Google+ O MEU POVO PERECE POR FALTA DE CONHECIMENTO.: História das Missões Moravianas - IGREJA PRIMITIVA/ CREDOS / CONFISSÕES

quarta-feira, 20 de agosto de 2014

História das Missões Moravianas - IGREJA PRIMITIVA/ CREDOS / CONFISSÕES

História das Missões Moravianas


Eis o selo da Igreja Moraviana, o tema deste opúsculo. Diz "Venceu o nosso Cordeiro. Vamos segui-Lo". Depois de muita perseguição no seu país de origem, Boemia - Morávia, no centro da Europa, um pequeno grupo escapou para a Alemanha oriental (1722).

   Cinco anos depois, na vila de Herrnhut (abrigo do Senhor), na propriedade rural do Conde de Zinzendorf, Deus derramou sobre eles seu Espírito Santo de uma maneira especial (1727). Não é que houve milagres e línguas, mas muito quebrantamento verdadeiro e uma consciência profunda de ser uma comunhão ao redor do Cordeiro de Deus.

   Iniciaram o que seria a reunião de oração mais longa da história, cem anos de intercessão ininterrupta. Um grupo de jovens começou a preparar-se para missões após o dia de trabalho árduo de colono, estudando a Bíblia, línguas, geografia e medicina. Mas cinco anos depois, o Conde estava em Copenhagen na festa de coroação de um rei dinamarquês. Ali ele recebeu duas chamadas, uma para trabalhar entre os escravos numa ilha dinamarquesa no Caribe, outra para ajudar na evangelização entre os esquimós na Groenlândia. Voltando para casa, a sua igreja aceitou o  desafio, iniciando o imenso  trabalho missionário moraviano.

   Pastor Florêncio descreve este movimento que, em 20 anos, enviou mais missionários para os campos do que toda a igreja protestante em dois séculos!
   "Venceu o nosso Cordeiro! Vamos seguí-Lo!" Que privilégio ser seguidor de Jesus! Vamos por onde Ele nos levar. Amém!

 Como é sabido, no século XVI ocorreu a Reforma Protestante na Europa. Este foi, sem dúvida, um dos maiores acontecimentos da história da Igreja nos últimos séculos. Deus usou Lutero e outros líderes para questionar e mudar princípios deteriorados da Igreja existente. Isso teve grande impacto em todas as áreas da humanidade.

   Entretanto, enquanto a Igreja Católica Romana "cristianizava" ou "catequizava" o novo mundo com o apoio indispensável dos jesuítas e de seus soldados, a Igreja Protestante não dispunha das mesmas condições para tais investimentos missionários. Por isso postergou por quase três séculos uma obra missionária mais expressiva.

   No século XVIII, pela providência eterna, é levantado um homem que verdadeiramente amava a obra missionária. Ele dedicou-se, juntamente com sua Igreja, a esse importante trabalho de levar o Evangelho ao mundo inteiro. Era o Conde Zinzendorf, um nobre alemão que Deus levantou para dar refúgio a milhares de perseguidos em toda a Europa e também para propor ao seu povo o desafio de pregar o evangelho a toda criatura.

  Zinzendorf era uma pessoa que amava profundamente a Deus e colocou sua vida ao serviço do mestre. Ele foi um verdadeiro líder espiritual do seu povo e o motivou a um grande empreendimento missionário. Um fator importante no ministério dos moravianos era que, além de sua dedicação total, dispunham de uma vida de oração ininterrupta, dia e noite, durante cem anos consecutivos. Aqui estava o segredo do grande sucesso: oração...!

  CONHECENDO A MORÁVIA

   Falar em Morávia, hoje em dia, parece estranho aos nossos ouvidos. Na verdade, não temos familiaridade com esse nome.
   A Morávia foi o útero mater de um dos maiores movimentos de missões existentes no mundo até então. Foi lá que o Conde Zinzendorf, impulsionado pelo desejo profundo de evangelizar o mundo, realizou um grande projeto de Deus, despertando a Igreja do Senhor para missões mundiais.

  A Morávia e a Boêmia eram duas províncias situadas a noroeste do império austríaco e faziam fronteira com a Saxônia. A Morávia do século XVIII localizava-se na Europa Central, no centro da antiga Tchecoslováquia, hoje dividida em República Tcheca e Eslováquia.

Ela era etnicamente composta de tchecos, um povo eslavo que invadiu a região no século V a. C., o qual, mais tarde, uniu-se a outras tribos, também eslavas, formando assim, o grande Império da Morávia, o qual compreendia grande parte da Europa Central.

No século IX esse império foi invadido e destruído pelos magiares (húngaros). No século seguinte, a Morávia foi governada pelo Duque da Boêmia e seus descendentes, até 1526, quando caiu nas mãos da família de Habsburgo, da Áustria, que a governou por quase 400 anos consecutivos.

A Boêmia e a Morávia eram unidas pela história e pela dinastia como Império.
 A sua população, na grande maioria, pertencia à raça eslávica. No entanto, achavam-se muitos comerciantes alemães em todas as cidades. A Boêmia era a pátria de homens que foram percursores da Reforma Protestante como João Huss e Jerônimo de Praga, os quais deixaram a sua importante contribuição na história da Igreja do Senhor Jesus Cristo.

Esses dois países eram  unidos politicamente. Também, pelo mesmo sentimento hussista, achavam-se preparados providencialmente por Deus para uma obra missionária séria como foi o movimento do Conde Zinzendorf, chamado de movimento moraviano.

