticos liberais, interpretar a Bíblia historicamente significava, quase que por definição, reconhecer que a Bíblia contém contradições. Para eles, qualquer abordagem hermenêutica deixa de ser histórica se não aceitar essas contradições. Em resumo, concordar que a Bíblia não era totalmente confiável se tornou um dos princípios operacionais do liberalismo e de seu “método histórico-crítico”. 


Tal desconfiança se percebe, por exemplo, nas declarações de Ernest Käsemann, um dos críticos recentes mais proeminentes. Seu desejo é “distanciar-se da superstição incompreensível de que no cânon [bíblico] somente a fé genuína se manifesta”. Para ele, “a Escritura, à qual as pessoas se rendem de maneira não-crítica, não leva somente à multiplicidade de confissões, mas também a uma confusão indistinguível entre fé e superstição”. Essas declarações de Käsemann representam bem o pensamento liberal sobre a Bíblia.

Defesa da Fé – Em face disso tudo, quem é Jesus para os teólogos liberais? É Deus salvador?

Profº Nicodemus – Segundo Bultmann, um dos maiores liberais de épocas recentes, a única coisa histórica no credo apostólico é a declaração “Cristo padeceu sob Pôncio Pilatos”. As demais declarações são todas invenções da fé criativa da Igreja primitiva. O Jesus histórico foi uma pessoa normal, filho de Maria e, talvez, de José, que ganhou status de Salvador, Messias e Deus por meio da fé dos discípulos e, particularmente, de Paulo. Na realidade, segundo os liberais, Jesus teria sido um profeta, um contador de histórias, um lutador contra as desigualdades, um homem sábio, entre outras versões. Todas elas concordam, porém, que Jesus não era divino, não ressuscitou dos mortos e nunca se proclamou Filho de Deus e Messias.

Defesa da Fé – Há, também, a questão do mito fundante que afirma que Adão não existiu. Mito esse que, às vezes, tenta conciliar evolucionismo com criacionismo. Como o liberalismo lida com o livro de Gênesis?

Profº Nicodemus – Os liberais acreditam que a Igreja Cristã se perdeu completamente na interpretação da Bíblia através dos séculos e que somente com o advento do Iluminismo, do racionalismo e das filosofias resultantes é que se começou a analisar criticamente a Bíblia e a teologia cristã, expurgando-as dos alegados mitos, fábulas, lendas, acréscimos, como, por exemplo, os mitos da criação e do dilúvio e de personagens inventados como Adão e Moisés, etc. Por considerar os relatos da criação, da formação de Adão e sua queda como mitos, os liberais tratam o livro de Gênesis como uma produção da fé de Israel escrita com o propósito de legitimar a posse e a permanência de Israel na terra. Acreditam que Gênesis foi redigido em sua forma final no período do exílio babilônico, por um editor que colecionou e colou juntos relatos díspares sobre a criação, a história do dilúvio, etc. Por não considerarem histórico o relato da criação, os liberais são, por via de regra, evolucionistas. Alguns acreditam que Deus criou o mundo mediante o processo da evolução. Mas, no geral, descartam completamente a ideia de uma criação do mundo e do homem ex nihilo, do nada, pela palavra do seu poder.

Defesa da Fé – Em sua avaliação, o liberalismo pode ser apontado como um dos fatores responsáveis pela adesão às causas pró-homossexualidade que adentraram em muitas igrejas dos EUA e que já começaram a grassar no Brasil?

Profº Nicodemus – Sim, mas sem generalizar. Uma vez que a Bíblia é vista como reflexo da fé e da crença do povo de Israel e dos primeiros cristãos, e não como Palavra infalível de Deus, os valores e os conceitos que ela traz são vistos como culturalmente condicionados e irrelevantes aos tempos modernos, em que os valores são outros. Dessa forma, o que a Bíblia diz, por exemplo, sobre a prática homossexual, é interpretado pelos liberais como fruto da cultura da época, que não sabia que a homossexualidade é uma opção sexual, e também que as pessoas nascem geneticamente determinadas à homossexualidade. Em igrejas onde a ética da Bíblia é vista como ultrapassada, fica aberta a porta para a conformação da ética da Igreja à ética do mundo.

Defesa da Fé – Em que sentido podemos dizer que a teologia liberal promoveu o (macro) ecumenismo? O liberalismo chega a ponto de validar sistemas de crenças díspares do cristianismo?