Havia na Morávia muitos irmãos Boêmios e anabatistas que  procuravam fugir das perseguições religiosas.

 A Confissão de Augsburg era o único credo Protestante reconhecido pelo governos civil. Com isso, grande parte dos evangélicos tornou-se nominalmente luterana, embora nem todos concordassem com certas afirmações e até rejeitassem a doutrina de Lutero no que diz respeito à Ceia do Senhor, que era a consubstanciação.

Para proteger se dos jesuítas na  segunda metade do século XVI,  os irmãos boêmios se uniram numa confissão que tentava harmonizar luteranos e calvinistas. Com a Guerra dos Trinta anos entre Católicos e Protestantes, a Boêmia voltou a ser um reduto Católico, embora possuísse a maioria Protestante. Mesmo vivendo dias maus e turbulentos, pois aquele momento estava sendo catastrófico para o Protestantismo Boêmio, eles persistiram juntamente com seus irmãos morávios, ocultando-se das sangrentas e violentas perseguições.

Por volta de 1722, os morávios de língua alemã começaram a buscar refúgio na Saxônia, na liderança de um carpinteiro, o irmão Cristiano David, o qual mais tarde tornou-se um proeminente missionário moraviano.


QUEM ERA O CONDE ZINZENDORF

Nicolaus Ludwig Von Zinzendorf nasceu no dia 26 de Maio de 1700, em Dresden, na Saxônia. Ele era filho de um alto oficial da corte eleitoral desse país. Logo após seu nascimento, seu pai veio a falecer. Antes, porém, no leito da morte, tomou em seus braços a criança que tinha apenas seis semanas de vida e a consagrou ao serviço de Cristo.

Sua mãe se casou novamente e ele passou a ser criado por sua avó, a baronesa pietista Henrietta Catarina Von Gersdorf.
Esse fator familiar na sua infância fez com que ele se tornasse um rapaz solitário e introspectivo. Sua família era nobre e muito piedosa, cheia de zelo pelas coisas de Deus. Foi nesse clima saudável, espiritualmente falando, que Zinzendorf foi criado nos caminhos do Senhor. 

Ele mantinha uma vida  familiar exemplar e genuinamente cristã, cheia de zelo e de dedicação, o que o caracterizou por toda a sua vida. Desde pequeno, Zinzendorf era uma pessoa interessada e zelosa pelas coisas de Deus. Mais tarde escreveu seu testemunho, dizendo: 
 "ainda na infância, eu amava o Salvador e tive comunhão abundante com Ele. Aos quatro anos comecei a buscar sinceramente a Deus e decidi tornar-me um verdadeiro servo de Jesus Cristo". Ele escolheu como lema da sua vida: "Tenho apenas uma paixão. É Jesus, Jesus somente".

Além de receber uma educação religiosa aprimorada, foi também educado na Escola de Francke, um amigo de seu pai. Essa escola Pietista, em Halle, veio a ser uma universidade famosa, tornando-se, assim, o centro do movimento Pietista.

Zinzendorf foi influenciado pelo movimento chamado Pietismo, Avivamento da Piedade, que ocorreu dentro da Igreja Luterana no final do século XVII, como sinal de protesto contra a situação decadente desta Igreja que fugira dos princípios e propósitos iniciais. O Pietismo foi para a Alemanha o que o Puritanismo foi para a Inglaterra.

O ilustre Conde Zinzendorf matriculou-se nessa escola quando tinha apenas dez anos de idade. A princípio ele não tolerava o rigor e as normas da escola. Contudo, aos poucos passou a apreciar o zelo de Francke e em 1715, quando fazia sua primeira comunhão, foi despertado espiritualmente.

Desde tenra idade, Zinzendorf mostrou-se profundamente interessado pelas coisas de Deus e desejoso de fazer a sua obra. Ali, entre as crianças e adolescentes, tornou-se líder das atividades religiosas, organizando entre os meninos a "Ordem do Grão de Mostarda". O objetivo principal era a evangelização do mundo, seguindo alguns critérios, como por exemplo, ser bondoso para com todos os homens, procurar o bem-estar deles e tentar levá-los a Deus.

O emblema da ordem era um pequeno escudo. Tinham como lema "Suas chagas nos curam", e cada um deles usava um anel que possuía as seguintes palavras: "nenhum homem é uma ilha". Isso revela uma dedicação muito forte dele em relação às coisas de Deus e de seu Reino.

Quando moço, Zinzendorf pensou em reunir um grande número de pessoas genuinamente cristãs com o mesmo desejo de servir a Deus. Não tinham eles o propósito de separar-se da Igreja Luterana, mas isso ocorreu naturalmente.

Nesta escola, Zinzendorf teve seu caráter grandemente influenciado por esse movimento autenticamente cristão. Desfrutou de uma profunda e ardente experiência com Deus, a qual levou-o a uma genuína devoção a Jesus, como ele mesmo chegou expressar, dizendo: "Eu tenho uma paixão: é Jesus, Jesus somente". Tendo essa paixão tão acentuada por Cristo, ele pregava uma profunda devoção pessoal a Cristo baseada em sua real experiência pessoal.

O Conde Zinzendorf considerava-se um autêntico Luterano, e na verdade o era, embora fosse, ao mesmo tempo, um Pietista pelas suas convicções. Ele era um homem de caráter e religiosidade sincera, cujas evidências se demonstravam através de sua vida cristã autêntica. 

Entre vários e importantes acontecimentos que se deram durante a história da Igreja, o movimento moraviano fundado por Zinzendorf tem uma importância proeminente e singular. Contribuiu para a formação de caráter e vida com Deus de milhares de pessoas, além de dar significativa contribuição para as missões modernas. 

  Os moravianos foram praticamente os pioneiros em missões protestante estrangeiras e enviaram, num curto espaço de tempo, mais missionários do que todos os protestantes juntos durante duzentos anos de protestantismo. 

 Desde cedo Zinzendorf possuía um profundo desejo de transmitir o Evangelho da graça de Deus aos seus conterrâneos e isso ocupava o primeiro lugar de sua mente. O desejo e propósito dele era consagrar sua vida à pregação do Evangelho.
Apesar do interesse pelas coisas de Deus e por sua obra, ele encontrou forte oposição por parte de sua avó e do seu tutor, que o levaram de Halle para estudar Direito na universidade de Wittenberg de, 1716 a 1719. Fizeram isso para que ele pudesse ingressar no funcionalismo público como era o desejo insistente de sua família.

Mesmo estudando as leis, ele consagrava seu tempo vago ao estudo da teologia e muitas vezes passava noites inteiras em oração e estudo bíblico.

 Após seu curso de Direito, Zinzendorf viajou pelos Países Baixos e França, onde encontrou várias personalidades distintas que demonstravam claramente princípios genuinamente religiosos. Quando voltou à Saxônia, aos vinte anos de idade, passando por Castell, viu sua prima e simpatizou-se com ela. Porém, julgando que o Conde Henrique XXIX Von Reuss tivesse a preferência, resolveu abandonar a idéia de casamento com a moça, concluindo que Deus estava chamando-o para alguma obra específica.

 Finalmente, em 1722, ele se casou com a irmã do Conde Henrique, Erdmuth Dorotéia, que foi para ele a esposa ideal. Deus agiu  na vida de Zinzendorf, dando-lhe direção no aspecto sentimental.

 Certa vez o Conde visitou a galeria de pintura em Dusseldorf e viu um quadro de Cristo (Ecce homo), com as seguintes palavras embaixo: "Eu tudo fiz por ti, o que fazes tu por mim"?. Isso tocou-o tão profundamente que o levou a refletir a respeito de Cristo. Ele sentiu-se como se não pudesse responder a essa pergunta e saiu dali decidido a dedicar sua vida ao serviço de Cristo.

O desejo de seus parentes era que ele ingressasse em Dresden no serviço de eleitor. No entanto, ele estava interessado no cultivo do "serviço do coração" entre os seus amigos nessa cidade e também nas suas propriedades em Berthelsdorf, situadas cerca de setenta milhas de distância. Finalmente, ele aceitou uma colocação judicial.

 Em 1722, juntamente com um nobre e mais dois pastores, Zinzendorf fundou o "pacto de quatro irmãos", com a finalidade de levar o evangelho ao mundo. Ali estava o princípio de uma grande obra.

Em 1736, por causa das propagandas de seu trabalho, ele foi banido da Saxônia, mas o governo, mais tarde, em 1745, anulou o banimento e o convidou para fundar uma comunidade semelhante à de Herrnhut. Acredito particularmente que o governo da Saxônia apercebeu-se da importância e contribuição dos moravianos em conservar uma vida cristã piedosa naquele período de decadência espiritual.

O famoso e ilustre Conde Zinzendorf manteve-se na liderança da Igreja moraviana até sua morte, em 9 de Maio de 1760, quando foi recebido nos tabernáculos eternos. Não deixou descendentes, pois seu único filho havia morrido. Contudo, deixou vários descendentes espirituais que prosseguiram seu trabalho, gerando filhos para Deus.

A COMUNIDADE MORAVIANA 

Em 1722, em razão da perseguição na Boêmia, Zinzendorf permitiu aos irmãos da língua alemã que procuraram refúgio na Saxônia que fundassem uma aldeia em Berthelsdorf, sua propriedade particular.
A área havia sido comprada de sua própria avó pelo Conde. Essa propriedade passou a ser habitada por, além dos boêmios, um grande número de alemães e outros perseguidos religiosos. Eles se ligaram a muitos pietistas e a outros entusiastas religiosos perseguidos. 

Para atender à necessidade dos perseguidos, foi fundada por Zinzendorf uma comunidade denominada Herrn-but, cujo significado é "Abrigo do Senhor". O próprio conde e sua família eram moradores. Para isso, ele demitiu-se do emprego no governo e passou a dedicar-se como líder espiritual desta comunidade com incansável labor e constantes orações. 

 Zinzendorf ficou extremamente impressionado com a vida e os ensinos dos irmãos boêmios. Pôs em seu coração o propósito de restaurar aquela irmandade antiga, cujas raízes remontavam ao tempo de João Huss, no século XV, e criar um grande empreendimento missionário.

Passados cinco anos, em meio a acertos e dificuldades de relacionamento entre os membros da comunidade, finalmente chegou o dia da grande bênção. Em 13 de Agosto de 1727, quando era celebrada a Ceia do Senhor, o Espírito de Deus veio sobre eles de uma forma tão poderosa que a partir daquela data tiveram um grupo cheio de comunhão entre os irmãos e com objetivos definidos. 