Profº Nicodemus – Para o liberalismo clássico, inspirado por F. Schleiermacher, religião era simplesmente “o sentimento e o gosto pelo infinito” e consistia, primariamente, em emoções. A experiência humana marcava os limites do que se podia especular acerca da realidade. O essencial do sentimento religioso é o senso de dependência de Deus, que produz consciência ou intuição da sua realidade. Fé e ação eram coisas secundárias. O sentimento religioso é algo universal, isto é, cada ser humano é capaz de experimentá-lo. É esse sentimento que dá validade às experiências religiosas e que torna o ecumenismo possível. Uma vez que se entende que religião é basicamente o gosto pelo infinito, e que encontramos esse gosto em todas as religiões, temos aí a base para dizer que todas as religiões são iguais e querem a mesma coisa, diferindo apenas na maneira como pretendem alcançar esse alvo. O macroecumenismo é filho do liberalismo teológico.

Defesa da Fé – Considerando o ciclo da criação e recepção teológica (Europa, América do Norte e América do Sul), o senhor julga que o liberalismo pode ter decretado a decadência da Igreja evangélica na Europa?

Profº Nicodemus – Creio que esse seja um dos fatores, mas outros poderiam também ser apontados, como, por exemplo, a secularização da vida e da sociedade européia, o materialismo e o abandono dos princípios do cristianismo em todas as áreas da vida. Até mesmo igrejas que não são liberais têm dificuldade em se manter na Europa de hoje. Todavia, o liberalismo teológico é responsável pelo esvaziamento das igrejas históricas e tradicionais, mas não necessariamente pela secularização do continente como um todo.
Defesa da Fé – Já é possível mencionar alguns de seus efeitos mais notáveis na América Latina e, mais especificamente, no Brasil?

Profº Nicodemus – Sim, sem dúvida. Mas o liberalismo teológico que chegou em nosso país já chegou com formas e propostas diferentes, associado, por exemplo, com a teologia da libertação. Os cursos de teologia oferecidos em universidades seculares ou em universidades teológicas sem nenhum compromisso com a infalibilidade das Escrituras são a porta de entrada do liberalismo em nosso país. O que se percebe claramente é a busca, por parte dos evangélicos, da respeitabilidade acadêmica oferecida pela academia secular. Isso tem feito que o “evangelicalismo” submeta suas instituições teológicas de formação pastoral aos padrões educacionais do Estado e das universidades. Esses padrões, ao contrário do que se pensa, não são cientificamente neutros. São comprometidos metodológica, filosófica e pedagogicamente com a visão humanística e secularizada do mundo. Os cursos de teologia e ciências da religião oferecidos pelas universidades são, geralmente, dominados pelo liberalismo teológico e pelo método histórico-crítico. Com a busca acentuada por um diploma de teologia reconhecido, os evangélicos correm o risco de sacrificar seu compromisso com as Escrituras em troca de qualidade científica prometida e oportunidade de emprego.

Defesa da Fé – Muito dessa discussão permeou as denominações de confissão histórica. Seria correto afirmar que as denominações pentecostais ficaram isentas de problemas com o liberalismo?

Profº Nicodemus – Absolutamente não. Hoje, um dos maiores defensores do teísmo aberto em nosso país – ideologia que nega a soberania de Deus e a sua onisciência – é pentecostal. Por não terem investido, no passado, em uma boa educação teológica de seus pastores e obreiros, muitas igrejas pentecostais, hoje, têm um tremendo passivo teológico. Várias delas têm sucumbido ao liberalismo teológico quando enviam seus obreiros para serem preparados em cursos de teologia e ciências da religião comprometidos com o método histórico-crítico. Esses obreiros voltam para as igrejas com a cabeça completamente virada e, às vezes, não creem em mais nada. Julgo que o liberalismo foi nocivo e atingiu tanto os tradicionais como os pentecostais.

Defesa da Fé – Falando, agora, sobre o fundamentalismo, em que termos essa corrente contribuiu para promover a apologética, na medida em que se opôs ao liberalismo?