Zinzendorf tornou-se, a partir de então, o líder espiritual do movimento moraviano por mais de trinta anos, inspirando e guiando a Igreja para as atividades missionárias em todo o mundo.

Embora não tivesse uma formação teológica e acadêmica aprimorada, sendo portanto um obreiro leigo, foi ordenado ao sagrado ministério em 1737 pela Igreja Luterana.

Zinzendorf tornou-se um autêntico pregador, com muito ardor missionário, dando ênfase à proclamação do Evangelho. Contribuiu de forma significativa para o despertamento e consciência missionária das Igrejas daquela época. Para alcançar esse objetivo, viajou por vários países, inclusive para a América, com a finalidade de influenciar o maior número de pessoas possível para esta grande obra que, até então, escapara da ênfase de grandes homens de Deus. Por isso a Igreja, de uma forma geral, não possuía uma visão ampliada de missões mundiais. 

A IGREJA MORAVIANA

Nos séculos VII e VIII, a Morávia conheceu o Evangelho primeiro através da Igreja Católica Romana. Com isso, a Igreja Romana assumiu a posição de liderança do país sobre a Igreja Grega.

Segundo o historiador Justo Gonzalez, no século IX foram enviados dois missionários à Morávia (Constantino e Metódio), a pedido do príncipe da "Moraviano Ratislao" ao Imperador de Bizâncio, Miguel III.

 "É difícil saber as verdadeiras razões desse pedido. Talvez Ratislao quisesse se opor à influência ocidental que era sentida mediante a união entre o Cristianismo e o imperialismo político, característica de seus vizinhos ocidentais. Talvez se tenha deixado levar, sinceramente, pelo prestígio do patriarca focio, um dos homens mais sábios que já ocupou a sede Constantinopla".

  A Igreja Protestante moraviana "nasceu" bem antes de eclodir a Reforma Protestante no século XVI. Ainda no começo do século anterior (XV) apareceu na Morávia o versado teólogo e sacerdote chamado João Huss, influenciado pelas idéias do grande mestre Dr. John Wycliff, professor da Universidade de Oxford, na Inglaterra, sobre pontos de vista dos quais discordava da Igreja Católica Romana.

Ele não conseguiu levar avante os seus ideais, pois foi tolhido pela morte na fogueira em 1415, em Constança. A pena foi aplicada pela inquisição romana. A partir daí a Morávia tornou-se um cenário de terríveis perseguições, o que levou os moravianos a se refugiarem num povoado ao noroeste no vale de Kunwald. Ali conseguiram viver por algum tempo em relativa paz.

Em 1457 os remanescentes e defensores do pensamento de John Huss se estabeleceram como organização, ou Igreja, chamada "Unitas Fratrum" (Unidade de Irmãos). Tornaram-se conhecidos como "Os Irmãos da Lei de Cristo", descendentes espirituais de Huss e possivelmente de Pedro Valdo.

Durante aproximadamente meio século, viveram em Kunwald sem serem molestados. Contudo, na virada do século, quando se iniciava a Reforma Protestante, quase foram exterminados pela violenta perseguição papal e governamental. Mas a partir de 1548 refugiaram-se na Polônia, onde firmaram uma próspera Igreja. Na medida em que houve maior tolerância, espalharam-se pela Morávia, Boêmia e  Polônia. Ao longo de mais ou menos 150 anos sobreviveram às deprimentes oscilações da tolerância religiosa na Europa.

A última e mais sangrenta perseguição deu-se exatamente um século antes do nascimento da nova Igreja Moraviana, na propriedade de Zinzendorf, quando Frederico II subiu ao trono e tudo mudou repentinamente. A igreja foi destruída e dispersa. A Boêmia tornou-se um campo de sangue e 36 mil famílias deixaram o país em busca de refúgio. Um dos mais influentes líderes, John Amos Comenius, em 1660 escreveu o seguinte:

  "A experiência ensina claramente que algumas igrejas são, às vezes, destruídas pela mão de Deus estendida em ira. Mas, em certas ocasiões, outras Igrejas são plantadas em seu lugar ou a mesma Igreja se levanta  em outros lugares".  

Palavras semelhantes foram ditas em 1707 por um ancião, George Jaeschke, no leito de morte, aos 83 anos: "Pode parecer que o fim da Igreja dos Irmãos tenha chegado. Mas, filhos amados, vocês verão um grande livramento. O remanescente será salvo. Não sei se esta libertação acontecerá também aqui na Morávia, ou se vocês terão de sair da Babilônia, mas sei que isso não vai demorar a acontecer. Estou inclinado a crer que haverá um êxodo, e que um refúgio será oferecido num lugar onde vocês poderão servir ao Senhor sem medo, segundo a Sua Santa Palavra".

Estas palavras, acima de qualquer coisa, foram uma profecia da parte de Deus para o seu amado povo na Morávia. Os filhos espirituais deste profeta de Deus desfrutaram destas bençãos e foram os primeiros habitantes de Herrnhut "O Abrigo" ou "Refúgio de Senhor".

 Eles possuíam pelo menos quatro princípios básicos de crença:

A Bíblia era a única origem da doutrina cristã;
. o culto público era conduzido segundo o modelo da Igreja Apostólica
a Ceia do Senhor é recebida pela fé e definida na linguagem das Escrituras;
vida cristã autêntica como a essencial evidência da salvação pela fé.

Huss conseguiu deixar sementes reformadas na consciência desse povo que conservou as tradições de seus pais. Apesar de perseguido pela Igreja oficial, continuou com princípios pré-reformados na esperança do triunfo final, que felizmente veio a ocorrer três séculos depois, quando encontraram apoio na pessoa do Conde Zinzendorf.

Alguns recursos eclesiástico foram desenvolvidos por eles, como por exemplo a elaboração de uma confissão de fé, tradução das Escrituras da língua original, escolas, seminários e a publicação de catecismos e hinários. Foi a primeira Igreja a fazer um hinário no vernáculo e a colocar nas mãos do povo. A primeira edição foi em 1501.

Foram cruelmente perseguidos durante muito tempo. Entre os mártires deste grupo vale a pena mencionar o famoso educador bispo John Amos Cominus. 

Este grupo de irmãos refugiados denominado "Unitas Fratrum" (Unidade de Irmãos) buscava escapar da perseguição. Como isso aconteceu graças ao bondoso Conde, eles assumiram a responsabilidade de levar o Evangelho para todas as partes do mundo. Tornaram-se conhecidos pelo trabalho missionário pioneiro, pois havia neles um desejo de espalhar sua fé pelo mundo inteiro, o que fizeram através de um programa de missões estrangeiras.

Como já mencionei anteriormente, a Igreja Protestante, por motivos que, por falta de espaço, não abordaremos aqui, não se preocupou muito com missões durante 300 anos de sua história. No entanto, notamos que os moravianos foram os primeiros a se levantarem com esse nobre propósito. Foram precursores de um grande movimento do século XIX, que veio a se chamar "o Grande Século".

A partir desse despertamento por eles promovido, foram criadas várias sociedades missionárias, como a da Inglaterra, Escócia, Estados Unidos, entre outras. Essas instituições enviaram os grandes missionários do século passado, como William Carey, Hudson Taylor, Adoniram Judson, David Livingstone, entre outros, para todas as partes do mundo.

É admirável a forma como eles encaravam a responsabilidade de fazer a obra missionária. Seguiam em frente, com muita alegria e satisfação, para qualquer parte do mundo, para os lugares mais difíceis e perigosos e aos povos que pareciam menos promissores. Geralmente iam sem sustento, por falta de recursos de sua comunidade. Eram os hoje chamados de "fazedores de tendas". Mas mesmo assim tinham grande alento e eram inspirados pelo hino de Zinzendorf "Cristo ainda nos conduz".

O resultado desse movimento expansionista de missões, embora um tanto limitado pela sua população pequena e seus parcos recursos financeiros, influenciou igrejas em todas as partes do mundo para a obra missionária.

A Igreja moraviana não só enviou missionários e influenciou outras igrejas da época, como também contribuiu de forma significativa no ministério de pessoas como John Wesley. Em 1738, Wesley teve uma profunda experiência que o levou a um ministério poderoso que resultou no frutífero movimento metodista com um grande avivamento revolucionando principalmente a Inglaterra e América do Norte.  

FUNCIONAMENTO DA IGREJA MORAVIANA

Como toda denominação, os moravianos também tinham seu próprio sistema de cultos e uma estrutura de funcionamento. Era uma Igreja organizada com normas e diretrizes, sem as quais seu progresso missionário seria dificultado. Vamos observar alguns detalhes importantes dessa Igreja.

CULTO

 Tinha uma hinologia rica, cheia de boas músicas. Os cultos de Domingo eram bem formais, com uma liturgia própria. Havia diferença entre os cultos dos dias normais e de certos dias memoráveis.

FORMA DE GOVERNO

A Igreja da Morávia, em 1745, tinha uma organização tríplice de bispo, ancião e diácono. Ela era mais Presbiteriana que episcopal em sua forma de governo. Eles tinham uma organização semi-monástica, bem elaborada e completa, cujo propósito principal era evangelizar o mundo. A Igreja moraviana tinha as sua próprias características de governo. Eles tinham o Sínodo Geral e o Sínodo Provincial, os quais realizavam encontros periódicos. Os dirigentes compunham-se de uma junta de doze anciãos, que eram chefiados por Zinzendorf até a sua morte em Herrnhut, no dia 09 de Maio de 1760.

DOUTRINA

Consideravam as Escrituras como sendo a única regra de fé e prática; criam na depravação total da natureza humana, na real humanidade de Jesus Cristo, na reconciliação e justificação pela fé através do sacrifício de Jesus Cristo, etc.

DISCIPLINA

Tinham uma disciplina exemplar na vida prática. O comportamento era sadio e demonstrava uma fé pura e genuína. Sobre isso, alguns renomados líderes escreveram:

. "Só vocês, em todo o mundo, combinam uma disciplina sadia com uma fé pura" (Bucer);

. "Cumprimento suas Igrejas...e por manterem tão boa moral, ordem e disciplina" (Calvino);

. "Diga aos irmãos que devem apegar-se ao que Deus lhes deu e não abandonar sua constituição e disciplina" (Lutero).

Em tudo podemos observar a disciplina dos moravianos como um bom exemplo para nós. E que tenhamos a graça de Deus para cumpri-la fielmente.

Os moravianos foram os primeiros protestantes a fazer missões entre os judeus. Além disso, possuíam uma visão ampliada sobre missões. Por iniciativa de Zinzendorf, começaram a enviar seus missionários para várias partes do mundo: Rússia, Groenlândia, Labrador, Ilhas do Caribe, América do Norte, Costa da América do Sul, sul da Ásia, chegando à Índia e Ceilão.