Profº Nicodemus – O fundamentalismo histórico nasceu em defesa da fé cristã, ameaçada, na época, pelo liberalismo teológico. Portanto, o fundamentalismo foi um movimento apologético de defesa da fé, porque entendia que a tarefa da Igreja cristã era defender a fé que uma vez por todas foi entregue aos santos. Nesse aspecto, é positiva a disposição de se lutar em favor da fé bíblica, identificando inimigos potenciais do cristianismo, como o liberalismo teológico, o humanismo, o evolucionismo e o “evangelicalismo”, que tem, gradualmente, abandonado a doutrina da infalibilidade da Escritura e adotado o ecumenismo e o evolucionismo teísta.

Defesa da Fé – Em sua análise, é impossível encontrar algum legado positivo do liberalismo à Igreja evangélica?

Profº Nicodemus – Citaria que muitos estudiosos liberais contribuíram bastante para o avanço do nosso conhecimento acerca do mundo do Antigo e do Novo Testamento e para a nossa consciência da importância da cosmovisão oriental na formação do mundo dos autores da Bíblia. Liberais como Bultmann contribuíram para o estudo das religiões do período neotestamentário, quando do surgimento do cristianismo, embora suas conclusões sejam inaceitáveis para estudiosos comprometidos com a infalibilidade da Bíblia. Essas contribuições, todavia, ajudam a Igreja evangélica apenas indiretamente.

Em termos de contribuição direta para a Igreja evangélica, a resposta é negativa. O liberalismo nunca plantou igrejas, nunca aumentou número de membros e muito menos a receita financeira das igrejas. Só conseguiu reproduzir outros liberais, os quais, por sua vez, precisavam, também, sobreviver. O liberalismo teológico sempre teve de achar um hospedeiro que pudesse sugar até que o mesmo morresse, drenado. O liberalismo sobreviveu muitos anos à custa do esforço missionário, do zelo expansionista e do sacrifício financeiro dos cristãos bíblicos, que fundaram igrejas, criaram organizações, ajuntaram fundos missionários e abriram escolas teológicas, e todas elas, depois, foram ocupadas pelos liberais. O liberalismo plenamente desenvolvido não fundou novas denominações, não abriu novas igrejas, não inaugurou novos campos missionários e não abriu novas escolas. Não conheço nenhum curso de teologia hoje nos Estados Unidos e na Europa que seja liberal e que funcione numa universidade que tenha sido criada por liberais. Harvard, Union, Princeton, Yale, Amsterdã, Oxford... todas foram criadas por conservadores das mais diferentes linhas. O caráter parasitário do liberalismo teológico se deveu ao fato de que os liberais não acreditavam em evangelismo e missões. Os liberais sugaram a herança organizacional eclesiástico-financeira de Calvino, Lutero, Wesley e dos puritanos.

Defesa da Fé – E o que dizer do fundamentalismo? O senhor mencionaria algo nesse movimento que consideraria prejudicial?

Profº Nicodemus – Sim, cito negativamente o fundamentalismo como movimento separatista do erro teológico como único meio de preservar a verdade cristã. Sob esse aspecto, o fundamentalismo crê que não pode haver associação com igrejas, denominações e indivíduos que neguem os pontos fundamentais do cristianismo. O separatismo nem sempre é o caminho para batalharmos pela fé histórica. O fundamentalismo nem sempre consegue conviver com diferentes opiniões, mesmo em questões que não afetam os pontos fundamentais da fé, e acaba tratando com desconfiança irmãos conservadores que concordam com os pontos fundamentais, mas divergem em outras questões. Penso que setores do fundamentalismo desenvolveram uma síndrome de conspiração mundial para o surgimento do reino do anticristo por meio do ocultismo, da tecnologia, da mídia, dos eventos mundiais, das superpotências, além de uma mentalidade de censura e apego a itens periféricos como se fossem o cerne do evangelho e critério de ortodoxia (por exemplo, só é bíblico e conservador quem usa versões da Bíblia baseadas no Texto Majoritário; quem não assiste desenhos da Disney e não vê Harry Potter).

Defesa da Fé – Deixe uma mensagem aos leitores de Defesa da Fé que nos acompanharam nesta entrevista.

Profº Nicodemus – Minha mensagem é de apego às Escrituras como a infalível e inerrante Palavra de Deus. Para mim, esse é o ponto central em toda essa discussão sobre “fundamentalistas versus liberais”. Podemos errar em vários pontos, mas se temos uma atitude de respeito, amor e apego à Palavra de Deus, iremos nos submeter à correção que vem dela e corrigiremos os rumos. Uma vez que sua autoridade é questionada e sua autoridade minada, perderemos os referenciais e nos afastaremos mais e mais do cristianismo verdadeiro.