 Uma das causas do crescimento do movimento moraviano foi a seriedade com que faziam a obra de Deus. Além de dedicação e vida consagrada, existia um fator proeminente que considero preponderante nas missões moravianas: a oração.

Nenhum movimento envolvendo tantas pessoas, em tanto tempo, conseguiu orar ininterruptamente como  os moravianos. A comunidade foi dividida em grupos para fins devocionais e de oração de tal forma que funcionou rigorosamente dia e noite, sem interrupção, por um período de cem anos consecutivos.

Faziam do sofrimento de Cristo o estímulo para sua atividade missionária, com o lema "conquistar para o Cordeiro que foi morto a recompensa dos seus sofrimentos".

CONCLUSÃO

Precisamos atualmente de pessoas em nossa sociedade que se despertem com os mesmos desejos, no que diz respeito ao Reino de Deus. Precisamos sentir um pouco do que ele e a sua igreja sentia, "paixão por Jesus, por Jesus somente". Se isso existisse de fato, e na mesma intensidade, na vida de cada pastor ou líder em geral, teríamos igrejas profundamente apaixonadas por missões.

Ao ler e analisar as virtudes da igreja moraviana na sua intimidade profunda com Deus, descobrimos o segredo de como fazer uma grande obra. Esta obra na Igreja moraviana não é resultado de uma mágica, mas de uma devoção do mais alto nível que se  possa imaginar. Quando observamos a vida de oração que eles tinham e o amor pelas almas perdidas, passamos a entender o segredo dos resultados frutíferos desse trabalho.

Notamos aqui a importância preponderante de um líder que ama a obra de Deus e leva sua Igreja a pensar como ele, a colocar em prática aquilo que Deus coloca no seu coração. Zinzendorf foi tremendamente usado por Deus para uma grande obra missionária no mundo. Ele e a sua Igreja tornaram-se precursores das missões do "grande século", o século XIX.

Livro: História das Missões Moravianas
Florêncio Moreira

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OS MORAVIANOS E AS MISSÕES

Autor: Kenneth B. Mulholland
Enviado por: Sammis Reachers em 24/02/2007
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Wiliam Carey é considerado o pai das missões Protestantes, primariamente pelo fato de ter ele fundado a Sociedade Missionária Batista. Tal sociedade teve seu início em 1792, 275 anos após Martinho Lutero ter afixado as Noventa e Cinco Teses à entrada da Igreja de Wittemberg em 1517. Essa sociedade foi um veículo Protestante para o envio de missionários ao mundo não-cristão. Carey, contudo, não inventou o movimento missionário Protestante. Ele construiu a plataforma da qual o movimento missionário Protestante tinha lançado, de uma série de pranchas cortadas durante séculos, entre Lutero e ele. Uma dessas pranchas foi o Pietismo, um movimento evangélico interdenominacional e internacional, que procurava revitalizar a igreja existente, através de pequenos grupos dedicados ao estudo da Bíblia, oração, responsabilidade mútua e missões. August Hermann Francke definiu a agenda do Pietismo em apenas doze palavras: “uma vida mudada, uma igreja reavivada, uma nação reformada, um mundo evangelizado”. O Pietismo primeiramente despertou uma visão missionária entre os protestantes, enviando missionários para a Índia e Groelândia.

Duas outras pranchas significativas na plataforma de Carey foram a Igreja Moraviana e os Puritanos. Os Moravianos foram os primeiros Protestantes a colocar em prática a idéia de que a evangelização dos perdidos é dever de toda a igreja, e não somente de uma sociedade ou de alguns indivíduos. Anteriormente, a responsabilidade pela evangelização havia sido lançada nos degraus dos governos, através das atividades colonizadoras deles. Os Moravianos, contudo, criam que as missões são responsabilidade de toda a igreja local. Paul Pierson, missiólogo, escreveu: “Os Moravianos se envolveram com o mundo de missões como uma igreja, isto é, toda a igreja se tornou uma sociedade missionária”. Devido ao seu profundo envolvimento, esse pequeno grupo ofereceu mais da metade dos missionários Protestantes que deixaram a Europa em todo o século XVIII.

De fato a história dos Moravianos antecede à Reforma. Conhecidos originalmente como os Unitas Fratrum, ou a Unidade dos Irmãos, esses cristãos Checos foram os seguidores do mártir John Huss, um Reformador antes da Reforma. Ele foi martirizado em 6 de julho de 1415, e os Moravianos honram sua morte no calendário deles ainda hoje.

Após a morte de Huss, seus seguidores, que foram muitas vezes conhecidos como Hussitas, ou como os Irmãos Boêmicos, experimentaram um verdadeiro ressurgimento. Eles se reorganizaram no ano de 1457, e no tempo da Reforma havia entre 150 a 200 mil membros em quatrocentas igrejas por toda a Europa Central. Mas, no levante das guerras dos 1600, a Boêmia e Morávia (República Checa) foram dominadas por um rei católico romano, o qual desencadeou uma terrível perseguição contra os Moravianos. Quinze de seus líderes foram decapitados. Os membros da igreja foram mandados para os calabouços e para as minas para trabalhos forçados. As escolas deles foram fechadas. Bíblias, hinários, catecismos e escritos históricos foram totalmente queimados. Foram todos espalhados. De fato, 16 mil famílias, repentinamente, se tornaram refugiadas. Por quase cem anos procuravam fugir da perseguição. Por causa disso formaram uma poderosa rede de cristãos “clandestinos” através de pequenas células.