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Ariovaldo Ramos na Igreja Batista da Lagoinha

Preces da esquerda evangélica estão sendo ouvidas…

Julio Severo
“Com o objetivo de mobilizar a igreja brasileira a enviar e investir em seus missionários,” a Igreja Batista da Lagoinha realizará a Conferência Povos e Línguas “Por um Brasil Missionário!” nos dias 5 e 6 de abril de 2014.
O principal palestrante será Ariovaldo Ramos.
Ariovaldo Ramos
Nunca li um artigo ou vi vídeo de Ariovaldo chorando pelas almas perdidas. Mas ele chorou a morte do ditador comunista Hugo Chávez, dizendo: “O melhor que se pode dizer de alguém é que, porque ele passou por aqui, o mundo ficou melhor! Isso se pode dizer de Hugo Chávez!”
Ariovaldo conhece missões? Sim, somente nos tempos em que ele não estava ligado à Teologia da Missão Integral (TMI). Depois de aprender com Caio Fábio um novo tipo de missão, a TMI, ele viajou duas vezes à Venezuela para dar apoio a Chavez, que ele conheceu pessoalmente.
Da boca de Ari, Chavez não precisava ouvir sobre arrependimento e inferno nem que ele, com sua ideologia comunista, estava tornando a Venezuela e o mundo lugares piores. Definitivamente, não! Na atual visão missionária de Ari, Chavez deixou o mundo muito melhor.
O que a Igreja Batista da Lagoinha pretende com a presença de Ari como “mestre de missões”? Aprender a transformar o mundo “num lugar melhor”? Ah, essa é a especialidade do Ari! Afinal, ele sabe que a TMI tem bom diálogo e comunhão com o marxismo. Além disso, ele tem as conexões certas para ajudar a Lagoinha.
Em fevereiro de 2013, Ari, como representante da Aliança Evangélica, esteve com Gilberto Carvalho, do governo do PT. O motivo da reunião foi uma parceria entre evangélicos e PT.
Esse alinhamento “missionário” é muito mais profundo. Quando o PT, com todas as esquerdas do Brasil, fez oposição em massa a Marco Feliciano na presidência da Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados,Ari assinou um manifesto contra Feliciano.
O que a Igreja Batista da Lagoinha pretende aprender de Ari? Oposição “missionária” aos cristãos conservadores que combatem a agenda de aborto e sodomia?
Por que a Igreja Batista da Lagoinha quer seguir os passos de Ari, agindo como maria-vai-com-as-outras?
Ari tem sido um proeminente “apóstolo” da TMI em igrejas mais tradicionais que rejeitam os dons sobrenaturais do Espírito Santo. Ele tem sido estrela em igrejas presbiterianas. Ele tem sido destaque na Universidade Mackenzie e outros eventos presbiterianos. Ari no Mackenzie não é nenhuma novidade. Ali ele está em casa. Mas na Lagoinha também?

Ai dos apóstolos, não da TMI

Por falar em Mackenzie, seu ex-chanceler, acompanhado de Paulo Romeiro (professor do Mackenzie), foram os principais palestrantes do “Café Teológico,” patrocinado pela Editora Vida Nova. Não, não. Os dois não trataram da TMI nem denunciaram Ari e outros que a apregoam e promovem no Mackenzie.
O ex-chanceler ficou com o tema “Apostolado no Brasil: Uma análise do movimento apostólico no Brasil.” Em vez de se preocupar com a TMI, que grandemente afeta os quintais calvinistas e já está contaminando outros quintais, sua preocupação foi com evangélicos que usam títulos de apóstolos.
Ora, já que títulos são um problema mais importante do que a TMI, vamos ao caso.
Num exemplo muito simples, o título “reverendo” é aplicado a líderes das igrejas presbiterianas e reformadas. O Dicionário Aurélio diz que o significado de “reverendo” é: “que merece reverência.”
Do ponto-de-vista da Bíblia, nenhum cristão está mais bem preparado só porque fez cursos de pós-graduação, pós-doutorado, pós-mestrado, etc., pois segundo Efésios 4:11-12, os cinco dons ministeriais são dados por Deus e não por uma faculdade ou universidade. Além disso, os doutores em teologia foram os mais criticados por Jesus.
Hoje, Jesus não agiria diferente. Depois de tantos pós disso e pós daquilo, o que os “mestres” e “doutores” em teologia fazem de melhor é blasfemar contra o Espírito Santo com suas heresias cessacionistas e colaborar com o liberalismo teológico da TMI.
Ainda assim, esses homens mortais portadores de diplomas de doutores em teologia são tratados com real “reverência.” Se eles, que são meros seres humanos, se ofendem espalhafatosamente com títulos como apóstolo e profeta, apropriados para serem usados para pessoas, como deveria Deus expressar seus sentimentos quando um homem usa o título de “reverendo,” que deveria pertencer somente a Ele?
O próprio Jesus Cristo nos alertou sobre títulos:
“Eles preferem os melhores lugares nos banquetes e os lugares de honra nas sinagogas. Gostam de ser cumprimentados com respeito nas praças e de ser chamados de ‘mestre’. Porém vocês não devem ser chamados de ‘mestre’, pois todos vocês são membros de uma mesma família e têm somente um Mestre. E aqui na terra não chamem ninguém de pai porque vocês têm somente um Pai, que está no céu. Vocês não devem também ser chamados de ‘líderes’ porque vocês têm um líder, o Messias. Entre vocês, o mais importante é aquele que serve os outros.” (Mateus 23:6-11 NTLH)
Em nossos dias, Jesus poderia igualmente nos avisar: “E aqui na terra não chamem ninguém de ‘reverendo’ porque há somente um que merece reverência e Ele está no céu”.
Por isso, um tema muito mais relevante e necessário seria: “’Apóstolos’ da TMI no Brasil: Uma análise do movimento esquerdista entre os evangélicos do Brasil.” Fica a sugestão para o “reverendo” e “doutor” Nicodemus.
Por que a Editora Vida Nova patrocina um evento contra o movimento apostólico, mas não faz o mesmo patrocínio contra a TMI deixa de ser um mistério quando vemos que o site Teologia Brasileira, que pertence à editora, abriga conhecidos “apóstolos” da TMI.

Ai dos ídolos dos outros…

No “Café Teológico,” Paulo Romeiro também não quis tratar da TMI. Coube a ele o tema “Ídolos Evangélicos: O culto à personalidade, como os evangélicos constroem seus ídolos.” Longe de mim dizer que esse é um problema que não precisa ser tratado, mas vamos lidar com nomes mais ligados à realidade do quintal de Romeiro e Nicodemus: o Mackenzie ou, mais especificamente, sua dona, a Igreja Presbiteriana do Brasil. Nos tempos em que Caio Fábio não havia caído em adultério e escândalos financeiros, não me lembro de Romeiro ou Nicodemus denunciando em livros que Caio Fábio havia se tornado o maior ídolo evangélico da história do Brasil. Não me lembro deles se queixando do “culto à personalidade de Caio,” nem de como a IPB construiu esse ídolo.
Não me lembro também de Romeiro denunciando Caio Fábio como o maior promotor da TMI no Brasil. Se ele não quer tratar de questões passadas, então vamos lá: não me lembro dele denunciando Bishara Awad, que esteve dando palestra “apologética” na igreja dele em maio de 2013. Awad tem sido denunciado pelo WND, um dos maiores portais conservadores do mundo, como um ativista palestino cuja mensagem está estreitamente ligada à Teologia da Libertação Palestina. Como é que um promotor dessa teologia é promovido por um professor do Mackenzie?
Não me lembro também de Romeiro denunciando o cessacionismo como heresia. Se fosse difícil fazer isso, o teólogo calvinista Vincent Cheung nunca teria afirmado que o cessacionismo é uma doutrina falsa e que os teólogos cessacionistas são representações de Satanás.
Dá até para entender que líderes ligados ao Mackenzie não tenham visão para enxergar a gravidade da TMI e os perigos “missionários” da ideologia de Ari. Afinal, muitos deles são cessacionistas, isto é, rejeitadores dos dons sobrenaturais do Espírito Santo. Daí, são cegos e surdos espirituais.
Por outro lado, a Igreja Batista da Lagoinha e especialmente Ana Paula Valadão é criticada há muito tempo por crer nesses dons. Ela é criticada por líderes cessacionistas que perdoam qualquer coisa de Ari e sua TMI, mas nada perdoam da Lagoinha.