Anos mais tarde, em 1722, um pequeno grupo desses refugiados estava à procura de algum lugar onde pudesse se sentir seguro. Quando cruzaram a divisa da Alemanha, ouviram de um lugar conhecido como Herrnhut, uma pequena faixa de terra na propriedade de Nicholas Ludwig von Zinzendorf. Pediram se podiam ficar ali. Zinzendorf não estava no momento, mas o administrador lhes permitiu acampar-se no sítio.

Zinzendorf, um aristocrata, tivera ligações anteriores com o movimento Pietista. Seu padrinho fora Philip Spener. Quando tinha dez anos foi enviado para estudar em Halle, onde seu professor fora August Hermann Francke. No período que lá estivera, seu mentor foi Bartholomew Ziegenbalg , o primeiro missionário Protestante para a Ásia, que estava de férias (tipo de ano sabático).

Zinzendorf descreveu sua vida em Halle da seguinte maneira: “Encontros diários na casa do professor Francke; relatórios edificantes concernentes ao reino de Cristo; conversa com testemunhas da verdade em regiões longínquas; contato com diversos pregadores; luta dos primeiros exilados e prisioneiros. A satisfação daquele homem de Deus e a obra do Senhor juntamente com várias provações que o envolveram, fizeram crescer meu zelo pela causa do Senhor de uma maneira poderosa”.

Enquanto Zinzendorf esteve em Halle, foi um instrumento na formação da primeira sociedade missionária de estudantes Protestantes chamada de a “Ordem do Grão de Mostarda”. depois disso foi para Wittemberg para estudar Direito devido seus pais não aceitarem a idéia de ele se tornar um pregador. Quando concluiu o curso de Direito, fez uma grande viagem turística pela Europa, o que era comum para os membros da aristocracia daqueles dias. Como parte dessa viagem, foi a um museu de arte em Dusseldorf, Alemanha, e lá viu um quadro do “Cristo de Coroa de Espinho”, com a seguinte inscrição: “Eu fiz isto por ti; o que fazes tu por mim?”.

Isso lhe causou uma profunda impressão e o levou a escrever em seu diário: “Tenho amado-o por longo tempo, mas realmente nada tenho feito por ele. De agora em diante farei tudo que me seja dado fazer”. Voltou para Herrnhut para onde os refugiados Moravianos formaram uma comunidade com cerca de trezentos membros. Zinzendorf assumiu a responsabilidade, não apenas supervisionando como dono da terra onde viviam, mas sim para lhes servir de pastor. Em 1727 um derramar do Espírito de Deus uniu a comunidade.

Cinco anos mais tarde, em 1732, Zinzendorf foi convidado a assistir a coroação do rei Dinamarquês (ele estava ligado à família real na Dinamarca). Enquanto lá, descobriu o produto das missões Dinamarca-Halle: alguns convertidos Esquimós da Groelândia e uma pessoa convertida do Oeste da Índia, um primeiro escravo cujo nome era Anthony. Tais pessoas fizeram um apelo a Zinzendorf: “Você não pode fazer alguma coisa para nos enviar como missionários?”. Seu coração ficou muito quebrantado. Voltou para a comunidade e lançou diante dela o desafio para o envio de reforços missionários para a Groelândia, Índia e outras partes do mundo onde pessoas não conheciam a Cristo. Vinte e seis pessoas imediatamente se ofereceram como voluntárias, e, assim, o Movimento Missionário Moraviano foi lançado. Nos vinte e oito anos seguintes mais do que duzentos missionários Moravianos entraram em mais de doze países para implantação de trabalho missionário em torno do mundo.

O trabalho dos Moravianos foi guiado por um número de características que os distinguiram. Primeiro, eram profundamente dedicados ao Senhor Jesus Cristo. Eram extremamente cristocêntricos. Numa certa ocasião, quando eu ministrava na Nicarágua, os cristãos Moravianos me deram uma placa de madeira com o selo de sua igreja. Traz um Cordeiro triunfante do livro de Apocalipse. Diz assim: “Nosso Cordeiro venceu; vamos segui-lo”. Os Moravianos pregavam Cristo. Zinzendorf aconselhava os missionários que saíam: “Vocês devem ir, direto, ao ponto e falar-lhes a respeito da vida e da morte de Cristo”. Os missionários primitivos tinham o costume de elaborar provas da existência de Deus, como se estivessem dando palestras teológicas. 


Zinzendorf apelou aos missionários para que simplesmente lhes contassem a história de Jesus. Há inúmeros relatos de como aquela história despertou corações dormentes que foram trazidos ao Salvador; segundo, os Moravianos, diferentemente dos pietistas primitivos, não eram altamente educados nem teologicamente treinados. Eram comerciantes. De fato, os dois primeiros missionários que foram enviados eram coveiros por profissão! As próximas duas pessoas que enviaram, um era carpinteiro e o outro, oleiro. Os Moravianos abriram o ministério ao leigo e a ministração às mulheres, antecipando J. Hudson Taylor nessa questão mais de cem anos antes; terceiro, criaram a estratégia missionária de fazedores de tendas (o missionário trabalhar e se auto-sustentar no país). Muitas pessoas pensam que o sistema de fazedores de tendas é coisa recente. Mas o movimento missionário Moraviano se baseava nisso. Além do mais, como pode uma vila de seiscentas pessoas sustentar duzentos missionários? Resposta: Eles trabalhavam para a sobrevivência. Zinzendorf dizia que trabalhar em fazenda e indústria prende muito as pessoas, mas o comércio lhes daria mais flexibilidade. Ele sentia que a prática de trabalho e o ensino que podiam dar nessa área não apenas levantaria o nível econômico do povo para onde eram os missionários enviados, mas também proveria meios de se fazer contato com aquela gente. O livro 'Lucro para o Senhor' relata como os Moravianos usaram o fazer tendas como estratégia para o trabalho missionário em meados de 1700; quarto, os Moravianos foram as pessoas que viviam na periferia da sociedade. 


Devido aos Moravianos terem sido pessoas sofredoras, podiam facilmente se identificar com aqueles que sofriam. Eles iam àqueles que eram rejeitados por outros. Dificilmente qualquer missionário seria mandado para a costa leste de Honduras ou Nicarágua. Essas partes da América Central eram inóspitas. Lá, contudo, estavam os Moravianos. 


Isso era característico da vocação missionária deles; quinto, eles se dirigiam a pessoas receptivas. Devido ao fato de os Moravianos crerem ser o Espírito Santo o “Missionário” primário, aconselhavam seus missionários a “procurarem as primícias. Procurarem aquelas pessoas que o Espírito Santo já havia preparado, e trazer-lhes as boas novas ”; sexto, eles colocavam o crescimento do reino de Cristo acima de uma expansão denominacional. Zinzendorf não pretendia exportar as divisões denominacionais da Europa. Ele se tornou um pioneiro ecumênico (entre cristãos), no melhor sentido do termo, 150 anos antes de qualquer um imaginar tal possibilidade; sétimo, a obra missionária Moraviana era regada de oração. Quando o avivamento espiritual ocorreu em 1727, começaram uma vigília de virada de relógio, vinte e quatro horas por dia, sete dias por semana, trezentos e sessenta e cinco dias por ano. O livro devocional conhecido como Lemas Diários, que ainda tem sido publicado pela Igreja Moraviana, era o devocional mais amplamente usado entre os cristãos europeus. O ministério Moraviano era fortemente regado por oração (tiveram uma vigília de oração que durou um tempo de 100 anos literalmente - nota do tradutor).

Os Moravianos tinham trabalho missionário no Estado da Geórgia devido ao General Oglethorpe ter sido influenciado por Zinzendorf, que fazia parte de um grupo missionário de estudantes que começou em Halle. Quando João Wesley viajou para os Estados Unidos, seu navio enfrentou uma terrível tempestade. Wesley ficou super-abalado. Somente os Moravianos, que se mantinham num senso de paz com Deus, lhe encorajaram no pânico. Foram eles que lhe apresentaram a necessidade de um relacionamento pessoal com Cristo. Retornando para a Inglaterra, após um trabalho frustrado na Geórgia, disse: “fui para converter os índios, mas, quem, ó quem me converterá?” Ele foi para uma reunião num encontro de Aldersgate - um encontro dos Moravianos - durante o qual seu coração, segundo ele, foi “estranhamente aquecido” e assim encontrou segurança para a sua salvação. Foi para Herrnhut a fim de examinar o trabalho Moraviano, e, como resultado, ele padronizou a obra do Metodismo no modelo Moraviano. Assumiu como moto as palavras de Zinzendorf: “o mundo é minha paróquia”.

Os Moravianos também exerceram uma forte influência sobre William Carey, o qual teve grandes dificuldades em gerar sustento para a idéia de uma sociedade de missões. Aqui está um relato de como a fundação da sociedade missionária veio a acontecer. Numa noite, um pequeno grupo de 12 ministros e um leigo se reuniu com William Carey na espaçosa casa da viúva Wallace, conhecida por sua hospitalidade como a Hospedeira do Evangelho. 


Novamente, Carey fez pressão para a ação. Mas, novamente os irmãos oscilaram. Afinal, quem são esses homens? Ministros de Igrejas de pobres-feridos, para sustentar uma missão, tão assediadas de dificuldade, tão cheias de incertezas. No momento crucial, quando todas as esperanças pareciam se esvair, Carey tirou do bolso um livreto intitulado Periódico de Contos das Missões Moravianas. Com lágrimas nos olhos e com voz trêmula, afirmou: “se vocês apenas tivessem lido isto e soubessem como esses homens venceram todos os obstáculos por amor a Cristo, dariam um passo de fé”.

Foi a gota d’água! Os homens concordaram em agir. As atas da reunião registram a decisão deles de formar “A Sociedade Batista Particular para Propagação do Evangelho entre os pagãos”, também conhecida como a Sociedade Batista Missionária. Sua força repousa na motivação provida pelo relato dos missionários Moravianos.Alguém, certa vez, perguntou a um Moraviano o que significa ser um Moraviano. Ele respondeu: “Ser um Moraviano e promover a causa global de Cristo são a mesma coisa”. 


(Artigo: The Moravians and Missions, de Kenneth B. Mulholland - Professor de Missões e Estudos Ministeriais, do Departamento de Missões do Seminário de Colúmbia, Carolina do Sul. Fonte: Bibliotheca Sacra, abril de 1999 - Tradução do Rev. José João de Paula - secretário da APMT).

Revista Alcance - 3.º trim. 2003


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OS MORAVIANOS

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