Pior: cheirar ou simular, eis a questão

Quando o Pr. Lucinho Barreto, que tem um ministério voltado aos jovens na Igreja Batista da Lagoinha, “cheirou a Bíblia” meses atrás, houve um “escândalo” nacional, com muitos chamando-o de “herético” e dizendo que ele estava “envergonhando” o Evangelho. Pelo menos para mim, deu para entender que o pastor não estava com a intenção nem de profanar a Bíblia nem de defender o uso de drogas, mas estava apenas usando a simulação com a Bíblia para dar aos jovens a mensagem de que a Bíblia deve ser sempre consumida. Se o uso desse tipo de simulação é correto ou não, deixo para critério do leitor.
Pr. Lucinho cheirando a Bíblia
Quando Ari e seus colegas da TMI defenderam as drogas (não a mera simulação) em junho de 2013, houve algumas queixas aqui e ali, mas nada de escândalo nacional. A reação à simulação do Pr. Lucinho foi muito mais pesada do que a reação à defesa do uso de drogas feita por Ari.
A ala da TMI e simpatizantes não poupou críticas ao Pr. Lucinho. Renato Vargens, um pastor viciado em localizar e fabricar apostasias em pentecostais e neopentecostais, disse que a simulação do pastor da Lagoinha foi uma “vergonha” para o Evangelho. Sobre Ari e sua defesa das drogas? Vargens ficou de bico fechado.
Então, o que a Igreja Batista da Lagoinha pretende aprender de Ari? Amansar as incessantes críticas da ala da TMI? Esse é um resultado inevitável. Quando a Lagoinha realizou no ano passado um congresso sobre missão integral, um conhecido blog calvinista “apologético,” que sempre ataca neopentecostais e seus dons sobrenaturais, pulou de alegria com o evento da igreja batista neopentecostal.
Na época, eu perguntei: “O que virá depois? Vargens pregando em culto na Lagoinha? Ariovaldo Ramos dando palestra no próximo Congresso de Missão Integral ali? Danilo Fernandes, o dono do Genizah, ensinando ‘apologética’ na escola dominical da Lagoinha?”
Agora, só faltam Vargens e Danilo.
Há caminhos melhores para se aprender a fazer missões? Sem dúvida: a igreja apostólica original. Os apóstolos oravam e o Espírito Santo dirigia:
“Na Igreja em Antioquia havia profetas e mestres: Barnabé, Simeão, conhecido por seu segundo nome, Niger, Lúcio de Cirene, Manaém que era irmão de criação de Herodes, o governador, e Saulo. Enquanto serviam, adoravam e jejuavam ao Senhor, o Espírito Santo lhes ordenou: ‘Separai-me, agora, Barnabé e Saulo para a missão a qual os tenho chamado.’” (Atos 13-1-2 KJA)
No caso de Ari, o que a Igreja Batista da Lagoinha vai aprender com ele agindo como maria-vai-com-as-outras? Tudo o que Ari aprendeu — inclusive confundir Evangelho com ideologia socialista e alianças com o PT — veio de seu pai espiritual, Caio Fábio.
De acordo com Caio Fábio, o ex-chanceler do Mackenzie parece ter dito que a igreja brasileira ainda precisa dele . Prova disso é que o Mackenzie está aberto para o maior filho espiritual dele.
Para quem não gosta de evidências e da voz do Espírito Santo, é perfeitamente natural ser enganado.
Estou apresentando algumas evidências, com links. Se a Igreja Batista da Lagoinha tem dúvidas, por que não recorre ao Espírito Santo? Por que não deixá-lo falar? Por que abraçar a TMI, que tem tudo a ver com a ideologia marxista e nada a ver com o Evangelho?

C. Peter Wagner: o maior combatente contra o liberalismo teológico da TMI

Não sou o primeiro evangélico a alertar sobre os perigos da TMI. O Dr. C. Peter Wagner tem experiências de décadas contra essa teologia. Aliás, ele escreveu o prefácio do meu e-book sobre esse assunto, com as seguintes palavras:
“É muito importante se conscientizar das invasões que a ideologia marxista tem feito em alguns ramos do Cristianismo. Na América Latina, o conceito de aparência bonita chamado de misión integral(missão integral) se revelou no final como uma plataforma sutil para políticas esquerdistas. Julio Severo compreende isso e desmascara de forma habilidosa essas ideias potencialmente prejudiciais em seu livro, Teologia da Libertação versus Teologia da Prosperidade. Nesse livro, ele ajuda a revelar a realidade que dá para se produzir com eficácia mudança social ainda mais profunda e mais permanente da pobreza para a prosperidade proclamando-se e praticando-se a doutrina bíblica do Reino, abrindo a porta para o poder transformador do Espírito Santo. Este é um livro que muito recomendo!”
Por mais de 40 anos, C. Peter Wagner tem combatido a Teologia da Libertação e sua versão protestante, a TMI. Hoje, ele ocupa posição proeminente no movimento apostólico. Não é à toa pois que os adeptos e simpatizantes da TMI sejam os maiores inimigos do movimento apostólico, especialmente de C. Peter Wagner.
Augustus Nicodemus, que se retrata como combatente contra o liberalismo teológico, é incapaz de atacar frontalmente tal liberalismo na TMI e citar seus promotores. Mas cita com facilidade Peter Wagner em ataques ao movimento apostólico, cujo maior líder é o maior combatente contra a TMI. Assim, quem deveria ajudar, atrapalha — mas não atrapalha Ari no Mackenzie!
Entretanto, é de estranhar que a Lagoinha, que aceita apóstolos, esteja se aliando à teologia-ideologia mal-intencionada de seus críticos.

O feitiço e a síndrome da maria-vai-com-as-outras

Claro que se a Lagoinha estiver se aproximando da TMI como estratégia para acalmar os ânimos dos críticos calvinistas cessacionistas ou obter algumas vantagens político-financeiras, Ari tem experiências “missionárias” de sobra nessas áreas.
Depois do aprendizado, não estranhe se, a exemplo de Ari chorando por Chávez, a Igreja Batista da Lagoinha chorar a morte vindoura de Fidel Castro, dizendo, junto com a ala da TMI, que ele deixou o mundo melhor.
Não estranhe também se famosos calvinistas cessacionistas, ferrenhos inimigos dos neopentecostais e ferrenhos amigos da TMI e seus simpatizantes, riscarem a Lagoinha da lista negra, de modo que nunca mais ouviremos Vargens ou outros calvinistas se queixando das experiências sobrenaturais de Ana Paula Valadão.
Se posso parafrasear um recado de Deus, digo:
“Ó insensatos líderes da Igreja Batista da Lagoinha! Quem vos enfeitiçou? Ora, não foi diante dos vossos olhos que Jesus Cristo foi exposto como crucificado? Quero tão-somente que me respondais: Foi por intermédio da Teologia da Missão Integral que recebestes o Espírito Santo, ou pela fé naquilo que ouvistes? Estais tão enlouquecidos assim, a ponto de, tendo começado pelo Espírito de Deus, estar desejando agora vos aperfeiçoar por meio do mero esforço humano? É possível que vos tenha sido inútil sofrer tudo o que sofrestes? Se é que isso foi por nada! Aquele que vos dá o seu Espírito, e que realiza milagres entre vós, será que assim procede pela Teologia da Missão Integral, ou por meio da fé com a qual recebestes a Palavra?” (Gálatas 3:1-5 KJA)
Talvez tenham sido enfeitiçados ou coisa pior. Nesta altura, dá para desconfiar se a atitude do Pr. Lucinho de “cheirar a Bíblia” tenha sido mesmo simulação ou não. Se não foi, isso explica a razão de ele e a Lagoinha estarem cheirando as drogas da TMI.
Do contrário, como a Igreja da Lagoinha quer o “objetivo de mobilizar a igreja brasileira a enviar e investir em seus missionários” se enchendo da teologia-ideologia de Ari? Exatamente do jeito que a esquerda gosta: com a cabeça cheia de drogas.
Querem ajudar os pobres e necessitados? A Igreja Cristã tem feito exatamente isso por dois mil anos, sem nenhuma necessidade de recorrer ao socialismo e outra ideologias.
Será que é um mistério que os apóstolos originais de Jesus tenham ajudado os pobres sem terem conhecido a TMI? Então por que se encher agora de uma teologia-ideologia que chora por ditadores comunistas e cria pregadores que os exaltam como criaturas que deixam o mundo melhor?

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